UNICEF amplia sua resposta à covid-19 no Brasil
Conjunto de iniciativas tem como objetivo mitigar os impactos da pandemia na vida de crianças, adolescentes e suas famílias

Atualizado em 24 de setembro de 2020
Desde março de 2020, o UNICEF vem trabalhando intensamente para mitigar os impactos da pandemia de covid-19 na vida de crianças e adolescentes no Brasil. Eles são as vítimas ocultas da pandemia, sofrendo gravemente as consequências dela.
A resposta do UNICEF à covid-19 foi desenhada para contribuir com a prevenção, a detecção precoce e o controle do novo coronavírus no País; e reduzir os impactos da epidemia na vida de meninas e meninos, no curto, médio e longo prazos.
Ao longo desses seis primeiros meses, o UNICEF analisou dados socioeconômicos e epidemiológicos para definir áreas prioritárias de atuação, chamadas de hotspots. São territórios especialmente vulneráveis aos efeitos duradouros da pandemia, como evasão escolar e aumento da pobreza e da violência contra crianças e adolescentes. Foram escolhidos 150 municípios da Amazônia e do Semiárido e 55 bairros de grandes cidades para uma atuação direta do UNICEF e de seus parceiros.
Além dos hotspots, o UNICEF vai manter e fortalecer seus programas e o trabalho que realiza nos 1,9 mil municípios que participam do Selo UNICEF e nas 10 capitais participantes da Plataforma dos Centros Urbanos, adaptados ao contexto da pandemia. No Norte do País, o UNICEF seguirá trabalhando, também, para garantir os direitos de crianças e adolescentes migrantes e refugiados venezuelanos.
A seguir, entenda os impactos da pandemia na vida de meninas e meninos no Brasil, conheça os resultados alcançados pelo UNICEF até agora e quais são os planos e metas para os próximos meses.
Crianças e adolescentes, as vítimas ocultas da pandemia

Crianças e adolescentes são as vítimas ocultas desta pandemia. Por isso, o UNICEF uniu esforços com seus parceiros para protegê-los de forma integral.
O Ministério da Saúde do Brasil registrou o primeiro caso de coronavírus no País em 26 de fevereiro de 2020. Em setembro de 2020, o Brasil se vê diante de um cenário preocupante: ainda há uma média de quase 800 mortes pela covid-19 por dia, com a interiorização da pandemia no País, junto com o agravamento da crise econômica, das desigualdades sociais e da pobreza.
Neste momento, todos sofrem as consequências da pandemia. Mas elas são ainda mais graves quando se fala em crianças e adolescentes, em especial os mais vulneráveis. São eles que sofrem, de forma mais profunda, os impactos da crise provocada pelo coronavírus no curto, médio e longo prazos.
A pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, realizada pelo Ibope para o UNICEF em julho 2020 em todo o País, mostra que os brasileiros que vivem com pessoas menores de 18 anos em casa foram a maioria entre aqueles que tiveram redução de rendimentos, ficaram sujeitos à insegurança alimentar e, inclusive, à fome, entre outros desafios.
De acordo com a pesquisa do Ibope, 63% das famílias com crianças experimentaram uma redução dos seus rendimentos, e 52% pediram o auxílio emergencial oferecido pelo Governo. Uma em cada três famílias com crianças e adolescentes (31%) passou a consumir mais alimentos industrializados comparado com 18% das famílias que não residem com crianças e adolescentes. E mais de um em cada quatro brasileiros que reside com crianças e adolescentes (27%) passou por algum momento em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para comprar mais.
O fechamento das escolas e o baixo acesso de muitos à internet impactam a educação e agravam as desigualdades de aprendizagem no País. Segundo a pesquisa, 9% das crianças e dos adolescentes que estavam na escola antes da pandemia não conseguiram continuar as atividades em casa – ficando excluídos da escola.
O acesso a serviços básicos de saúde durante a pandemia se torna mais difícil, trazendo riscos à saúde de gestantes, crianças e adolescentes vulneráveis.
O longo tempo de isolamento social impacta a saúde mental de meninas e meninos e traz consequências. Durante a pandemia, maus-tratos, violência doméstica ou sexual, abuso, exploração e trabalho infantil se agravam.
Junto com tudo isso, a pobreza se agravou no País, afetando crianças e adolescentes, que são maioria nas camadas mais pobres da população. Todos esses fatores fazem com que crianças e adolescentes sejam as vítimas ocultas dessa pandemia. É fundamental priorizar a infância e a adolescência nas respostas à pandemia e agir agora para salvar vidas e garantir os direitos de cada menina e menino, sem exceção.
Resposta do UNICEF à Covid-19

