Pai passa 3 noites em cima de uma árvore com seus filhos - Ciclone Idai
Eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas

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Matarara, Moçambique - “Eu estava em casa com a minha esposa Manuela (26) e meus quatro filhos (10, 7, 5 e 3 anos) e de repente o vento ficou muito forte. Então veio a chuva intensa, e a água rapidamente inundou a nossa casa e nós tivemos que subir nas árvores para escapar. Ficamos mais de 3 dias e noites sozinhos naquela árvore, não tínhamos comida, água, nada! Eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas para evitar que caíssem na água. Quando o nível da água finalmente desceu, conseguimos chegar aqui a este abrigo.” Josias Fernando, de 32 anos de idade, e a sua família foram forçados a procurar abrigo devido a destruição que o ciclone Idai provocou na sua comunidade de Matarara, na província de Manica.
Já passa uma semana desde que o ciclone IDAI atingiu a zona centro de Moçambique, e há milhões de pessoas, como Josias, que precisam de ajuda humanitária imediata. Novos abrigos temporários e improvisados são “descobertos” todos os dias em comunidades que agora são acessíveis por estrada.
A escola primária de Matarara é um desses abrigos improvisados, e que agora recebe ajuda humanitária, incluindo uma brigada móvel de saúde e nutrição do Ministério da Saúde, com apoio do UNICEF, que está a prestar cuidados básicos de saúde para a população.
Eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas para evitar que caíssem na água.
Conhecemos Josias quando ele visitou a tenda da brigada de saúde para receber tratamento porque, durante os três dias em que permaneceram nas árvores, ele sofreu lesões musculares como consequência de manter a sua família a salvo das águas. Ele veio acompanhado pelo seu filho João, de 3 anos de idade, que tem uma infecção respiratória, que também foi tratado pela brigada de saúde.
De acordo com estimativas iniciais do governo, 1,9 milhões de pessoas em todo o país, incluindo 1 milhão de crianças, foram afetadas pelo ciclone que atingiu o país na semana passada. No entanto, muitas áreas ainda não são acessíveis e o UNICEF e os seus parceiros no terreno sabem que os números finais serão muito mais elevados. “A situação é séria, e o UNICEF e seus parceiros estão apoiando o governo para trazer apoio urgente à população afetada, incluindo água limpa, saneamento e higiene, bem como assistência médica”, disse Marcoluigi Corsi, Representante do UNICEF em Moçambique.
O UNICEF tem prestado apoio ao Governo de Moçambique para restabelecer os serviços de saúde básicos, incluindo a vacinação, prevenção e tratamento da malária, para as comunidades afectadas e também garantir que medicamentos essenciais estejam disponíveis nos centros de saúde e brigadas móveis. O UNICEF também fornece apoio para melhorar o estado nutricional de crianças menores de 5 anos, incluindo o tratamento de crianças com desnutrição aguda severa e encorajando práticas correctas de alimentação infantil.