“Queremos que os jovens das periferias se apropriem dos caminhos para chegar à universidade”
Heberly Lima tem 21 anos e é líder do projeto Vaga da Resistência, que ajuda os jovens das periferias de São Paulo a chegar à universidade. Ela quer propagar para outros jovens a oportunidade que ela teve: estudar numa faculdade privada como bolsista

“O projeto Vaga da Resistência começou a partir de uma dificuldade que eu e minhas amigas tivemos para encontrar informações de forma clara sobre os programas governamentais de acesso às universidades, que facilitam a entrada de jovens por meio de bolsas de estudos e notas em avaliações. Por isso, tendo em vista principalmente jovens estudantes de escolas públicas, que na maioria das vezes não conhecem esses processos, pensamos na importância de levar até eles a possibilidade de ingressar em universidades, e dizer que eles têm esse direito. Antigamente as pessoas não tinham essa possibilidade, eles viam na família o padrão de estudar e trabalhar, ou mesmo sem terminar o estudo, por questão de condição financeira. Então saber que o governo tem esses programas e que eles podem ingressar e, de alguma forma, mudar todo o funcionamento da família e mudar a perspectiva.
Pensando nesse público prioritário, elencamos as periferias, aonde é mais difícil que as informações cheguem. Um impeditivo é o acesso à internet, por isso, também pensamos em fazer cartilhas – além de um site – com informações sobre os programas que facilitam o acesso à universidades e cursos preparatórios para o ingresso nas mesmas, numa linguagem jovem, diversificada e com vídeos animados.
Além disso, queremos atuar do centro da cidade para fora, assim conseguiríamos atingir diversos profissionais de educação para que eles disseminassem em outros ambientes de trabalho, aonde normalmente esse tipo de informação não chega. Os professores, por exemplo, poderiam ser nossos mediadores no processo. A ideia central do projeto é facilitar o recebimento dessas informações, porque hoje em dia um jovem pode não saber muito bem como ingressar numa faculdade. Quando ele procura saber algo a respeito, a informação é pesada e difícil, e ele acaba desistindo de estudar. Nós queremos de fato conscientizar a sociedade sobre esse caminho, para que os jovens das periferias se apropriem disso.

Muito do que foi discutido no Chama na Solução* foi que o jovem acaba não se apropriando de uma informação por achar previamente que aquilo não lhe pertence, mas na realidade temos o poder de influenciar e fazer diferente. Nós viemos de uma geração que está sempre em transformação, em mudança, às vezes, muito rápida
Os jovens têm vitalidade em acreditar que conseguem e têm potencial. Nós queremos que eles entendam essas possibilidades, que façam um novo caminho e tenham um novo trilho por ondem possam seguir”.
* Chama na Solução é uma iniciativa do UNICEF Brasil, que apoia mudanças positivas que possam potencialmente impactar a vida de todas as crianças e todos os adolescentes do País. Ela faz parte do Youth Challenge, iniciativa global que apoiará projetos de jovens de 16 países.