Crianças que vivem em conflitos prolongados têm três vezes mais chances de morrer de doenças relacionadas à água do que em decorrência da violência
Relatório do UNICEF calculou taxas de mortalidade em 16 países com conflitos prolongados: Afeganistão, Burkina Faso, Camarões, Chade, Etiópia, Iêmen, Iraque, Líbia, Mali, Myanmar, República Centro-Africana, RD Congo, Síria, Somália, Sudão e Sudão do Sul.

Nova Iorque, 22 de março de 2019 – Crianças menores de 15 anos que vivem em países afetados por conflitos prolongados têm, em média, quase três vezes mais chances de morrer de doenças diarreicas causadas pela falta de água potável, saneamento e higiene do que por violência direta, disse o UNICEF em um novo relatório hoje.
Water Under Fire (Água sob Fogo – não disponível em português) examina as taxas de mortalidade em 16 países que passam por conflitos prolongados e conclui que, na maioria deles, crianças com menos de 5 anos têm uma probabilidade 20 vezes maior de morrer em decorrência de mortes relacionadas à diarreia devido à falta de acesso a água e saneamento do que em decorrência da violência direta.
"As chances já estão contra as crianças vivendo em conflitos prolongados – com muitas incapazes de chegar a uma fonte de água segura", disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore. "A realidade é que há mais crianças que morrem por falta de acesso a água potável do que por balas".
Sem serviços de água, saneamento e higiene seguros e eficazes, as crianças correm risco de desnutrição e doenças evitáveis, incluindo diarreia, febre tifoide, cólera e poliomielite. As meninas são particularmente afetadas: elas são vulneráveis à violência sexual quando vão buscar água ou se aventuram a usar latrinas. Elas lidam com afrontas à sua dignidade enquanto se banham e administram a higiene menstrual. E faltam às aulas durante o período menstrual se suas escolas não têm instalações adequadas de água e saneamento.
Essas ameaças são exacerbadas durante conflitos, quando ataques deliberados e indiscriminados destroem infraestruturas, ferem grupos de funcionários e cortam a energia que mantém os sistemas de água, saneamento e higiene funcionando. O conflito armado também limita o acesso a equipamentos essenciais de reparo e consumo, como combustível ou cloro – que podem ser esgotados, racionados, desviados ou bloqueados na entrega. Com demasiada frequência, os serviços essenciais são deliberadamente negados.
"Ataques deliberados a água e saneamento são ataques a crianças vulneráveis. A água é um direito básico. É uma necessidade vital."
Henrietta Fore
O UNICEF trabalha em países em conflito para fornecer água potável segura e serviços de saneamento adequados por meio da melhoria e reparação de sistemas de água, transporte de água, instalação de latrinas e promoção de práticas de higiene.
O UNICEF está pedindo aos governos e parceiros para que:
- Interrompam ataques a infraestruturas de água e saneamento e a funcionários desses setores;
- Vinculem respostas humanitárias vitais ao desenvolvimento de sistemas sustentáveis de água e saneamento para todos; e
- Reforcem a capacidade dos governos e das agências de ajuda de fornecer consistentemente serviços de água e saneamento de alta qualidade em emergências.
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Notas para editores
O relatório calculou as taxas de mortalidade em 16 países com conflitos prolongados: Afeganistão, Burkina Faso, Camarões, Chade, Etiópia, Iêmen, Iraque, Líbia, Mali, Myanmar, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Síria, Somália, Sudão e Sudão do Sul. Em todos esses países, com exceção da Líbia, do Iraque e da Síria, meninas e meninos de até 15 anos têm mais probabilidade de morrer de doenças relacionadas à água do que em decorrência da violência coletiva. Excluindo a Síria e a Líbia, crianças com menos de 5 anos têm quase 20 vezes mais probabilidade de morrer de doenças diarreicas ligadas à falta de água, saneamento e higiene do que como resultado da violência coletiva.
As estimativas foram derivadas de estimativas de mortalidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para "violência coletiva" e "mortes diarreicas atribuíveis à falta de água, saneamento e higiene" entre 2014 e 2016.
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