A cada ano, mais de 20 milhões de crianças em todo o mundo não recebem a vacina contra o sarampo
UNICEF lança campanha #VacinasFuncionam para inspirar apoio à vacinação

Nova Iorque, 25 de abril de 2019 – Estima-se que 169 milhões de crianças não receberam a primeira dose de vacina contra o sarampo entre 2010 e 2017, ou uma média de 21,1 milhões de crianças por ano, disse hoje o UNICEF.
O aumento dos bolsões de crianças não vacinadas criou um caminho para os surtos de sarampo que estão atingindo vários países ao redor do mundo hoje. No Brasil, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações, foram pouco mais de 940 mil crianças que não receberam a primeira dose da tríplice viral entre 2010 e 2017, para a prevenção do sarampo, caxumba e rubéola. Com isso, em 2018, o Brasil viveu um surto de sarampo, com 10.326 casos confirmados.
"O terreno para os surtos globais de sarampo que estamos testemunhando hoje foi estabelecido anos atrás", disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. "O vírus do sarampo sempre encontrará crianças não vacinadas. Se levamos a sério a prevenção da disseminação dessa doença perigosa, mas evitável, precisamos vacinar todas as crianças, tanto em países ricos quanto em países pobres".
Nos primeiros três meses de 2019, mais de 110 mil casos de sarampo foram registrados em todo o mundo – um aumento de quase 300% em relação ao mesmo período do ano passado. Estima-se que 110 mil pessoas, a maioria crianças, morreram de sarampo em 2017, um aumento de 22% em relação ao ano anterior.
Duas doses da vacina contra o sarampo são essenciais para proteger as crianças da doença. No entanto, devido à falta de acesso, a sistemas de saúde precários, à complacência e, em alguns casos, ao medo ou ceticismo em relação às vacinas, a cobertura global da primeira dose da vacina contra o sarampo foi de 85% em 2017, número que se manteve relativamente constante na última década, apesar do crescimento populacional. A cobertura global para a segunda dose é muito menor, com 67%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a meta mínima de 95% de cobertura de imunização para alcançar a imunidade coletiva ou o "efeito rebanho".
Ranking dos dez países de renda alta onde as crianças não receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo entre 2010 e 2017 |
1. Estados Unidos: 2.593.000 |
2. França: 608.000 |
3. Reino Unido: 527.000 |
4. Argentina: 438.000 |
5. Itália: 435.000 |
6. Japão: 374.000 |
7. Canadá: 287.000 |
8. Alemanha: 168.000 |
9. Austrália: 138.000 |
10. Chile: 136.000 |
Em países de alta renda, enquanto a cobertura da primeira dose é de 94%, a cobertura para a segunda dose cai para 91%, de acordo com os dados mais recentes.
Os Estados Unidos encabeçam a lista de países de alta renda com o maior número de crianças que não receberam a primeira dose da vacina entre 2010 e 2017: mais de 2,5 milhões. O país é seguido pela França e pelo Reino Unido, com mais de 600 mil e 500 mil crianças não vacinadas, respectivamente, durante o mesmo período.
Em países de renda baixa e média, a situação é crítica. Em 2017, por exemplo, a Nigéria teve o maior número de crianças com menos de 1 ano de idade que não receberam a primeira dose da vacina: quase 4 milhões. Seguida pela Índia (2,9 milhões), o Paquistão e a Indonésia (1,2 milhão cada) e a Etiópia (1,1 milhão).
Os níveis mundiais de cobertura da segunda dose das vacinas contra o sarampo são ainda mais alarmantes. Dos 20 primeiros países com o maior número de crianças não vacinadas em 2017, nove não introduziram a segunda dose. Vinte países da África ao sul do Saara não introduziram a segunda dose necessária no calendário nacional de vacinação, colocando mais de 17 milhões de crianças por ano em alto risco de contrair sarampo na infância.
O UNICEF, com parceiros como a Iniciativa contra o Sarampo e a Rubéola e a Gavi, a Aliança de Vacinas, está ajudando a resolver essa crise do sarampo:
- Negociando preços de vacinas: o custo da vacina contra o sarampo está agora no nível mais baixo de todos os tempos;
- Ajudando os países a identificar áreas carentes e crianças não alcançadas;
- Comprando vacinas e outros suprimentos de imunização;
- Apoiando campanhas suplementares de vacinação para suprir as lacunas na cobertura de imunização de rotina;
- Trabalhando com os países relevantes para introduzir a segunda dose da vacina contra o sarampo no calendário nacional de vacinação. Camarões, Libéria e Nigéria estão a caminho de fazê-lo em 2019.
