Chama na Solução 2022
Adolescentes e jovens vão construir soluções coletivas para prevenir violências cotidianas no Rio de Janeiro e em São Paulo

O projeto Chama na Solução começa uma nova etapa nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, fortalecendo adolescentes e jovens moradores de favelas e periferias na busca de soluções para garantia de direitos em suas comunidades. Desta vez, o desafio é construir propostas para prevenir e enfrentar violências cotidianas que afetam sua vida. Realizado pelo UNICEF em parceria com Cedaps (no Rio) e Cieds (em São Paulo), o projeto ocorre no primeiro semestre de 2022.
Em cada cidade, 50 adolescentes e jovens de 14 a 24 anos farão parte de debates, formações e ações que, baseadas em suas vivências, servirão de base para a criação de soluções práticas e aplicáveis no cotidiano. Essa é mais uma edição do projeto que já ocorreu em Manaus, São Paulo e no Rio de Janeiro em anos anteriores.
O processo de formação dos 100 participantes selecionados abordará temas sobre o empoderamento de adolescentes e jovens e construção de projetos, bem como encontros temáticos sobre múltiplas violências que afetam sua vida, como a violência baseada em gênero, violência armada, violência sexual, violência doméstica, violência online, entre outras.
Confira as principais etapas do projeto:
- Inscrição e seleção de adolescentes e jovens;
- Formação online do grupo;
- Construção de soluções coletivas e mentoria das propostas;
- Concretização de cinco soluções selecionadas, com apoio de recurso semente;
- Sistematização e divulgação da experiência.
Conheça as soluções criadas pelos adolescentes e jovens do Chama na Solução Rio
As cinco soluções desenvolvidas coletivamente pelos adolescentes e jovens participantes no Chama na Solução 2022 no Rio de Janeiro receberam apoio técnico da equipe do Cedaps, acompanhamento do UNICEF e mentores; além do custeio de ações para sua realização. Ao todo 50 participantes se dividiram em cinco grupos, discutiram e desenharam as ações.

1. Pesquisa comunitária sobre percepção de violências – Formado por moradores do Complexo da Maré, o grupo Jovens Revolucionários realizou uma pesquisa comunitária, de jovem para jovem, abordando violências e a percepção dos adolescentes e jovens sobre seus impactos e possíveis intervenções para solucioná-las. A pesquisa ainda procurou saber sobre o conhecimento dos canais de acolhimento e denúncia em casos de violência.
“Participar do coletivo Jovens Revolucionários me ajudou na minha conexão com outros jovens, já que a pandemia fez com que ficássemos cada vez mais fechados. Formamos uma frente de trabalho coletivo para construir com cada morador, ajudar cada um nessa jornada, nesse momento difícil.
A construção do coletivo traz esperança. Os dados (sobre o impacto das violências na vida de adolescentes e jovens da Maré) serão fundamentais para levantar uma base e reivindicar, ao poder público, políticas públicas para o nosso território.
Estou feliz pela iniciativa e pela oportunidade gerada pelo UNICEF e o Cedaps. Juntos somando forças para chegar à base dessa sociedade tão desigual na qual vivemos, para movimentar essa estrutura com educação, comunicação, esperança e oportunidade para nossa juventude.”
Jonatan Peixoto, 22 anos, morador da Maré, no Rio de Janeiro, e aluno de ciências sociais da Uerj. Atualmente trabalha com educação especial e ambiental em sua comunidade.

2. Websérie Papo de Cria – Adolescentes e jovens de diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro formaram o grupo Intercâmbio de Cria e produziram o Papo de Cria – websérie que retrata as violências do cotidiano. Com um episódio-piloto sobre violência racial, o grupo vai apresentar a ideia no evento de encerramento do projeto no dia 4 de junho, na Arena Jovelina Pérola Negra.
“Meu sonho é casar e formar uma família linda e abençoada por Deus, terminar a faculdade e, por meio do meu trabalho e empenho, desejo mudar vidas e histórias, assim como o Chama na Solução faz. Não conhecia o projeto, mas agora que faço parte dele, admiro tanto! A cada dia e a cada encontro, descubro histórias novas e diferentes. E, nesse tempo em que estou fazendo parte disso, vi muito respeito com cada um, independente de crença individual, ou da maneira que vive. Vejo o respeito e o amor acima de tudo. A cada dia cresce sobre nós a vontade de mudar o mundo, ou contribuir para que ele seja melhor.”
Gabriella de Assis, 17 anos, moradora da comunidade de Cosmos, no Rio de Janeiro.

3. PodSolução – Adolescentes e jovens moradores do bairro da Pavuna participaram do grupo Entrando com a Solução e apresentam a proposta do podcast: PodSolução – Um podcast para refletir e ampliar o debate/combate à violência doméstica na Pavuna. O grupo vai apresentar a ideia e um episódio-piloto no evento de encerramento do projeto, dia 4 de junho, na Arena Jovelina Pérola Negra.
“Nosso foco é alcançar mulheres, mães e adolescentes da Pavuna, a fim de alertá-las sobre a violência doméstica e onde elas podem achar ONGs de acolhimento que também as ajude a denunciar esse tipo de violência.
Acredito que, com essa ação, mais pessoas se sentirão confiantes e seguras a encontrar apoio e denunciar.”
Mariana Maciel, 20 anos, trabalha como professora e estuda para entrar na faculdade de ciências biológicas.

