Exposição de fotos virtual revela olhar de adolescentes venezuelanos e brasileiros no contexto migratório

Fotografias são fruto de oficina realizada pelo UNICEF e o Instituto Pirilampos com 90 alunos venezuelanos e brasileiros de escolas públicas ou que vivem em abrigos para refugiados e migrantes em Roraima

28 setembro 2021
Foto mostra um menino descendo de uma árvore. Ao fundo, vemos os ramos da árvore e o céu.
Sérgio Gonzáles
O venezuelano Sérgio Gonzáles clicou um colega enquanto este se pendurava numa árvore na capital de Roraima, Boa Vista. Com 13 anos, ele é um dos adolescentes cujas imagens integram a exposição “Explorando um novo lar”.

Boa Vista/Brasília, 28 de setembro de 2021 – “Quando tirei minha primeira foto, fiquei feliz em ver a emoção naquilo que eu estava fotografando. Era uma senhora, e dava para ver o jeito dela de ser”. É assim que a venezuelana Jhonsleib Guzman, 13 anos, relembra o momento em que clicou a sua foto que, juntamente com outras 49 imagens, integram a exposição fotográfica “Explorando um novo lar”, realizada pelo UNICEF em parceria com o Instituto Pirilampos. A mostra será lançada virtualmente nesta terça-feira, 28, e pode ser conferida neste site especial.

Fruto de uma oficina realizada ao longo de 2021 com grupos de adolescentes refugiados e migrantes da Venezuela e estudantes de escolas públicas em Boa Vista (RR), a exposição revela, ao longo das imagens e dos depoimentos, o impacto da fotografia como técnica e instrumento de sensibilização no contexto migratório de Roraima, o estado brasileiro mais afetado pela crise política e social no país vizinho.

Vivem hoje no Brasil mais de 260 mil refugiados e migrantes da Venezuela – um em cada três é criança ou adolescente.

“O UNICEF trabalha com adolescentes em abrigos, mas também em seis escolas estaduais, onde o foco é a integração entre alunos venezuelanos e brasileiros. Em todos os espaços, neste projeto de Comunicação, o objetivo é construir o conhecimento sobre ferramentas de comunicação e engajar os adolescentes em atividades comunitárias em que possam fazer a diferença, construindo e disseminando mensagens como parte de uma rede de comunicadores. A fotografia é uma dessas ferramentas, mas que atua também no processo de sensibilização com o país”, afirma Yare Rivas, consultora de Comunicação para o Desenvolvimento do UNICEF em Roraima.

Por causa da covid-19, as oficinas ocorreram de forma diferente entre os grupos de adolescentes dos sete abrigos de Boa Vista – incluindo um reservado a comunidades indígenas no fluxo migratório – e das escolas estaduais participantes. Nestas últimas, com o fechamento das unidades de ensino, as atividades ocorreram online, com um encontro presencial, seguindo os protocolos de segurança. Já nos abrigos, elas puderam ocorrer presencialmente, com as fotografias coletadas ao longo de cinco encontros, também seguindo todos os cuidados necessários em meio à pandemia.

A presidente do Instituto Pirilampos, Mariann Mesquita, acredita que a fotografia é uma ferramenta para os adolescentes se integrarem no país de acolhida. “No caso de refugiados e migrantes, a perda de espaços familiares faz parte dos prejuízos da migração, que os retira do seu convívio social e de suas histórias. A experiência fotográfica permite uma nova forma de se ver e fazer parte deste espaço”, diz.

Para Christian Andrés Perdomo Urbaneja, estudante da Escola Estadual Maria das Dores Brasil, a melhor foto que tirou foi de um inseto que estava no tronco de uma árvore. “Adoro enquadrar a grandeza da natureza, tanto da fauna quanto da flora”. Quem concorda sobre o poder de mostrar as coisas bem de perto é o venezuelano Eduardo Gil, de 17 anos. “Gosto de tirar fotografias em plano detalhe, por ser interessante essas pequenas coisas que não se vê. Eu vejo e tento expressar algo para que as pessoas também possam ver e possam se sentir emocionadas”, diz o adolescente.

Antes do lançamento nacional, a exposição “Explorando um novo lar” foi mostrada em sete abrigos da Operação Acolhida, a resposta humanitária do Governo Brasileiro e parceiros para refugiados e migrantes da Venezuela, onde vivem boa parte dos adolescentes que participaram da oficina. Além disso, foi exposta no Roraima Garden Shopping, em Boa Vista, onde foi vista por cerca de 3 mil pessoas.

“Nós acreditávamos que o maior desafio para eles seria fotografar o cotidiano com a curiosidade de quem vê pela primeira vez. Foi porém um processo natural para a maioria. A fotografia pode ser um meio bem instintivo de expressão, tanto que muitas das fotografias na exposição foram criadas em um primeiro ou segundo encontro. É muito especial dar a esses jovens espaços para eles criarem e se comunicarem”, afirma Celeste Guadarrama, curadora da exposição e professora das oficinas.

Rede de Jovens Comunicadores
Os adolescentes que participaram da oficina fotográfica integram a Rede de Jovens Comunicadores (RJC), um grupo ativo de 168 adolescentes que debatem, produzem e disseminam conteúdo em suas comunidades sobre temas diversos como saúde mental, fake news, xenofobia e prevenção à covid-19. Esse trabalho tem o apoio financeiro da Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (Asdi).

A RJC faz parte da estratégia Súper Panas, que são espaços seguros para crianças e adolescentes refugiados e migrantes implementados pelo UNICEF e parceiros, como o Instituto Pirilampos. Hoje, existem mais de 25 Súper Panas em abrigos e centros de triagem de Roraima, do Amazonas e do Pará, onde meninos e meninas recebem apoio psicossocial e participam de atividades educativas de ensino não formal. 

Contatos para a imprensa

Marco Prates
Oficial de Mudança Social e de Comportamento (SBC) e de Comunicação em Emergências
UNICEF Brasil
Telefone: (61) 99695 0123

Sobre o UNICEF
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