- Introduzindo inovações como o uso de energia solar e tecnologias móveis para manter as vacinas na temperatura certa.
"O sarampo é muito contagioso", disse Fore. "É fundamental não apenas aumentar a cobertura, mas também manter as taxas de vacinação nas doses certas para criar um guarda-chuva de imunidade para todos".
#Vacinasfuncionam – No dia 24 de abril, o UNICEF lançou uma campanha global para enfatizar o poder e a segurança das vacinas entre os pais e, mais amplamente, entre os usuários das redes sociais. A campanha será realizada durante a Semana Mundial de Imunização, de 24 a 30 de abril, para divulgar a mensagem de que comunidades juntas, incluindo os pais, podem proteger todos por meio de vacinas.
A Fundação Bill & Melinda Gates contribuirá com US$ 1 para o UNICEF a cada curtida ou compartilhamento de postagens em mídias sociais usando a hashtag #VaccinesWork, durante o mês de abril, até o teto de US$ 1 milhão, para garantir que todas as crianças recebam as vacinas necessárias.
A atriz e apresentadora de TV brasileira Maísa Silva também se juntou ao UNICEF e vai usar suas redes para compartilhar os materiais da campanha. "Eu aceitei o convite para participar desta campanha porque sei a importância das vacinas para a saúde das crianças. É uma forma de proteger as crianças contra vários perigos que já conhecemos. Saúde é um assunto muito sério e não podemos nos esquecer de que as vacinas funcionam e são necessárias", disse Maísa, que é a adolescente com o maior número de seguidores no Instagram em todo o mundo.
A peça central da campanha do UNICEF é um desenho animado de 60 segundos, "Perigos", que é baseado na percepção de que crianças, por sua natureza, são pouco temerárias e estão constantemente se colocando em perigo. Disponível em diversas línguas, incluindo português, o vídeo explica que, embora não possam evitar todos os perigos que os próprios filhos procuram, os pais podem usar a vacinação para ajudar a evitar que os perigos encontrem suas crianças.
O vídeo em português também pode ser acessado em https://youtu.be/93Py9OFdIEQ
As vacinas poupam até 3 milhões de vidas por ano, protegendo as crianças de doenças potencialmente letais e altamente infecciosas, como sarampo, pneumonia, cólera e difteria. Graças às vacinas, menos pessoas morreram de sarampo entre 2000 e 2017 e a pólio está prestes a ser erradicada do mundo. As vacinas são uma das melhores ferramentas de saúde em termos de custo-benefício já inventadas – cada US$ 1 gasto em imunização infantil retorna até US$ 44 em benefícios.
Apesar dos benefícios das vacinas, estima-se que 1,5 milhão de crianças morreram de doenças que poderiam ter sido prevenidas por vacinação em 2017. Embora isso seja devido, em alguns países, à falta de acesso a vacinas, famílias estão adiando a imunização ou se recusando a vacinar seus filhos por complacência ou ceticismo em relação às vacinas. Isso resultou em vários surtos, incluindo um surto alarmante de sarampo, especialmente em países de renda mais alta. A incerteza sobre as vacinas em plataformas de mídias digitais e sociais é um dos fatores que impulsionam essa tendência.
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Notas para editores
Download de fotos e vídeos aqui.
Sobre a análise
A análise é baseada na estimativa do UNICEF e da OMS da cobertura nacional de vacinação de 194 países para 2017. Dados provisórios do sarampo e da rubéola são baseados em dados mensais reportados à OMS em Genebra em abril de 2019. Para países de alta renda, siga a classificação do Banco Mundial do país por renda em julho de 2018.
Sobre a Semana Mundial de Imunização
Celebrada na última semana de abril, a Semana Mundial de Imunização visa promover o uso de vacinas para proteger pessoas de todas as idades contra doenças. Para mais detalhes sobre os esforços do UNICEF para esta Semana, clique aqui.
Sobre a Iniciativa contra o Sarampo e a Rubéola
O UNICEF faz parte da Iniciativa contra o Sarampo e a Rubéola, uma parceria público-privada que inclui a OMS, o CDC, a Fundação das Nações Unidas e a Cruz Vermelha Americana e que lidera um esforço global para a eliminação e controle do sarampo e da rubéola.
O UNICEF e seus parceiros apoiam programas de imunização em mais de 100 países.
Em 2018, o UNICEF atingiu quase metade das crianças do mundo com vacinas que salvam vidas.
Você também pode ajudar a realizar o direito das crianças à sobrevivência e à boa saúde.
Contatos para a imprensa
Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.
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