Pelo clima, pela Amazônia, a resposta são elas: as crianças
No Acampamento Terra Livre, crianças indígenas mostram que proteger a floresta também é coisa delas
Na tenda montada no Acampamento Terra Livre (ATL), em meio a potes de tinta e mural de desenhos, as crianças indígenas encontraram um lugar só delas: o CAFI Parentinho — um lugar de escuta, afeto e pertencimento, conduzido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), com o apoio do UNICEF.
Ali, entre brincadeiras, cantos e olhares atentos, crianças de diferentes etnias se reuniram, com a força que só as elas carregam, para falar do que vivem, sabem e sentem sobre a floresta, o clima e o futuro que as espera. A programação do espaço foi pensada para isso, e o que se ouviu foi mais que um alerta: foi um chamado. As mudanças climáticas já estão em curso, e são elas, as crianças, quem mais sentem seus efeitos.
Durante as atividades, os pequenos foram convidados a desenhar e nomear os guardiões da natureza. Em suas falas e traços, surgiram guardiões que misturam folclore, ancestralidade e espiritualidade: a onça, o curupira, o boto cor-de-rosa, os encantados, a cobra grande, os ancestrais e os espíritos da aldeia. Para os pequenos, são essas figuras que protegem os rios, os igarapés, os animais e as árvores — e, com eles, protegem a vida.

UNICEF/BRZ/Arthur Menescal

UNICEF/BRZ/JP Rodrigues
“A natureza é de onde vem o oxigênio e a água. O ser humano está colocando fogo na floresta, está jogando lixo nos rios e matando os animais. Se continuar assim, as árvores vão desaparecer e a água limpa vai acabar”, alertou Francisco, do Amazonas.

UNICEF/BRZ/Arthur Menescal

UNICEF/BRZ/Arthur Menescal
A mudança também é sentida no céu, como contou Luna, de Brasília: “As chuvas que eram pra vir agora, não vêm. E quando não era pra chover, chove forte e alaga tudo.” Como Francisco, ela vê os efeitos da destruição no sumiço dos animais, na fumaça no ar e no desmatamento que se espalha.

UNICEF/BRZ/JP Rodrigues

UNICEF/BRZ/Arthur Menescal
Para Iará, do Amazonas, a lógica é simples e urgente: “Se não tem árvore, a gente não tem fruta. Se não tem água limpa, a gente fica doente. Se a gente não preserva, como vamos viver?”
Ouvir as crianças é urgente
Na fala dessas meninas e meninos, de 8 anos, está o aviso — e também o caminho. Elas entendem, com simplicidade, que não se vive sem floresta e que não há futuro sem equilíbrio. Elas falam de calor, fumaça, água suja, alimentos que escasseiam. Com sua força ancestral e infantil ao mesmo tempo, mostram que proteger o clima é também preservar os saberes, os territórios e as crianças.
Ao apoiar iniciativas como o CAFI Parentinho, o UNICEF reafirma seu compromisso com a proteção integral de meninos e meninas indígenas — garantindo o direito de brincar, de participar, de ser ouvida, de viver num ambiente seguro, saudável e com futuro.