Nasci menina e me tornei cidadã: Adolescentes contam como sua vida melhorou

05 outubro 2022
Foto mostra um grupo grande de pessoas em formação, olhando para a câmera.
UNICEF/BRZ/Larissa Baia

São Luís, 5 de outubro de 2022 – O UNICEF e a Fundação Justiça e Paz se Abraçarão (FJPA) realizaram roda de conversa com adolescentes e jovens da Cidade Operária em São Luís no último dia 28 de setembro. A roda de conversa com os adolescentes e jovens da região discutiu sobre a integração da juventude em ações de fortalecimento de suas habilidades como líderes de suas comunidades. Na oportunidade, os jovens participantes de coletivos e projetos sociais falaram sobre como essas atividades integradas transformaram sua vida, como estão garantindo direitos para toda a comunidade e suas famílias, e como planejam continuar suas ações.

Participaram da roda as equipes nacional e regional do UNICEF, que foram recebidas por 20 adolescentes e jovens da Cidade Operária e por representantes da Fundação Justiça e Paz se Abraçarão e pelo gestor escolar do Centro de Ensino Maria José Aragão, na Cidade Operária.

“Costumo dizer que nasci menina e me tornei cidadã, por meio do protagonismo nas ações do Coletivo Menina Cidadã, em que nós lutamos para que as vozes de meninas e mulheres das comunidades possam ser ouvidas. Estamos à frente de lutas para ampliar ações para que a vida dos mais jovens da nossa comunidade e de outras possam ser impactadas e que todos tenham os seus direitos reconhecidos. Já tivemos muitos avanços que foram significativos na vida de muitas meninas e queremos ainda mais”, afirmou Fernanda Lima, de 17 anos e uma das jovens líderes do Coletivo Menina Cidadã.

Todo o trabalho realizado nas comunidades da Cidade Operária por um coletivo de líderes jovens foi apresentado à equipe do UNICEF. Uma apresentação de dança do coco pelo grupo de jovens bailarinos e atores e atrizes do bairro, formados pelo projeto Gamar, sob a liderança formativa do professor Wilson Chagas, foi o ponto de partida emocionante da história que os jovens começaram a contar aos visitantes. 

Rubya Lopes, uma das jovens líderes do grupo, que começou a atuar quando ainda fazia o ensino médio e hoje continua como ativista comunitária mesmo já tendo iniciado seu curso de Biomedicina na Universidade Estácio de Sá, contou sua trajetória desde a escuta coletiva que 20 meninas fizeram no bairro, indo de casa em casa, para entrevistar 200 outras meninas, sobre quais direitos eram negados a elas no bairro, que experiência de violência as meninas viviam diariamente e o que sonhavam para seu futuro.

Essa pesquisa de campo, planejada e executada pelos jovens, com apoio do UNICEF, da FJPA e do Centro de Defesa Marcos Passerine, resultou na maior estratégia de reivindicação de direitos dos últimos quatro anos no bairro. A partir daí, o grupo de jovens conseguiu incidir no projeto arquitetônico do Viva Cidade Operária para que o espaço tivesse estruturas para atividades que fossem realmente o que os jovens queriam, desde churrasqueira, pista para skate ou mesmo mesas ao ar livre para reuniões e encontros dos jovens. Nessa área, “havia muitos crimes e até mortes violentas de jovens negros”, relembrou Elivania Estrela, diretora da FJPA. “Depois dessa mudança que a Secretaria de Estado da Cidadania (Secid) fez na praça escutando os jovens, todo mundo passou a usar mais a praça, a fazer encontros positivos, a combinar coisas simples da vida local, como ir conversar com os amigos no fim de semana lá no Viva. E daí, quase não temos mais notícia de mortes por ali”, afirmou.

A chefe do escritório do UNICEF no Maranhão, Ofélia Silva, destacou a importância dessas ações para jovens e suas comunidades. “A participação social, assegurar o apoio para estimular jovens a que pensem criticamente sua própria vida comunitária e tenham sua voz realmente escutada e levada em conta por quem toma decisões importantes é fundamental para sedimentar a cultura de uma comunidade que, sim, protege suas crianças e seus adolescentes”, afirmou. A estratégia fortalece o vínculo afetivo das pessoas e dos jovens entre si e com seu próprio bairro.

O Coletivo Menina Cidadã, coordenado pela FJPA, mobiliza meninas adolescentes e jovens de 12 a 21 anos das comunidades da macrorregião da Cidade Operária e adjacentes para diversas atividades sociais. Em todas, os jovens planejam, analisam o contexto, negociam com novos parceiros, executam as ações, e avaliam os resultados. Foi essa a história contada no diálogo com as vozes de todos os jovens presentes na roda de conversa com a equipe nacional do UNICEF.

Por meio de ações, por exemplo, as jovens líderes do Coletivo conseguiram parceria com a Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE/MA) para abrir um núcleo da instituição no bairro da Cidade Olímpica e instalação de uma unidade móvel da DPE/MA para atendimentos, facilitando a vida da comunidade em relação ao acesso a seus direitos. Além disso, ainda em conjunto com a Defensoria, o Coletivo está visitando escolas e unidades de saúde, alertando sobre a fragilidade e a necessidade de fortalecer as políticas públicas.

Temas até então invisíveis, como a pobreza menstrual no bairro e nas escolas, também fizeram parte da agenda de ações das meninas líderes. Elas realizaram a entrega de absorventes e rodas de conversa durante a pandemia em mais de 20 escolas locais e conseguiram ampliar um movimento orgânico e autêntico por maior dignidade menstrual. E com isso, levaram o debate para a Câmara de Vereadores. Conseguiram fazer com que as Secretarias de Estado de Educação do Maranhão e a Secretaria Municipal de Educação de São Luís iniciassem um compromisso com a entrega de absorventes em suas redes, como parte do direito à dignidade menstrual de toda pessoa que menstrua.

Por fim, a equipe do UNICEF pode trocar ideias mais aprofundadas para planejar como continuará a apoiar as ações desenvolvidas nas comunidades da região pelos adolescentes e jovens, e seus parceiros locais, inclusive com a possibilidade futura de fortalecer o intercâmbio e aprendizagem com coletivos de outros municípios e de comunidades quilombolas do Maranhão.

Contatos para a imprensa

Ida Pietricovsky de Oliveira
Especialista em Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (91) 98128 9022

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