Gravidez precoce: A vida de uma menina, realidade de muitas
O leite do meu peito irá ajudar a economizar, não será preciso comprar leite ou alimentos porque o meu bebé vai precisar somente do meu leite do peito.

LUGELA, Zambézia - Esmeralda Eugénia, com apenas 25 anos, é mãe de quatro filhos (13, 12, 9 e 4 anos) e está grávida do seu quinto filho.
Esmeralda engravidou pela primeira vez aos 12 anos de idade, o seu filho mais velho tem hoje 13 anos de idade, e graças aos programas que decorrem na sua comunidade foi aconselhada a amamentar exclusivamente todos os seus filhos.
Esmeralda teve um casamento prematuro, um mal que afecta quase metade das raparigas de Moçambique com menos de 18 anos. Ela casou com somente 12 anos de idade, e o seu marido já morreu, deixando-lhe sozinha a lutar para sobreviver e cuidar dos seus filhos. Eles sobrevivem através da sua “machamba” (um pequeno terreno agrícola para produção familiar).
Depois de sentir as primeiras dores de parto do seu quinto filho, caminhou durante duas horas para chegar à unidade sanitária de Lugela, onde está internada a aguardar a sua vez para dar à luz.
O leite do meu peito irá ajudar a economizar, não será preciso comprar leite ou alimentos porque o meu bebé vai precisar somente do meu leite do peito, que já vem pronto, e irá também ajudar a prevenir de doenças.
Esmeralda já sabe que irá fazer o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses. “O leite do meu peito irá ajudar a economizar, não será preciso comprar leite ou alimentos porque o meu bebé vai precisar somente do meu leite do peito, que já vem pronto, e irá também ajudar a prevenir de doenças”.
Em Moçambique a gravidez precoce continua a afectar muitas meninas. A gravidez precoce é a consequência mais comum dos casamentos prematuros. Em Moçambique, quase metade (46%) das mulheres adolescentes tiveram uma criança nascida-viva ou estiveram grávidas pela primeira vez (IMASIDA 2015). 14% engravidaram antes dos 15 anos o que confirma um início da actividade sexual muito precoce. Há diversas implicações da gravidez precoce para a saúde da rapariga e do bebé. As taxas de mortalidade neonatal, infantil e antes dos 5 anos são mais altas quando as raparigas têm filhos antes de 20 anos. Há também o risco de desnutrição e baixo peso do bebé, que são significativamente mais elevados quando a mãe tenha menos de 19 anos ao ter o parto.