4. Rodas de conversa com jovens e adolescentes – Adolescentes e jovens do bairro da Pavuna participaram do grupo Ajudando & Apoiando, que propõe a criação de um movimento de rodas de conversa nas escolas de seu bairro para conversar sobre as diferentes violências e os seus impactos na vida e na saúde mental das pessoas. O objetivo é multiplicar a informação para outros adolescentes e jovens da região, por meio de dinâmicas reflexivas e imersões pessoais.
A primeira roda de conversa, uma proposta-piloto, acontecerá no evento de encerramento do projeto dia 4 de junho, na Arena Jovelina Pérola Negra, com a facilitação da psicóloga Adriana Bonneterre.
“Trazer informação, principalmente de forma compreensível, acaba sendo uma ação de afeto, por identificação com o público-alvo, e com o ambiente, por estar inserida nele. Acredito que seja muito importante falar sobre as formas que a violência possui, e como sair delas (tanto como vítima quanto como agente) melhora a convivência em sociedade e consigo mesmo enquanto indivíduo.”
Júlia Alves, 20 anos, estudante de economia na Universidade Rural e de técnico de contabilidade no Senac.

5. Batalha de Slam – Adolescentes e jovens do bairro da Pavuna participaram do grupo Palavra por Palavra e apresentarão uma batalha de slam no evento de encerramento do projeto Chama na Solução, dia 4 de junho, na Arena Jovelina Pérola Negra. Com muita poesia e batalhas de rima, o tema da batalha será o combate a violência verbal velada, que reproduz diferentes tipos de violências.
“Meu grupo escolheu falar sobre a violência verbal. Muita gente passa por esse tipo de violência, e nem percebe que é grave, talvez até por ser algo "cultural" que vem de outras gerações e muitos acabam se acostumando com aquilo.
Eu particularmente sempre me incomodei muito quando acontecia esse tipo de violência comigo, nunca me calei, mas existe muita gente que se cala e acho importante a gente falar sobre isso. Estou me sentindo privilegiada por poder estar ajudando a desenvolver esse projeto, com o objetivo de abrir os olhos e acolher.”
Tainara Santos Rodrigues, moradora da Pavuna.
Conheça as soluções criadas pelos adolescentes e jovens do Chama na Solução São Paulo

1. Evasão Escolar de Meninas – Aborda a questão do abandono escolar entre meninas que, segundo um estudo do Fundo Malala, aumentou de forma drástica no Brasil desde o início da pandemia de covid-19.
Desde que o projeto nasceu, em maio, os adolescentes e jovens já realizaram aulas na escola de uma das integrantes do grupo e concederam uma entrevista à Rede Globo sobre a temática da gravidez, que será publicada nos próximos dias.

2. Juventude Preta – Criado para prevenir e colocar em pauta a falta de políticas públicas em relação ao suicídio de adolescentes e jovens negros. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano de 2016, o risco de suicídio na faixa etária de 10 a 29 anos foi 45% maior entre adolescentes e jovens que se declaram pretos e pardos do que entre brancos.
Além da produção de conteúdo online e da realização de uma roda de conversa na Livraria Cultura sobre prevenção ao suicídio da juventude negra, o projeto está em processo de entrevista e gravação com 15 adolescentes e jovens da periferia para a construção de um documentário.

3. Me Sinto Segura – Com o objetivo de ajudar na redução dos números de abuso e violência sexual na cidade de São Paulo, o Me Sinto Segura se propõe a criar uma rede de troca contínua e saudável entre a equipe, escolas, tutores e adolescentes e jovens.
Nas redes, posts informativos sobre relacionamentos saudáveis e proteção na internet alcançaram 160 mil pessoas em um público majoritariamente feminino.

4. O Estigma de Iara – Abordando a violência de gênero nas redes sociais, o projeto nasceu pela preocupação com a exposição de mulheres quando o assunto, recorrente na mídia, era tratado como meme ou fake news. Nas redes, a iniciativa se propõe a criar conteúdo com fontes confiáveis e linguagem jovem, garantindo informação simples, direta e verdadeira.
Além do movimento virtual, foram mais de 500 adolescentes e jovens atingidos por meio de panfletagem na Avenida Paulista durante uma ação no mês de maio.

5. Projeto Aliança – Trabalha a violência de gênero com foco em mulheres, utilizando-se das vivências das participantes para abrir um espaço de troca sobre o tema na internet.
Além dos conteúdos no Instagram, o projeto já realizou três aulas online: a primeira, “o que é violência de gênero”; a segunda, “quais são os tipos de violência?”; e a terceira, “Lutas das mulheres e feminismo”.
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Sobre o Cedaps
Cedaps promove a plena participação de comunidades populares nos processos de desenvolvimento e o aprimoramento de políticas públicas que atuam nesses territórios, contribuindo para a promoção da saúde, a garantia de direitos e a equidade.
Sobre o Cieds
Há 23 anos, o Cieds promove um Brasil melhor para todos por meio de projetos, programas e ações que geram mais renda, mais saúde, melhor educação, maior confiança no futuro e, acima de tudo, prosperidade. Faz tudo isso construindo redes de parceiros estratégicos comprometidos com o desenvolvimento sustentável de nosso país.
Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em mais de 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.