“Quando cuido da natureza, cuido de mim, cuido dos meus”
Maria Eduarda Silva, 19 anos, mora em Bonito, interior de Pernambuco, e atua na mobilização de adolescentes e jovens para o enfrentamento das mudanças climáticas

Maria Eduarda Silva mantém uma forte relação com o meio ambiente desde criança. Ela cresceu no sítio da avó, no interior de Pernambuco, em Bonito, município que se destaca por seus remanescentes de Mata Atlântica e unidades de conservação. Nadar em açude, pegar fruta do pé e fazer trilhas eram atividades rotineiras para a família. Hoje, a jovem de 19 anos reconhece a oportunidade como um privilégio, especialmente diante da ameaça das mudanças climáticas, e atua ativamente no engajamento de adolescentes e jovens pela preservação e mitigação desses impactos.
“Passei a infância no sítio da minha avó, pegando fruta do pé, andando com pé no chão e de bicicleta. A conscientização que tenho hoje vem dessa minha vivência, que é uma parte muito importante da minha história”, explica Eduarda. Ao longo da adolescência, ela manteve o interesse por atividades próximas da natureza, como o cine ambiental e a prática de trilhas, e foi se envolvendo cada vez mais nas pautas relacionadas ao meio ambiente e aos direitos de crianças e adolescentes.
“Sinto que, quando cuido da natureza, cuido de mim, cuido dos meus. Acho que isto é o que me dá mais prazer: saber que não estou só cuidando do hoje, eu cuido do amanhã”, afirma. Em 2017, Eduarda ingressou no Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) de Bonito, que é um espaço de troca e participação entre pares que tem sua implementação recomendada aos municípios que participam do Selo UNICEF – uma das principais iniciativas do UNICEF no Brasil. A proposta é que as gestões municipais implementem esses espaços para estimular o engajamento de adolescentes em ações e debates voltados ao fortalecimento de políticas públicas direcionadas a crianças e adolescentes no Semiárido e na Amazônia.
Eduarda conta que participar do Nuca fortaleceu sua competência de apresentar e discutir ideias. “Quando as pessoas começaram a me chamar de ativista, eu percebi que eu tinha um papel ali, que eu estava influenciando outras pessoas, propagando essa informação”, lembra. Em 2021, edição atual do Selo UNICEF, Eduarda se tornou mobilizadora de adolescentes no Nuca do município, atuando ativamente para envolver outros adolescentes e jovens na garantia de direitos, incluindo o direito a um meio ambiente protegido.
No papel de mobilizadora, a jovem busca mostrar também a outros adolescentes a importância de preservação do meio ambiente e como o papel de cada um e cada uma pode fazer diferença. “A gente leva eles pra viveiros, pra fazer adubo e reflorestar. Tenta levar eles até a natureza para que possam compreender como estamos perto, que somos uma extensão da natureza. E isso é multiplicado, eles levam pra escola e para outros adolescentes. Saímos multiplicando esses valores”, detalha, sempre de forma cuidadosa e engajada.
Eduarda foi uma dos jovens convidados pelo UNICEF e pela organização da sociedade civil Viração Educomunicação para representar meninas e meninos brasileiros na COP27, no Egito, de 6 a 18 de novembro de 2022. Para ela foi a concretização de um sonho. “Nunca imaginei ter essa oportunidade, espero que seja um encontro que resulte, de fato, em mudanças e que eu possa dizer que participei”, disse, encorajando adolescentes e jovens a que formem grupos e busquem realizar ações diretas em seus municípios. “Por menor que seja, fará diferença”, destaca.