Apoio para as crianças com deficiência em situação de emergência em Moçambique

Beira - “O meu primo Júnior e seu irmão perderam os pais muito cedo, eu não os podia abandonar, então decidi cuidar deles. Júnior precisa de cuidados especiais e de muito amor, ele tem paralisia cerebral, eu e a minha mulher fazemos questão que nunca lhe falte amor aqui em casa,” conta Dito Galião, de 34 anos, que, com a ajuda da sua esposa Maria Rita, de 28 anos, cuidam do pequeno Manuel Chaleca Júnior, de 13 anos, e seu irmão João Chaleca, de 15 anos, no bairro de Macurungo, na Cidade da Beira.

Houve complicações  durante o parto do Júnior, ele teve falta de oxigénio que depois causou-lhe uma paralisia cerebral. A família do Júnior só notou  que algo estava errado quando ele completou 6 meses e mostrava certas dificuldades, e quando o levaram ao hospital vieram a saber que ele tinha uma deficiência física causada pela paralisia cerebral. Júnior e João perderam o seu pai em 2013 e a sua mãe em 2016, vítimas de doença, e Dito e Rita decidiram cuidar deles, depositando todo amor e carinho.

“Para nós, ele é como qualquer outra criança, ele gosta de brincar e sorrir. Claro que temos certos cuidados com ele, principalmente nas comidas, devemos esmagar bem até ficar papa para ele não se engasgar, ele também tem de usar fraldas e precisa de ajuda no banho,” conta Rita.

Júnior usava uma cadeira de rodas comum, que não era  personalizada às suas necessidades, e isso veio a causar problemas na sua saúde, “com aquela cadeira ele ficava torto e isso aleijava a sua coluna, sentia muitas dores,” conta Rita.

Um grupo de activistas comunitários visitou a família Galião, e incluíram o pequeno Júnior no seu plano de reabilitação. Mais tarde foi oferecida uma cadeira de rodas especialmente construída para o Júnior e suas necessidades, “esta nova cadeira é somente para o Júnior, não irá servir a outra criança, eles construíram para o Júnior e ofereceram-nos no mês de Outubro de 2019,” conta Dito. Com esta nova cadeira personalizada , a coluna do Júnior melhorou e as dores passaram.

Dito gostou tanto do trabalho que os activistas prestaram a sua família, que se tornou um activista também e hoje ajuda outras famílias como a sua. “O meu sonho? Bom eu gostaria de acabar de construir a minha dependência para poder alugar e ter algum dinheiro extra, para dar ao Júnior uma vida melhor,” diz Dito que é logo interrompido pela sua esposa Rita, “também queremos que o Júnior cresça com saúde e viva muitos anos, que um dia possa falar e saber que ele pode fazer tudo que outras pessoas podem.”

Para ajudar as pessoas com deficiência afectadas pelo ciclone Idai, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) criou uma parceria com a Light for the World para proporcionar inclusão e ajuda a crianças, adolescentes, mulheres e homens com deficiência, na província de Sofala, inserido no programa Sofala Inclusivo, que conta com suporte da Cooperação Austríaca para o Desenvolvimento.