Professores de Belém participam de formação sobre educação para refugiados e migrantes indígenas

UNICEF, Aldeias Infantis SOS e a Secretaria Municipal de Educação participaram da iniciativa, que visa formar profissionais de educação de Belém que atendem o povo warao em turmas de ensino regular

22 março 2022

Belém, 22 de março de 2022 – Na última quinta-feira (17), foi realizada a segunda etapa de oficinas formativas para profissionais da educação da rede municipal de Belém que atendem refugiados e migrantes indígenas da etnia warao nas turmas de ensino regular. A formação ocorreu na Unidade de Educação Infantil de Itaiteua e foi realizada pela equipe de educação do Projeto Súper Panas, uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Aldeias Infantis SOS, que atua desde 2020 em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semec) de Belém no fortalecimento da educação voltada a indígenas waraos, povo que integra o fluxo migratório da Venezuela.

“É fundamental dar acesso à escola a crianças e adolescentes, não importa de onde eles venham. É essencial que haja metodologias e práticas para a implementação de educação intercultural de forma a garantir a qualidade do aprendizado, e para ampliar a sensibilização da comunidade escolar para a integração desses meninos e meninas”, afirma a consultora de educação do UNICEF em Belém, Nayana Goes.

Educação intercultural – Participaram da oficina 16 profissionais da educação infantil divididas entre professoras e assistentes de educação, além da direção da unidade de ensino. Na programação, foram realizados momentos de reflexão sobre o modo de vida de indivíduos que se movimentam de maneira espontânea entre cidades e bairros, e como isso se reflete na migração e na oferta de educação.

“O objetivo foi despertar nas participantes a compreensão e sensibilização sobre o processo de movimentação territorial ao qual os povos waraos foram submetidos compulsoriamente. A construção de elementos figurativos serviu também para discutir como nossa cultura está presente em nossas identidades, relações territoriais e sociais, o que possibilitou fazer uma ponte sobre a interculturalidade entre brasileiros e venezuelanos waraos”, afirmou Selli Silva, coordenadora do Súper Panas, em Belém.

A oficina também abordou os desafios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e como nela podem ser trabalhados temas como interculturalidade, interdisciplinaridade e transversalidade, elementos temáticos basilares para a construção de uma proposta metodológica e compreensão da realidade da população em questão. A discussão deu enfoque aos desafios e às possibilidades que são encontrados no processo cotidiano de ensino e aprendizagem.

Assim, foi possível ouvir também as inquietações dos profissionais de educação. Um dos desafios mais presentes foi a comunicação com os estudantes por conta do déficit de linguagem, assim como diferenças e divergências culturais entre os estudantes brasileiros, waraos e os próprios professores e professoras.

Durante a oficina, ainda foi possível discutir sobre os planos pedagógicos para a recepção e acolhimento dos estudantes waraos. Para fundamentar as produções, foram entregues materiais já elaborados em oficinas passadas pela equipe Súper Panas, como livros ilustrativos que abordam temáticas de alimentação e cultura, em espanhol e na língua warao. Os materiais auxiliaram as professoras a construir o seu próprio material.

Sobre os Súper Panas – Os espaços Súper Panas – expressão comum em países como a Venezuela que pode ser traduzida como “super amigos” – oferecem atividades de educação não formal e de apoio psicossocial para crianças e adolescentes refugiados e migrantes venezuelanos, integrando intervenções de educação e proteção. A ação atua também na prevenção de violências, abuso e exploração de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Atualmente, 25 Súper Panas funcionam nos estados de Roraima, do Amazonas e do Pará, implementados com o apoio financeiro do Escritório para População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado dos Estados Unidos (PRM, na sigla em inglês) e do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (Echo, na sigla em inglês).

Em Manaus e Belém, desde o primeiro semestre de 2020, os espaços Súper Panas estão presentes em abrigos coordenados pelas gestões municipal e estadual, organizações da sociedade civil e Exército Brasileiro, no âmbito da Operação Acolhida do Governo Federal. Nesses espaços, atuam mais de 50 profissionais capacitados pelo UNICEF e parceiros com base em normativas nacionais e internacionais de atenção a crianças e adolescentes em situação de emergência. Parte dessa equipe é composta por profissionais venezuelanos, inclusive indígenas da etnia indígena warao, o que promove uma maior adaptação das atividades e serviços à diversidade cultural apresentada nos espaços.

Contatos para a imprensa

Elizabeth da Costa Cavalcante
Oficial de Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (92) 98173 3114

Sobre o UNICEF
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