“Aprendi sobre direitos que nem sabia que existiam”

Moradora de Mongaguá, Giovanna dos Santos, de 14 anos, é uma jovem mobilizadora e sonha em ser médica, ajudar o próximo e ver sua comunidade feliz

UNICEF Brasil
Foto mostra uma adolescente sorridente em um espaço aberto, onde vemos água, montanhas, árvores e prédios.
UNICEF/BRZ/Fabio Hirata
08 setembro 2021

Com 14 anos, Giovanna Camilo de Oliveira dos Santos já acumula uma série de experiências em sua vida, que incluem participação em fanfarra, aulas de balé, interesse por design gráfico e, mais recentemente, uma paixão pela fotografia. Com energia para realizar muito mais, ela buscou atividades disponíveis em Mongaguá, cidade onde mora, e foi assim que descobriu a iniciativa Crescer com Proteção e passou a usar todo o seu entusiasmo para mobilizar outros adolescentes.

Lançado em 2020, o Crescer com Proteção é realizado pelo UNICEF, em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Agenda Pública e o Instituto Camará Calunga, em oito municípios da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo: Cananéia, Iguape, Ilha Comprida, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande e São Vicente. O objetivo é fortalecer a prevenção e o enfrentamento das diversas formas de violência contra crianças e adolescentes por meio do incentivo à educação, à inclusão de meninas e meninos no mercado de trabalho e à participação dos adolescentes e jovens na construção de políticas públicas.

Ao se tornar mobilizadora do Crescer com Proteção em Mongaguá, Giovanna participou de formações e rodas de conversa online sobre gênero e raça e etnia, direitos humanos, participação e engajamento dos jovens no debate público. A partir desse percurso, ela e outros mobilizadores criaram os Núcleos de Cidadania de Adolescentes e Jovens (Nucas) em cada uma das oito cidades cobertas pela iniciativa e estão repassando o que aprendem para cerca de 96 meninas e meninos da região.

Segundo Giovanna, seu início como mobilizadora foi muito desafiador. Era uma experiência nova, havia dinâmicas com pessoas diferentes e informações que ela desconhecia. A adolescente lembra que a primeira atividade proposta aos participantes do projeto foi a construção de um autorretrato. A partir da tarefa, ela descobriu mais sobre si mesma, entendeu suas potencialidades e seu papel na sociedade. Com o tempo e o apoio do grupo, Giovanna “deslanchou”. Aprendeu a expressar suas ideias e compreendeu a importância de ter “voz ativa”.

“Eu sou a mais nova do grupo. Entrei com 13 anos. Às vezes as discussões eram muito complexas, eu sentia que não entendia muitas coisas. Mas eles me ajudavam quando eu não entendia, me mostraram que meu lugar era ali, sim. Eu aprendi sobre direitos que eu não sabia que existiam. E percebi que a iniciativa é uma oportunidade de os adolescentes e jovens mostrarem quem são e por que estão aqui”, afirma.

Giovanna conta que o bairro onde ela mora com os pais é considerado um segundo centro de Mongaguá por conta da intensa atividade comercial e apresenta dois grandes desafios para a proteção e o desenvolvimento de meninas e meninos: a falta de oportunidades para os jovens e a gravidez na adolescência. Além disso, segundo a mobilizadora, há desafios em toda a cidade, para os quais ela e os outros participantes do Nuca de Mongaguá tentam prover soluções.

“É importante entender as situações pelas quais os adolescentes e jovens estão passando, mobilizá-los e explicar, assim como o pessoal fez comigo. É preciso dar mais atenção a nós, entender nossos contextos, nossas realidades. É preciso trazer crianças, adolescentes e jovens para o debate público”, defende. E acrescenta: “Quanto mais jovens, juntos, reivindicando seus direitos, melhor! Uma pessoa sozinha é mais difícil, por isso, a gente junto é melhor. É impossível não mudar a situação quando temos mais pessoas buscando o que a gente precisa”.

Ao fazer um balanço de toda a sua trajetória como mobilizadora da iniciativa Crescer com Proteção, Giovanna se emociona, reconhece o quanto ela tem aprendido e sonha com o seu futuro. “Foram muitas descobertas e aprendizados. E ainda há muito o que fazer, descobrir e realizar. Quero ser médica, ajudar o próximo e ver minha comunidade feliz”, finaliza.