Pai passa 3 noites em cima de uma árvore com seus filhos - Ciclone Idai

Eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas

Claudio Fauvrelle
“Quando a água inundou a nossa casa, nós tivemos que subir nas árvores para escapar. Ficamos mais de 3 dias e noites sozinhos naquela árvore, eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas para evitar que caíssem na água,” contou Josias Fernando, de 32 anos de idade.
UNICEF Moçambique/2019/Javier Rodriguez
24 Março 2019

Matarara, Moçambique - “Eu estava em casa com a minha esposa Manuela (26) e meus quatro filhos (10, 7, 5 e 3 anos) e de repente o vento ficou muito forte. Então veio a chuva intensa, e a água rapidamente inundou a nossa casa e nós tivemos que subir nas árvores para escapar. Ficamos mais de 3 dias e noites sozinhos naquela árvore, não tínhamos comida, água, nada! Eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas para evitar que caíssem na água. Quando o nível da água finalmente desceu, conseguimos chegar aqui a este abrigo.” Josias Fernando, de 32 anos de idade, e a sua família foram forçados a procurar abrigo devido a destruição que o ciclone Idai provocou na sua comunidade de Matarara, na província de Manica.

Já passa uma semana desde que o ciclone IDAI atingiu a zona centro de Moçambique, e há milhões de pessoas, como Josias, que precisam de ajuda humanitária imediata. Novos abrigos temporários e improvisados ​​são “descobertos” todos os dias em comunidades que agora são acessíveis por estrada.

A escola primária de Matarara é um desses abrigos improvisados, e que agora recebe ajuda humanitária, incluindo uma brigada móvel de saúde e nutrição do Ministério da Saúde, com apoio do UNICEF, que está a prestar cuidados básicos de saúde para a população.

 Eu tive que amarrar meus filhos na árvore com suas próprias roupas para evitar que caíssem na água. 

Josias Fernando

Conhecemos Josias quando ele visitou a tenda da brigada de saúde para receber tratamento porque, durante os três dias em que permaneceram nas árvores, ele sofreu lesões musculares como consequência de manter a sua família a salvo das águas. Ele veio acompanhado pelo seu filho João, de 3 anos de idade, que tem uma infecção respiratória, que também foi tratado pela brigada de saúde.

De acordo com estimativas iniciais do governo, 1,9 milhões de pessoas em todo o país, incluindo 1 milhão de crianças, foram afetadas pelo ciclone que atingiu o país na semana passada. No entanto, muitas áreas ainda não são acessíveis e o UNICEF e os seus parceiros no terreno sabem que os números finais serão muito mais elevados. “A situação é séria, e o UNICEF e seus parceiros estão apoiando o governo para trazer apoio urgente à população afetada, incluindo água limpa, saneamento e higiene, bem como assistência médica”, disse Marcoluigi Corsi, Representante do UNICEF em Moçambique.

O UNICEF tem prestado apoio ao Governo de Moçambique para restabelecer os serviços de saúde básicos, incluindo a vacinação, prevenção e tratamento da malária, para as comunidades afectadas e também garantir que medicamentos essenciais estejam disponíveis nos centros de saúde e brigadas móveis. O UNICEF também fornece apoio para melhorar o estado nutricional de crianças menores de 5 anos, incluindo o tratamento de crianças com desnutrição aguda severa e encorajando práticas correctas de alimentação infantil.