"A menstruação é natural, não precisa ter vergonha"
Movimento #PraQuemMenstrua levou formação sobre saúde menstrual, aliada à arte e à cultura, para crianças e adolescentes recifenses

"Quando eu ficava menstruada, eu tinha insegurança de participar das atividades de dança, eu tinha medo do sangue vazar e passar vergonha. Na oficina, aprendi que é possível aliviar dores e cólicas por meio de alongamentos e respiração. A menstruação é natural, não precisa ter vergonha, por isso, é importante o diálogo e aprender mais sobre isso", diz Giovana Beatriz, 14 anos, participante da oficina de dança do Movimento #PraQuemMenstrua, no Ibura, no Recife.
O Movimento #PraQuemMenstrua, iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com a parceria da Needs, levou formações sobre saúde menstrual, aliadas à arte e à cultura, para crianças e adolescentes recifenses. A iniciativa, que faz parte das atividades da #AgendaCidadeUNICEF, tem como base três pilares principais: contribuir com a transformação cultural da comunidade; melhorar a infraestrutura local em relação à higiene; e capacitar profissionais de educação.
"O objetivo desse projeto é criar na escola espaços de acolhimento e fortalecimento desses corpos que menstruam e desmitificar a menstruação, por meio de informação, criando espaços de empatia, solidariedade e sororidade. Por meio da arte e da cultura, a gente pode se expressar e envolver todos e todas na pauta da dignidade menstrual", diz Cássia Souza, coordenadora do Centro das Mulheres do Cabo, organização que é parceira implementadora do UNICEF.
O projeto está realizando dez eventos itinerantes – caravanas – no bairro do Ibura, no Recife, alcançando 10 mil adolescentes em escolas municipais e estaduais. Por meio da iniciativa, estão sendo oferecidas também oficinas de arte-educação para 1 mil jovens, além de seminários sobre dignidade menstrual, equidade e violência baseada em gênero para 100 profissionais que atuam com adolescentes, como membros das Secretarias Municipais da Mulher, da Educação, da Saúde e da Juventude, além de gestores municipais e de organizações de base comunitária.
"Ao mesmo tempo que aborda as temáticas trabalhadas, a caravana busca desenvolver, com adolescentes, habilidades para a vida e chega para fortalecer as atividades que já vem sendo desenvolvidas com a comunidade do Ibura", destaca Luiza Leitão, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF no Brasil. A presença da caravana nas escolas, Luiza enfatiza também, ajuda a reduzir o tabu em relação à menstruação a partir da informação e da naturalização do tema.
Para Milene Maria Bonfim, 15 anos, a oficina de dança trouxe novos conhecimentos. "Participei da oficina de dança e gostei muito, porque gosto muito de movimentos corporais e descobri que os alongamentos ajudam a aliviar a dor. No início tinha vergonha, mas agora está mais fácil falar sobre menstruação", diz a adolescente.
"A gente aprendeu sobre menstruação de uma forma divertida e agradável e é importante para as meninas que estão ficando moças saber que não é vergonha nenhuma. Eu, por exemplo, não sabia que a dança podia ajudar nas dores, eu gostei bastante em aprender", relata Leandra Larissa, 13 anos. Até novembro, as caravanas ainda seguem ocorrendo nas escolas e o projeto terá uma grande culminância como encerramento.
#AgendaCidadeUNICEF
#AgendaCidadeUNICEF é uma parceria do UNICEF com prefeituras de centros urbanos para a promoção de direitos e oportunidades para as crianças e os adolescentes mais vulneráveis, contribuindo para a inclusão, não discriminação e não violência. Na capital pernambucana, o bairro definido como prioritário pela Prefeitura do Recife e o UNICEF foi o Ibura, um dos mais populosos da cidade, com 50 mil habitantes, e que apresenta uma das maiores taxas de homicídios da capital, alcançando adolescentes entre 10 e 19 anos, segundo dados de 2019 reportados pela Prefeitura. A #AgendaCidadeUNICEF prevê a realização de ações integradas, até 2024, nas áreas de educação, inclusão socioprodutiva, proteção contra violência, além de saúde e bem-estar. Nesse período, o UNICEF disponibilizará apoio técnico, compartilhamento de metodologias, monitoramento e intercâmbio com outras iniciativas locais e globais – numa contribuição para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).