O que alcançamos até agora
Logo no início da pandemia, foi mobilizada uma grande rede, unindo parceiros do setor privado, organizações locais da sociedade civil e do governo para fazer chegar doações às famílias que mais precisam. Itens essenciais de higiene e limpeza, além de máscaras, cestas básicas e outros produtos, começaram a ser distribuídos imediatamente nas periferias de 11 capitais: Belém, Boa Vista, Fortaleza, Maceió, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória. Até o final de agosto, 1.883.409 pessoas já haviam recebido doações de produtos de higiene, limpeza e cestas básicas.
Além de prover itens essenciais de higiene e limpeza, era fundamental informar a população sobre a pandemia. Junto com as doações, o UNICEF enviou folhetos e cartilhas para orientar crianças, adolescentes e famílias sobre seus direitos e sobre como se proteger do novo coronavírus.
Em paralelo, o UNICEF passou a utilizar a força de suas redes sociais, a mobilização de imprensa e a comunicação comunitária para enfrentar as fakenews e levar informações confiáveis à população. Até final de agosto, as mensagens de comunicação haviam impactado um total 236 milhões de pessoas (sabendo que a mesma pessoa pode ser impactada mais de uma vez) via redes sociais, mídia online e imprensa e comunicação direta. O UNICEF levou informação diretamente a 20 mil migrantes e refugiados venezuelanos.
Ao mesmo tempo, o UNICEF passou a trabalhar para garantir o direito à educação de meninas e meninos enquanto as escolas estavam fechadas. Entre as ações, foi criado o Deixa que Eu Conto, para levar histórias, brincadeiras e atividades a crianças e famílias, via rádio e internet. Os conteúdos são diários e voltados a crianças que estão em idade de frequentar a pré-escola e em processo de alfabetização (anos iniciais do ensino fundamental). Até o final de agosto, os conteúdos em áudios do Deixa que Eu Conto haviam chegado a 3.348.788 crianças e seus familiares.
A resposta do UNICEF incluiu, também, o foco políticas públicas. O UNICEF – que já estava presente em 1,9 mil municípios da Amazônia e do Semiárido e em 10 capitais – adaptou seu trabalho à crise, com o objetivo de garantir a continuidade dos serviços – saúde, educação, assistência social e proteção contra a violência. Entre outras ações, foram desenvolvidos guias e realizadas formações online em diversas áreas. Em maio, 3,2 mil profissionais ligados à gestão pública de 1.102 municípios já haviam participado do 6º Ciclo de Capacitação do Selo UNICEF, via internet, com foco na resposta à pandemia de covid-19.
O UNICEF investiu, também, em apoiar a saúde mental de crianças adolescentes e engajá-los em ações durante a pandemia. Até agosto, 509.155 crianças, adolescentes, mães, pais, cuidadoras e cuidadores haviam recebido mensagens e apoio para saúde mental e apoio psicossocial.
Por fim, o UNICEF manteve e ampliou sua resposta emergencial ao coronavírus no contexto da crise migratória venezuelana. Junto com a Operação Acolhida do Governo Federal, outras agências das Nações Unidas e parceiros, foram organizadas medidas imediatas de prevenção, saúde, educação, com foco em crianças e adolescentes migrantes, em Roraima, no Pará e no Amazonas.
Ao longo dos meses, o UNICEF investiu, também, em monitorar a situação da pandemia e o impacto social dela, com foco em produzir evidências para orientar seu trabalho, e apoiar políticas e ações.
Logo nos primeiros meses da pandemia de covid-19, o UNICEF fez com que a ajuda chegasse a quem mais precisava, em diversas regiões do Brasil
O que queremos alcançar
Neste segundo momento da resposta à covid-19, o UNICEF vai focar seus esforços em:
- Reduzir a transmissão da doença, em especial nos locais em que a pandemia está mais difícil;
- Assegurar a adaptação, a segurança e a continuidade dos serviços de saúde, educação, proteção e assistência social.
O trabalho passa a ser dividido em duas esferas. As iniciativas em nível nacional, estadual e municipal que já existem serão mantidas e fortalecidas. Ao mesmo tempo, o UNICEF elencou 150 municípios e 55 comunidades urbanas (hotspots) que passam a ser apoiados diretamente. São regiões em que a transmissão da covid-19 ainda está alta e os problemas sociais e econômicos afetam mais fortemente a vida de meninas e meninos (Confira no box abaixo)
Outra inovação desta segunda fase de resposta à covid-19 é a inclusão do tema de água, saneamento e higiene (WASH, na sigla em inglês) nas prioridades do UNICEF no Brasil – tema essencial para prevenir a transmissão do novo coronavírus e cuidar da saúde de crianças, adolescentes e famílias.
Em julho, junto com o Banco Mundial e o Instituto de Água de Estocolmo (SIWI), o UNICEF lançou uma análise da situação de água, saneamento e higiene no Brasil. Segundo o estudo, 40 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada e segura, e mais de 100 milhões de pessoas não possuem acesso a uma rede segura de coleta e tratamento de esgoto.
Para enfrentar esses desafios e efetivar direitos, o UNICEF passa a incluir o tema de WASH, de forma transversal, nas iniciativas que realiza em diversas áreas.
A abordagem tem como base a metodologia SAFE (sigla em inglês), focada na garantia de ambientes seguros para crianças, adolescentes e famílias – incluindo, entre outros, escolas, centros de saúde, Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas). Veja o infográfico abaixo:

Áreas prioritárias: “hotspots” Para fortalecer a sua resposta nas áreas mais vulneráveis, o UNICEF analisou a situação nos municípios que participam do Selo UNICEF, na Amazônia e no Semiárido brasileiro, e também nas 10 capitais em que implementa a Plataforma de Centros Urbanos (PCU). Usando critérios como a taxa de pobreza, a proporção da população morando em favelas e o número de escolas sem acesso a água de forma segura, o UNICEF identificou 150 municípios e 55 comunidades urbanas (hotspots) que serão apoiados de forma prioritária. Nesses lugares, o UNICEF vai trabalhar com as comunidades e com parceiros locais da sociedade civil para desenvolver mensagens de prevenção à Covid-19 adaptadas às necessidades concretas das pessoas. Vai, também, providenciar itens de higiene e outros itens de proteção para apoiar a reabertura segura das escolas, e o funcionamento seguro de serviços básicos de saúde e assistência social (Cras e Creas). O UNICEF também vai apoiar famílias vulneráveis diretamente, com doações. |
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Neste segundo momento, o UNICEF amplia suas ações, com foco em mitigar os impactos da crise provocada pela covid-19 na vida de meninas e meninos

Principais iniciativas por área
Falando, especificamente, das áreas programáticas, o UNICEF está trabalhando em diversas frentes.
Na área de Educação, há dois focos: investir para que as escolas possam reabrir em segurança; e garantir que crianças e adolescentes continuem aprendendo mesmo enquanto as escolas estão fechadas.
Entre outras ações, o UNICEF e parceiros estão apoiando gestores de educação no desenvolvimento de protocolos para a reabertura segura das escolas, com foco na garantia de estruturas de água, saneamento e higiene – além de materiais de comunicação para escolas.
Está sendo implementada, também, a Busca Ativa Escolar em Crises e Emergências, para ajudar os municípios a identificar meninas e meninos que não conseguiram se manter aprendendo na pandemia, e tomar as medidas necessárias para garantir o direito de aprender.
Na área de Saúde, além das intervenções voltadas ao controle da pandemia, o UNICEF foca no cuidado com mulheres e crianças, em especial as mais vulneráveis. Entre as ações, há esforços para fortalecer os centros de saúde que fornecem serviços de saúde materna, infantil e de adolescentes. Há, também, treinamentos para profissionais de saúde com foco em nutrição, e formação de profissionais de saúde e agentes comunitários para prevenção e controle de infecções.
Na área de Proteção à Criança e ao Adolescente, o UNICEF direciona seus esforços para enfrentar a violência contra meninas e meninos. Entre as ações, estão o investimento para que crianças, mães, pais, cuidadoras e cuidadores tenham acesso a saúde mental e apoio psicossocial; a divulgação de canais seguros para denunciar violência de gênero, exploração e abuso sexual; e o apoio para que crianças em situação de risco sejam encaminhadas para serviços de saúde, assistência social e justiça.
Para os adolescentes, o UNICEF mantém e amplia os investimentos nas ações voltadas à saúde mental de meninas e meninos, e ao direito deles à participação, ao trabalho e à aprendizagem protegidos, entre outros temas. O UNICEF passa a contar com um Conselho Consultivo Adolescente e Jovem, com 24 conselheiros.
Na área de Proteção Social, o UNICEF vai prover apoio técnico ao governo para melhorias no programa de transferência de renda, focadas nos direitos de crianças e adolescentes. O UNICEF vem investindo, também, em estudos, pesquisas, monitoramento de indicadores e levantamento de evidências sobre os diferentes aspectos que impactam a vida de meninas e meninos durante a pandemia. Esses materiais são essenciais para apoiar a formulação de políticas públicas e a organização do trabalho do UNICEF de forma cada vez mais efetiva.
Já a resposta do UNICEF à crise migratória venezuelana – voltada aos 50 mil migrantes e refugiados daquele país vivendo nos estados de Roraima, Amazonas e Pará –, o UNICEF amplia seu foco de atuação, alcançando as comunidades indígenas e migrantes vivendo fora dos abrigos oficiais da Operação Acolhida, liderada pelo Governo Brasileiro. Além de fortalecer os serviços existentes nas cinco áreas da resposta humanitária (proteção; educação; nutrição e saúde; comunicação para o desenvolvimento; e em água, saneamento e higiene), o UNICEF priorizará uma transição desses serviços para ações de desenvolvimento, fortalecendo iniciativas locais e apoiando políticas públicas.
Para viabilizar todas essas ações, o UNICEF conta, ainda, com diferentes estratégias de comunicação. Além de levar mensagens e informações à população via imprensa e redes sociais, o UNICEF passa a investir no diálogo com públicos específicos, via rádio, associações comunitárias, entre outros canais – sempre com mecanismos de troca e feedback. As ações se baseiam em estratégias de Comunicação para o Desenvolvimento, utilizadas mundialmente pelo UNICEF.
O UNICEF trabalha para que crianças e adolescentes tenham cada um de seus direitos efetivados