“Se um jovem encontra o que ele gosta de fazer, isso dá a ele uma vida com sentido”

Anderson Alves tem 21 anos e muita bagagem para ensinar outros jovens sobre o poder de transformação do audiovisual. O projeto Produção Preta visa formar adolescentes para que retratem suas realidades por meio do cinema.

UNICEF Brasil
foto mostra o rosto do jovem Anderson olhando para a câmera
UNICEF/BRZ/Fernando Martinho
18 janeiro 2019

“Eu participei do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, uma ONG de São Paulo que fomenta projetos de produção audiovisual com jovens e adolescentes. A experiência da arte do cinema fez muita diferença para mim e eu queria transmitir isso para outras pessoas também. Com o coletivo Produção Preta, que já existia antes do desafio Chama na Solução*, temos o objetivo de facilitar o acesso da população negra, periférica e LGBT ao treinamento profissional na área de audiovisual, além de apresentar outros artistas desse cenário que não são vistos. Por isso, esse projeto é para fomentar o empoderamento desses jovens, fazer com que entendam que têm voz e capacidade. Queremos promover um exercício na sociedade de entender o próximo, ser empático e compreender a realidade do outro.

Ainda no Instituto, estive uma vez num festival, com diversas universidades particulares, e nosso filme foi o mais aplaudido da noite, porque tinha outra visão de mundo, conteúdo periférico, que as pessoas não estão acostumadas a ver. Eu mesmo passei a enxergar o mundo com outros olhos quando convivi com novas pessoas. Às vezes, você não pensa de uma determinada maneira e, quando a outra pessoa compartilha o pensamento dela, ela pode abrir uma visão de mundo para você.

Dois jovens em pé fazem uma apresentação para pessoas que estão de costas para a câmera. Ao lado há uma moça sentada.
UNICEF/BRZ/Fernando Martinho

Quando eu percebi que tinha acesso a novos espaços, equipamentos, eu tive muita vontade de emprestar para os meus amigos. E, agora, dividir com eles a possibilidade de fazer o seu audiovisual é gratificante. O que mais me motiva é a oportunidade de levar para os jovens que não têm acesso, por falta de informação, representatividade nesses espaços, o conhecimento que eu tive. Quando falamos do cinema, estamos falando das raízes dos problemas sociais e de quem vive essa realidade. Se um jovem encontra o que ele gosta de fazer, isso dá a ele uma vida com sentido.

Eu acredito na linguagem do audiovisual, Como artista, eu sei como é difícil acreditar na minha própria arte, e o audiovisual tem esse poder. Com ele, você consegue disseminar sua ideia de uma forma grandiosa. Ele é importante para entendermos outras visões, termos outras experiências e dar voz para quem é silenciado sempre.

cinco jovens fazem uma selfie. eles estão sorrindo.
UNICEF/BRZ/Fernando Martinho

O audiovisual caiu na minha vida como uma mágica, para eu acordar para o mundo e despertar para a ajudar outros jovens a construir um futuro para outras pessoas também. Eu tenho um propósito de fazer mudança, essa é a minha causa. Talvez não seja uma questão de modificar o passado, e sim o presente e o futuro”.


*Chama na Solução é uma iniciativa do UNICEF Brasil, que apoia mudanças positivas que possam potencialmente impactar a vida de todas as crianças e todos os adolescentes do País. Ela faz parte do Youth Challenge, iniciativa global que apoiará projetos de jovens de 16 países.