Campina Grande: o município que vacina de porta em porta
Por meio da Busca Ativa Vacinal, o município está melhorando os índices de imunização infantil

Era um dia ensolarado quando os agentes de saúde foram até a casa de Cauã Nóbrega, 5 anos, em Campina Grande, na Paraíba. Na visita, detectaram que a carteirinha de vacinação dele precisava ser atualizada e o menino recebeu as doses que faltavam. "Eu vou tomar a vacina para ficar forte", diz o pequeno, corajoso.
A visita à casa de Cauã é parte de um grande esforço intersetorial: a Busca Ativa Vacinal. Campina Grande participa do Selo UNICEF e é um dos quatro municípios-piloto da estratégia, desenvolvida pelo UNICEF e parceiros para contribuir com a gestão pública para encontrar crianças não vacinadas, ou com a vacinação atrasada, e tomar as medidas para garantir o direito delas à imunização.
Desde 2015, as coberturas vacinais de crianças menores de 5 anos vêm caindo em todo o Brasil, colocando o País em alerta para o risco de retorno de doenças evitáveis. Com a pandemia, esse cenário se agravou, em parte devido à dificuldade de acesso de diversas famílias ao sistema público de saúde e, em alguns casos, ao medo ou ceticismo em relação às vacinas. "Só por meio de uma busca ativa vacinal eficaz, nossas crianças ficarão protegidas", diz Samira Azevedo, coordenadora da estratégia de Busca Ativa Vacinal (BAV).
Em Campina Grande, o município colocou em prática um esforço integral e intersetorial fazendo com que a imunização das crianças ultrapassasse os muros dos postos de saúde, e alcançasse diferentes locais e serviços. Em articulação com a Secretaria de Educação, o município passou a vacinar também em creches e escolas; em parceria com a Secretaria de Assistência Social, as vacinas chegaram aos Centros de Referência em Assistência Social (Cras); por meio de um trabalho articulado com as equipes da Estratégia de Saúde da Família, começou a ser realizada a busca ativa de crianças não vacinadas ou com vacinas em atraso, nas áreas de abrangência da BAV; e foi lançado o "carro da vacina" para facilitar a chegada das equipes de imunização a áreas de alta vulnerabilidade.
"A gente trabalha com famílias em vulnerabilidade social. Como elas já têm acesso a gente, por ser próximo dos bairros onde moram, é perfeito para a gente poder alcançar grande número de crianças, atualizando o cartão de vacina", diz Jailma Tavares, coordenadora do Cras Pedregal.

Olhos sempre atentos ao cartão de vacinação
Ketylin Silva, 10 anos, e seus cinco irmãos receberam a equipe de vacinação em casa. A visita foi uma alegria para os pais, que não precisaram se deslocar até o centro da cidade. "A gente precisa se vacinar para não ficar doente e se prevenir de várias doenças", diz a menina.
As ações de mobilização e busca ativa vacinal geraram resultados expressivos no município. No fim da campanha – realizada de 8 de agosto de 2022 a 31 outubro 2022 –, mais de 95% das crianças de Campina Grande foram imunizadas contra a poliomielite, além de receber doses de outras vacinas previstas no calendário do Programa Nacional de Imunizações – PNI, do Ministério da Saúde. Agora, o município continua se esforçando para garantir a vacinação de rotina de todas as crianças. "O trabalho em rede é de suma importância para a prevenção, promoção e proteção da saúde", conta Luana Tereza, gerente de Distrito Sanitário em Campina Grande.
Os atendimentos de saúde com foco na imunização de crianças menores de 5 anos fazem parte das políticas públicas que devem ser priorizadas pelos municípios participantes do Selo UNICEF. Por meio da BAV, os municípios promoveram a busca ativa de crianças que ainda não estavam vacinadas contra as doenças evitáveis.
Busca Ativa Vacinal – O município de Campina Grande faz parte do Selo UNICEF, uma das principais iniciativas do UNICEF para garantir os direitos de meninas e meninos. Campina Grande é um dos quatro municípios onde está sendo realizado o projeto-piloto da iniciativa Busca Ativa Vacinal (BAV).
A BAV é uma iniciativa do UNICEF para apoiar os municípios na garantia da imunização infantil. Usa uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica – que será disponibilizada gratuitamente para municípios – e contribui para identificar crianças menores de 5 anos com atraso vacinal ou não vacinadas; estabelecer estratégias para encaminhamento delas aos serviços de saúde e atualizações de vacinação; monitorar as coberturas vacinais; acompanhar a situação vacinal da população-alvo; e identificar e responder a vulnerabilidades que levam à não vacinação. A estratégia incentiva a participação de diferentes áreas na BAV – como Educação, Saúde, Assistência Social, entre outras –, fortalecendo a rede de garantia de direitos. Para a iniciativa, o UNICEF conta com parceria estratégica da Pfizer e apoio da Fundação José Luiz Egydio Setúbal.