Entender é muito diferente de sentir
O pernambucano José Bazante, 17 anos, faz parte do Pode Falar e relata a importância da escuta acolhedora

A adolescência é um momento importante na vida, uma época em que ocorrem diversas mudanças. Para o pernambucano José Maurício Cavalcanti Bazante, 17 anos, que têm contribuído nas formações das equipes do Pode Falar – canal de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, criado pelo UNICEF –, lidar com as diversas emoções é um desafio. "Muitas vezes a gente entende o momento que estamos passando, mas entender é muito diferente de sentir".
O adolescente foi convidado a palestrar no primeiro encontro online de formação do Pode Falar. Nele, compartilhou as vivências e os desafios da sua geração com pedagogos, professores e voluntários, com o objetivo de discutir uma abordagem mais próxima dos jovens no momento da escuta. "A adolescência é plural, eles não enfrentam os mesmos problemas, por isso é importante acolher e escutar", diz José.
"Os adolescentes, grupo do qual eu também faço parte, muitas vezes se veem imobilizados e impedidos de fazer algo, a gente não consegue corrigir, de um dia para o outro, todos os problemas que a escola e a família carregam", relata o jovem.
Nesse processo, a escuta acolhedora é importante para criar um espaço seguro para os adolescentes. Para José, o primeiro passo é buscar estabelecer um ambiente aberto, atento e de confiança. "Para além de dizer que está tudo bem, é preciso mostrar que a pessoa pode falar, mostrar interesse, cuidado, insistência de você estar ali de fato para ouvir e acolher, sem criticar, e depois procurar uma solução", conta.
Além da escuta acolhedora, o adolescente pontua a importância de encontrar tarefas e hobbies que deem sentido para o dia a dia. “Para quem está passando por momentos difíceis, é importante se prender a realidade de alguma forma e procurar algo que dê sentido. Eu encontrei algo que desse sentido na participação política, mas você pode encontrar esse algo na música, na arte, em diversos lugares. Fale com alguém, é necessário, é preciso, a gente não consegue resolver as coisas sozinhos, não dá", diz José.
José acredita que o Pode Falar é um canal de transformação. "O Pode Falar é uma forma que a gente tem de melhorar e mudar as coisas que precisam ser alteradas e aperfeiçoadas, é conversando, entrando nas discussões, é debatendo, abrindo esses momentos de formação que encontramos grandes forças motrizes para uma eventual melhora".
Sobre o Pode Falar – O Pode Falar, canal de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, teve mais de 42 mil acessos e segue disponível, oferecendo materiais, testemunhos e escuta acolhedora via chat em regime de plantão, de forma anônima e gratuita por meio de um chatbot batizado de Ariel pelos próprios adolescentes, que pode ser acessado pelo site podefalar.org.br ou pelo WhatsApp, e agora também está integrado ao Instagram via direct no perfil @canal.podefalar. Para realizar a estratégia, o UNICEF conta com o apoio de milhares de doadores individuais e de parceiros corporativos como a Fundação Raízen.