Estudantes e professores unem-se para enfrentar a cultura de fracasso escolar no Rio Grande do Norte
As boas práticas destacadas pelo Avexadas para Aprender tinham a construção e o fortalecimento de projetos de vida como elementos centrais
Natal, 9 de dezembro de 2022 – Islânia Ferreira tem 16 anos e cursa o 8º ano em uma escola estadual de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Pela primeira vez desde sua reprovação, ela concluirá o ano sem se sentir deslocada ou para trás diante de seus dois anos de atraso escolar. A turma da adolescente é uma das 31 beneficiadas pelo Programa Avexadas para Aprender que, ao longo deste ano, implementou mudanças no currículo e na forma de ensinar para enfrentar a cultura de fracasso escolar no estado. Ontem (8/12), um conjunto de boas práticas foi apresentado por estudantes e professores como parte dos resultados da iniciativa.
O encontro, realizado em Natal, trouxe como destaque atividades que se conectavam com os estudantes, possibilitavam a reflexão e o desenvolvimento de projetos de vida. “Eu comecei a perceber que podia conversar com a professora, com a diretora. Achava que não aprenderia mais nada, que só ficaria com os pequenos. Mas isso mudou. Agora quero estudar, aprender e chegar logo ao ensino médio”, conta Islânia.
Com a experiência, Gabrielly Thiciane dos Santos, professora de Islânia, também passou por mudanças. “Eu ganhei um presente. Vi que aprendi muito mais do que quando só ensinava a disciplina. Aprendi que é preciso recompor o que eles perderam, mas também respeitar o tempo. Despertar para a vida”, descreve, relatando que uma das estratégias utilizadas foi a escrita de uma carta ao futuro. A iniciativa possibilitou tanto o exercício da escrita como a reflexão e a discussão sobre sonhos. A sensibilidade também contou a favor para atrair e manter o interesse dos estudantes. “Percebi que eles sempre ficavam embaixo de uma árvore quando fugiam da sala. Resolvi, então, levar as aulas para lá”, diz.
Em todo o estado, 138 mil meninos e meninas fazem parte desse contexto, segundo o Censo Escolar (2021). Para 2023, a governadora Fátima Bezerra informa que o plano é ampliar o Avexadas. “A pandemia da covid-19 agravou o atraso escolar, mas estamos dando respostas, trabalhando para manter os alunos na escola e ampliar a aprendizagem. Com certeza vamos manter e ampliar o programa”, afirma a governadora.
O professor Alexandre Soares, membro honorário da Undime no Rio Grande do Norte, ressalta que a iniciativa precisa ser fortalecida e chegar o mais rápido possível a mais estudantes. “Precisamos correr, mas sem perder a qualidade do nosso trabalho. Sem dúvida, os estudantes ganham uma nova oportunidade de recomeçar. É um trabalho que ganha várias frentes, recuperar as aprendizagens de quem está em distorção e enfrentar para que novos estudantes sigam os estudantes da idade certa”, enfatiza.
A especialista em Educação do UNICEF Verônica Bezerra reforça que o projeto busca fortalecer uma escola que faça sentido para os estudantes. “O caminho para enfrentar a cultura de fracasso escolar é criar uma escola conectada aos sonhos dos estudantes, que tenha os projetos de vida como elemento central e possibilite que todos possam aprender”, destaca.
Avexadas – Iniciado em 2020, a partir de um regime de colaboração entre diversos parceiros, o Programa Educacional Caminhos de Aprendizagens: Avexadas para Aprender desenvolveu a formação de profissionais, a escuta de adolescentes e a construção conjunta de um currículo diferenciado. Neste ano, sua implementação ocorreu em 31 turmas de 22 escolas, em 16 municípios potiguares, envolvendo cerca de 600 estudantes em atraso escolar.
O Avexadas nasceu a partir da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar (TSE) e conta com a parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte (Seec/RN) e a União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande do Norte (Undime/RN), além do apoio estratégico do UNICEF e do Itaú Social.
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