Não desista, faça isso por você
João Paulo Leal do Canto, 15 anos, encontrou na família e no Pode Falar o apoio e o acolhimento para enfrentar os desafios
João Paulo Leal do Canto, 15 anos, mora em Pernambuco e é usuário e colaborador das formações do Pode Falar, canal de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, criado pelo UNICEF. Para ele, a pandemia foi um período desafiador, marcado por muitas incertezas e mudanças. "A gente olhava para todos os lados e não via uma luz no fim do túnel, de um dia para noite você percebe que nada mais é como era antes, você passa a ter o seu horizonte numa tela de computador e, por mais que permaneça aquele contato no WhatsApp, não é a mesma coisa".
Um dos estímulos para João Paulo procurar o Pode Falar foi o sentimento de acolhimento. "O que me motivou a participar da iniciativa foi a possibilidade de ser um local de acolhimento para os jovens serem ouvidos, um local que possibilita a gente se abrir e desacumular tudo o que está preso dentro da gente, se transformando não somente em um local de escuta, mas de acolhimento", diz o adolescente.
"Eu me sentia muito temeroso, porque era como se eu estivesse vivendo sem saber o dia de amanhã, o mundo andava em uma velocidade e a gente estava preso no mesmo lugar, no mesmo dia a dia, acordava, ligava o computador, assistia às aulas online, fazia as atividades. Acontecia um mundo no meu próprio quarto, eu fazia tudo aqui dentro, enquanto o mundo lá fora fazia as coisas em um ritmo diferente. Foi um período de muita reflexão para as situações que eu estava vivendo e com as pessoas com quem eu estava convivendo", relata João Paulo.
Durante a pandemia, João Paulo passou por um período de reflexão que o ajudou a lidar com os sentimentos de isolamento e fez com que ele tivesse vontade de transformar o seu cotidiano e a si mesmo. "Eu refleti muito no início e foi a partir dessas reflexões que eu tirei a coragem de transformar. Nesse período, tive contato comigo mesmo, com o meu eu interior. Toda a reflexão e incerteza que eu tive na pandemia me permitiram ter a coragem de transformar e fazer as mudanças que eu precisava".
O retorno das aulas e a retomada das atividades presenciais também geraram diferentes sentimentos para João Paulo. "Tive sentimentos aprisionados, passei por uma experiência que jamais imaginei, um período de muitas mudanças. Eu mudei de escola e, agora, entrando no ensino médio, foram tantas transformações que aconteceram ao mesmo tempo que muitas vezes não sabia como expressar e assimilar essas transformações. Não sabia com quem trocar essas informações e o Pode Falar me permitiu esse lugar de acolhimento e escuta, nele senti que tenho voz e encontrei um lugar que para mim é seguro".
Para enfrentar os desafios, João Paulo também encontrou apoio em sua família, principalmente na mãe, que o apoiou em suas decisões, mudanças e transformações. "Minha mãe dizia que toda a mudança que eu estava fazendo era importante para mim e se não desse certo não era para eu ficar frustrado, pois uma outra mudança aconteceria até eu achar uma resposta para o meu questionamento. Então todo o aparato, todo o auxílio, todo o apoio diário que minha família me deu foram fundamentais. Às vezes, a grande solução é a conversa, meus pais me ajudaram a clarear os pensamentos e encontrar as soluções que eu estava buscando".
A escuta acolhedora tem se tornado um mecanismo fundamental para o adolescente. "Eu escuto relatos de amigos próximos e a gente vai trocando essas experiências e emoções e da mesma forma como eu estou me abrindo, eu estou construindo algo dentro de mim, eu sinto que estou ajudando aquela pessoa e aquela pessoa está me ajudando. Então essa troca é muito importante, não só pelo meio virtual, mas com aquelas pessoas que estão próximas a mim".
Para outros adolescentes que também estejam passando por momentos difíceis, João Paulo aconselha: "Por mais sombrio e obscuro que pareça os seus sentimentos, não desista, faça isso por você, esse será um grande gesto de amor por você. Não desistir de você, confiar em você, lutar por você, é a principal chave. Por mais que existam pessoas ao nosso lado nos acompanhando, a transformação vem de nós".
João Paulo conta que, apesar dos momentos de muita angústia, nunca desistiu. "Encontrei dentro de mim a força para fazer a mudança que eu precisava, eu lutei por mim, eu refleti por mim, eu transformei por mim, porque só eu podia fazer aquilo por mim. Se você desiste de você, por mais que outros acreditem, você não consegue dar um passo adiante".
"São nos momentos difíceis como esses que descobrimos os grandes heróis que nós somos. É se abrindo, ajudando o próximo e se ajudando, ouvindo o próximo e nos ouvindo, que nós conseguimos encontrar as respostas para os nossos problemas. Vai parecer difícil, mas no final vai valer muito a pena", conclui o adolescente.
Sobre o Pode Falar – O Pode Falar, canal de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, teve mais de 42 mil acessos e segue disponível, oferecendo materiais, testemunhos e a possibilidade de uma escuta acolhedora via chat, em regime de plantão, que atendem de forma anônima e gratuita por meio de um chatbot, que pode ser acessado pelo site podefalar.org.br ou pelo WhatsApp e acaba de ser integrado também ao Instagram via direct no perfil @canal.podefalar. Para realizar essa estratégia, o UNICEF conta com o apoio de milhares de doadores individuais e de parceiros corporativos.
