Coronavírus - Como apoiar a criança e as suas emoções
6 formas de apoiar as crianças a lidar com as suas emoções
Esteja calmo e disponível
“Os pais devem ter uma conversa calma e proactiva com seus filhos sobre a COVID-19 e explicar o importante papel que as crianças podem desempenhar para se manterem saudáveis. E incentivar os filhos a partilharem se não se sentirem bem ou se estiverem preocupados com o vírus, para que os pais possam ajudar."
“Os adultos podem sentir empatia com o que as crianças estão, compreensivelmente, a sentir: nervosismo e preocupação com a COVID-19. Tranquilize os seus filhos que a doença devido à infeção por COVID-19 é, geralmente, leve, especialmente entre crianças e jovens.” Também é importante lembrar que muitos dos sintomas da COVID-19 podem ser tratados. “A partir daí, podemos lembrá-los de que existem muitos comportamentos eficazes que podemos fazer para nos mantermos a nós mesmos e aos outros seguros e a ter um controle maior da nossa situação: lavar, frequentemente, as mãos, não tocar no rosto e respeitar o distanciamento social."
Estabeleça uma rotina
“As crianças precisam de estrutura. E o que todos nós temos que fazer, muito rapidamente, é inventar rotinas inteiramente novas para os nossos dias. Eu recomendo fortemente que os pais tenham um plano para o dia - que pode incluir tempo para a criança usar o telefone e falar com os seus amigos, mas também deve ter um tempo livre de tecnologia e um tempo reservado para ajudar em casa. Precisamos de pensar sobre o que valorizamos e construir uma rotina que reflita isso. Será um grande alívio para os nossos filhos ter a sensação de um dia previsível e saber quando devem estar a estudar e quando podem brincar".
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“Para crianças entre os 10 e 11 anos ou mais, eu pediria à criança que preparasse o plano. Dê-lhes uma ideia do tipo de coisas que devem ser incluídas na rotina do dia e depois defina o plano com base no que eles criaram”. Com crianças mais novas, “dependendo de quem está com elas (percebo que nem todos os pais estarão em casa para fazer isso), defina o seu dia para que todas as tarefas que precisam de ser feitas o são: os trabalhos da escola e as outras tarefas domésticas. Para algumas famílias e para as suas crianças, funciona melhor definir isso no início do dia. Para outras, pode funcionar melhor começar o dia um pouco mais tarde, depois de tomar o pequeno almoço em família.” Para os pais que não conseguem acompanhar os seus filhos durante o dia, procure definir com o educador ou cuidador a melhor maneira de organizar o dia.
Deixe o seu filho sentir as emoções
Com a suspensão das atividades letivas presenciais, são canceladas as peças de teatro da escola, os concertos ou os jogos e os campeonatos desportivos, o que faz com que as crianças fiquem dececionadas. O conselho número um da Psicóloga Lisa Damour é permitir que as crianças se sintam tristes. "Na vida de um adolescente, estas são grandes perdas. É uma perda maior para eles do que para nós, porque nós comparamos com a nossa vida e experiência. Apoie e tente normalizar o que estão a sentir, que estão muito tristes e frustrados com estas perdas.”
Verifique o que está a ouvir ou a ler
Há muita desinformação a circular sobre a COVID-19. “Descubra o que seu filho está a ouvir ou o que pensa que é verdade. Não é suficiente contar os factos, porque se não souber o que ele está a pensar e falar diretamente sobre algum mal-entendido, o seu filho pode juntar todas essas informações com algo impreciso que tenha ouvido. Descubra o que o seu filho já sabe e comece a partir daí.”
Se os seus filhos tiverem perguntas que não saiba responder, em vez de adivinhar, use-as como uma oportunidade para, juntos, procurarem as respostas. Recorra a páginas na internet de organizações confiáveis, como a Organização Mundial de Saúde, a Direção Geral da Saúde ou o UNICEF para obter mais informação.
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Crie distrações e momentos divertidos
Quando se trata de processar emoções difíceis, "siga as dicas do seu filho e pense em equilibrar a conversa sobre sentimentos com momentos de distração, e permita essas distrações quando as crianças se estiverem a sentir muito chateadas". Organizem uma noite de jogos em família ou preparem refeições juntos. Em casa da Psicóloga Lisa Damour, "decidimos que, todas as noites, teremos uma equipa responsável pelo jantar. Dividimo-nos em pares e vamos trocando a responsabilidade de fazer o jantar para a família.”
Com os adolescentes e os seus ecrãs, permita alguma uma margem, mas não a liberdade total. A Psicóloga Lisa Damour aconselha a ser direto com o seu filho adolescente e dizer que entende que eles têm mais tempo disponível, mas que não será uma boa ideia ter acesso ilimitado ao ecrã ou às redes sociais. “Pergunte ao seu filho adolescente: como devemos lidar com isso? Cria um plano e mostra-me o que estás a pensar e depois eu dou-te a minha opinião.”
Esteja atento ao seu próprio comportamento
"É claro que os pais também estão ansiosos e os nossos filhos vão apanhar alguns desses sinais. Eu pediria aos pais que fizessem o possível para lidar com a sua ansiedade e não partilhassem os seus medos com os filhos. Isso pode significar conter emoções, o que pode ser difícil às vezes, especialmente, se as estivermos a sentir de forma intensa.”
As crianças confiam nos pais para lhes proporcionarem uma sensação de segurança. “[É importante] lembrar que as crianças são os passageiros e nós é que estamos a conduzir o carro. E mesmo que nos sintamos ansiosos, não podemos deixar que se sintam seguros".