"Nada se resolve com violência"
Com essa certeza, o jovem Adriano Cypriano participou do projeto Chama na Solução 2022, na cidade do Rio de Janeiro

"As dificuldades existentes dentro das comunidades estão relacionadas a violências vindas de todas as partes – às vezes, até do nosso vizinho e a gente nem percebe", diz Adriano Cypriano, 18 anos, nascido no Complexo da Maré, na comunidade Baixa do Sapateiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, e que hoje em dia mora em Oswaldo Cruz com sua irmã. Ele foi um dos 50 participantes do projeto Chama na Solução Rio 2022, realizado no primeiro semestre deste ano pelo UNICEF em parceria técnica com o Cedaps.
Após ler o edital do projeto no início deste ano, Adriano viu uma oportunidade de ajudar as pessoas e também a si próprio, já que a proposta da iniciativa era reunir jovens moradores de favelas e periferias na construção de soluções para prevenir e enfrentar as violências cotidianas que afetam sua vida.
De março a maio, Adriano e demais participantes se dividiram em grupos para discutir e propor ações coletivas sobre o tema. Adriano participou do grupo “Jovens Revolucionários”, um time de jovens da Maré que se juntaram para produzir uma pesquisa comunitária, com objetivo de investigar a percepção de adolescentes e jovens sobre os impactos e possíveis intervenções para enfrentar as violências vividas no dia a dia.
Muito do que foi construído pelo grupo tem relação direta com as violências já vivenciadas durante suas próprias trajetórias no território. "No meu caso, vivenciei o racismo, de todas as formas possíveis. A violência psicológica também impactou muito a minha vida, me fazendo ter vergonha de falar de vez em quando, vergonha de expressar meus sentimentos. Cada violência deixa um trauma na gente e acaba inabilitando a gente para fazer certas coisas".
"Nada se resolve com violência". Esse é o pensamento que Adriano carrega ao realizar a pesquisa comunitária no seu território e pretende levar para todos os jovens moradores. "A violência não leva a gente a lugar algum. Agir, fazendo a pesquisa, por exemplo, é a esperança de um mundo melhor para as comunidades, esperança que as coisas vão melhorar, que a violência pode acabar um dia, que todos possam ser empáticos".