Removendo o medo da conversa sobre a vacina

A campanha de vacinação COVID-19 na Guiné-Bissau

Yasmina Silva
Silvina Lopes vaccinating Chief Casma Có in Ondame, Biombo Region
UNICEF/GuineBissau/Yasmina Silva
04 Julho 2021

Havia 176 casos ativos da COVID-19 na Guiné-Bissau no final do mês de Maio. Homens entre 25 e 34 anos são os mais vulneráveis ao coronavírus. As mulheres neste grupo etário também são mais vulneráveis do que as de outras faixas de idade.

Desde que o último estado de calamidade foi decretado pelo Conselho de Ministros Bissau-Guineense, em Bissau, tem havido uma tendência descendente no número total de casos do COVID-19. Observando tanto o declínio dos números quanto a necessidade de aplicar continuamente medidas preventivas, o Conselho de Ministros reduziu o nível de emergência de um Estado de Calamidade para começar no dia 20 de maio de 2021.

Em preparação para a campanha de vacinação que reiniciou no país no dia 22 de maio de 2021, enfermeiros do Setor Autónomo de Bissau, e das regiões de Biombo e Bafatá passaram por um programa de reciclagem para garantir que a campanha fosse bem-sucedida. Parte dessa formação incluiu a comunicação, com o objetivo de promover a confiança entre a população e os vacinadores.

Ao longo da semana, vacinadores, sensibilizadores e outros voluntários trabalharam no calor de maio para garantir que as 28.800 doses recebidas através do mecanismo COVAX, o qual é facilitado através de uma parceria entre o UNICEF, GAVI, CEPI e OMS foram administrados em regiões urbanas, periurbanas e rurais.

Num modesto posto de vacinação equipado com materiais sanitários que encoraja comportamentos preventivos, os idosos da aldeia de Dorse na região de Biombo pacientaram, alguns mais inquietos do que outros, mas gratos por não terem sido negligenciados pela campanha. Ficaram felizes em saber que não ficariam sozinhos a combater a pandemia da COVID-19. Maria Ié, uma idosa de Dorse, expressou gratidão por poder ser vacinada tão perto de sua casa.

 

Uma Mulher a lavar as mãos em Safim, região de Biombo
UNICEF/GuineBissau/Yasmina Silva
Uma Mulher a lavar as mãos em Safim, região de Biombo

A vacinadora Silvina Lopes fez do seu melhor para garantir que os membros da comunidade se sentissem seguros em suas mãos e que conheciam o seguimento depois de serem vacinados. Muitos membros da comunidade Dorse não falavam crioulo, então muitas vezes Lopes se comportava como tradutora. Explicou como a vacina funcionava e, no interesse de transparência, explicou também os potenciais efeitos colaterais.

"Dizemos às pessoas que nós [técnicos de saúde] fomos vacinados primeiro e que ainda estamos bem, para que elas tenham menos medo. É importante, porque às vezes recebem chamadas de familiares no exterior que lhes dizem que a vacina é prejudicial e que mata. Quando explicamos que o recebemos também, mostramos que eles também ficarão bem," disse ela sobre os seus métodos de comunicação com a população.

Mesmo no caso dos efeitos secundários, Lopes pede que não se preocupem porque não serão abandonados depois da vacinação. Dois números de telefone foram fornecidos à população em caso de efeitos secundários, e ela assegurou-lhes que eram bem-vindos para ir ao centro de saúde onde foram vacinados a qualquer momento.

A vacinadora Silvina Lopes explicando o que é a vacina e os seus possíveis efeitos colaterais a um membro da comunidade Dorse.
UNICEF/GuineBissau/Yasmina Silva
A vacinadora Silvina Lopes explicando o que é a vacina e os seus possíveis efeitos colaterais a um membro da comunidade Dorse.

Foi também ela quem vacinou o Régulo Casma Có de Ondame, também na região do Biombo. Antes de o inocular, o coordenador regional da campanha, médico Júlio Santos, explicou que "se for vacinado não será capaz de infetar outros. Antes que houvesse uma vacina, estávamos a lutar contra o vírus, mas agora que há uma, a doença perdeu força," disse ele ao Régulo.No seu discurso, Régulo Có garantiu à equipa de vacinação que faria sua parte para garantir que haveria aceitação da vacina na sua comunidade.

"Tenho medo de muitas coisas, e tenho muito medo da febre. A COVID-19 é ainda pior, por isso estou grato por esta vacina," disse ele.

Numa demonstração de confiança, o Régulo manteve-se sereno enquanto Lopes o inoculava contra o vírus contra o qual todos nós lutamos. Saber que uma pessoa de confiança foi vacinada incentivou os cidadãos das aldeias e cidades das três regiões a procurar também as suas primeiras doses da vacina.

Com a contínua dedicação dos líderes tradicionais em colaborar com as equipas de vacinação, a Guiné-Bissau vai conseguir reduzir a doença infeciosa. Uma força central no desenrolar da campanha de vacinação é a sua promoção de boca em boca. Uma boa comunicação entre as equipas de saúde e os membros de suas comunidades, e até mesmo dentro dessas próprias comunidades, é fundamental para garantir que combatemos essa doença de forma eficaz, porque uma pessoa extra protegida faz muito na proteção dos outros.

A Guiné-Bissau recebeu 28.800 doses de vacina COVID-19 via COVAX, uma parceria entre CEPI, Gavi, UNICEF e OMS. Foi um passo tremendo em direção ao nosso objetivo de garantir a distribuição equitativa das vacinas COVID-19 globalmente, no que será a maior operação de aquisição e fornecimento de vacinas da história.

Os parceiros da COVAX têm apoiado os governos e parceiros nos esforços de prontidão, em preparação para este momento. Eles têm sido especialmente ativos no trabalho com alguns dos países mais pobres do mundo: aqueles que se beneficiarão do Compromisso de Mercado Avançado (AMC), um mecanismo financeiro inovador para ajudar a garantir o acesso global e equitativo para as vacinas COVID-19.

Sensibilizadora da equipe de vacinação do hospital regional de Bafatá
UNICEF/GuineBissau/Yasmina Silva
Sensibilizadora da equipe de vacinação do hospital regional de Bafatá