Adolescentes e jovens criam soluções para enfrentar situações de violências cotidianas vividas no Rio de Janeiro
Com participantes da Maré e Pavuna, as soluções foram construídas no projeto Chama na Solução, realizado pelo UNICEF em parceria técnica com o Cedaps, e serão apresentadas em evento no próximo dia 4 de junho
Rio de Janeiro, 31 de maio de 2022 – Entre março e maio deste ano, o projeto ‘Chama na Solução 2022’ reuniu 50 jovens moradores de comunidades do Rio de Janeiro, organizados em grupos, em sua maioria, da Maré e Pavuna, com o objetivo de criar soluções para prevenir e enfrentar violências cotidianas que afetam sua vida e o seu território. Realizado pelo UNICEF em parceria com a ONG Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), o ‘Chama na Solução’ finaliza agora com cinco propostas de ação desenvolvidas pelos jovens: pesquisa comunitária, podcast, websérie, roda de conversa e batalha de slam – apresentadas no sábado 4 de junho, a partir das 13h30, na Arena Cultural Jovelina Pérola Negra (Praça Ênio, s/nº – Pavuna).
A temática da violência é central para as juventudes, especificamente em territórios vulneráveis. Além disso, nos últimos dois anos, por conta da pandemia, a percepção desse grupo sobre violência se alterou. “Os jovens ficaram mais reclusos – o que não significa que estiveram menos expostos à violência”, explica Hugo Sabino, assistente de projetos no Cedaps.
“Adolescentes e jovens vivenciam múltiplas violências que afetam duramente seu cotidiano nas periferias e favelas do Rio e precisam participar da construção de soluções para a prevenção e o enfrentamento dessas violações. O projeto nos confirmou que eles querem informações sobre os diferentes tipos de violência, de como prevenir novos casos e como acessar canais de denúncia e ajuda, quando necessário”, completa Joana Fontoura, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF no Rio de Janeiro.
De acordo com Juliano Pereira, assessor pedagógico no Cedaps, “o tempo de pandemia permitiu que os jovens olhassem para o seu território de forma mais qualificada – mais para dentro de suas casas e para a forma como vivem. Com isso, os jovens começaram a perceber comportamentos de violência que estavam ali, no seu cotidiano, muitas vezes naturalizados, como, por exemplo, a falta de saneamento básico ou mesmo a saúde mental do jovem periférico”. Ele explica que essa conclusão é parte de uma pesquisa comunitária realizada no segundo semestre de 2021 com mais de 400 adolescentes e jovens moradores de comunidades do Rio, que fazem parte da Rede Jovens Construtores.
Construção de soluções – A metodologia do projeto ‘Chama na Solução’ parte da proposta de construção compartilhada de conhecimento. Nesse sentido, em cada encontro realizado os jovens traziam demandas e ideias para o enfrentamento das violências nos seus territórios, considerando suas percepções e vivências – isso inclui também a violência racial e policial ou a violência contra pessoas LGBTQIA+
As cinco soluções desenvolvidas no ‘Chama na Solução’ receberam um apoio técnico da equipe do Cedaps, acompanhamento do UNICEF e mentores; além do custeio de todas as ações para sua realização.
Moradora da Pavuna e estudante do curso de economia na Universidade Rural e de técnico em contabilidade no Senac, Júlia Alves Carlos, de 20 anos, fala da oportunidade de participar do projeto: “Fico feliz, principalmente por ser destinado a uma área pouco vista e carente de ações públicas, ainda mais num assunto tão forte quanto o que está sendo tratado. Acredito que seja muito importante falar sobre as formas que a violência possui e como sair delas (tanto como vítima quanto como agente) melhora a convivência em sociedade e consigo mesmo enquanto indivíduo”.
Jonatan Peixoto, de 22 anos, é morador da Maré e aluno de ciências sociais da Uerj, e foi outro dos participantes do ‘Chama na Solução’. “Participar do projeto, por meio do coletivo Jovens Revolucionários, me ajudou bastante na minha conexão com outros jovens, já que a pandemia fez com que ficássemos cada vez mais fechados. Formamos uma frente de trabalho coletivo para construir com cada morador, ajudar cada um nessa jornada, nesse momento difícil. A construção desse coletivo traz esperança. Os dados sobre o impacto das violências na vida de adolescentes e jovens da Maré serão fundamentais para levantar uma base e reivindicar ao poder público políticas públicas para o nosso território”, explica.
Já Tainara Santos Rodrigues, de 21 anos, moradora da Pavuna, comenta: “Muitos jovens são capazes de elaborar, criar e botar em prática coisas incríveis, por isso, esse tipo de ação é necessária e importante. Meu grupo é o Palavra Por Palavra que vai trabalhar sobre violência verbal. Muitas pessoas passam por esse tipo de violência e não percebem como é grave, talvez até por ser algo ‘cultural’ que vem de outras gerações e muitos acabam se acostumando com essa situação”.
Conheça as soluções desenvolvidas pelos jovens:
Jovens Revolucionários: moradores do Complexo da Maré realizaram uma pesquisa comunitária, de jovem para jovem, abordando sobre violências e a percepção dos adolescentes e jovens sobre seus impactos e possíveis intervenções para solucioná-las. A pesquisa ainda procura saber sobre o conhecimento dos canais de acolhimento e denúncia em casos de violência.
Intercâmbio de Cria: adolescentes e jovens de diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro apresentam a proposta de uma websérie sobre violências presentes em seus cotidianos. Com um episódio-piloto sobre violência racial, o grupo apresentará a ideia no evento de encerramento do projeto.
Entrando com a Solução: adolescentes e jovens moradores do bairro da Pavuna apresentam a proposta de um podcast para refletir e ampliar o debate/combate à violência doméstica em seu território. O grupo apresentará a ideia e um episódio-piloto no evento de encerramento do projeto.
Ajudando & Apoiando: adolescentes e jovens do bairro da Pavuna propõem a criação de um movimento de rodas de conversa nas escolas de seu bairro para falar sobre as diferentes violências e os seus impactos na vida e na saúde mental das pessoas. O objetivo é multiplicar a informação para outros adolescentes e jovens da região, por meio de dinâmicas reflexivas e imersões pessoais. A primeira roda de conversa, uma proposta-piloto, acontecerá no evento de encerramento do projeto, com a facilitação da psicóloga Adriana Bonneterre.
Palavra por Palavra: adolescentes e jovens do bairro da Pavuna apresentarão uma batalha de slam no evento de encerramento do projeto. Com muita poesia e batalhas de rima, o tema da batalha será o combate a violência verbal velada, que reproduz diferentes tipos de violências.
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