Apesar do aumento significativo de registos de nascimento, um quarto das crianças do mundo mantém-se ‘invisível’ – UNICEF

A proporção de registos de nascimento aumentou quase 20 por cento nesta última década, contudo, 166 milhões de crianças com menos de cinco anos ainda não foram oficialmente registadas

15 Abril 2020
Children being registered at Canogo health center in Guinea-Bissau
UNICEF Guinea-Bissau/2018/Pagetti VII

BISSAU, 11 de Dezembro de 2019 – O número de crianças cujo nascimento foi oficialmente registado teve um aumento significativo ao nível mundial, contudo, 166 milhões de crianças com menos de cinco anos, ou seja, 1 em cada 4, ainda continuam sem registo, de acordo com um novo relatório lançado hoje pelo UNICEF, por ocasião do seu 73º aniversário.

O relatório “Registo de Nascimento para Cada Criança até 2030: Estamos alinhados?” – que analisa dados de 174 países – mostra que a proporção de crianças com menos de cinco anos, registadas mundialmente aumentou cerca de 20 por cento, quando comparada com a de há 10 anos atrás – aumentando de 63 por cento para 75 por cento.

“Progredimos bastante, mas ainda há muitas crianças que escapam não contabilizadas e não incluídas,” disse a Diretora-Executiva do UNICEF, Henrietta Fore. “Uma criança não registada ao nascer é invisível – não existente aos olhos do governo ou da lei. Sem prova de identidade, as crianças são frequentemente excluídas do acesso à educação, cuidados médicos e outros serviços essenciais, vulneráveis à exploração e abuso.”

O processo global é amplamente justificado pelos enormes avanços registados na Ásia do Sul, particularmente no Bangladesh, India e Nepal, mas este progresso é também verificado na África Ocidental e Central onde o registo de crianças com menos de cinco anos teve um aumento de 41 por cento para 51 por cento em 10 anos, apesar dos diversos desafios que a região está a enfrentar. No país mais populoso de África, a Nigéria, a proporção de crianças cujo nascimento foi oficialmente registado aumentou de 30 por cento em 2008 para 43 por cento em 2018, mostrando o valor da integração do registo de nascimento nos serviços de saúde. Países franco-africanos como o Benim, o Congo e a Guiné-Conacri também tiveram um progresso sólido no melhoramento das taxas de registo de nascimento nacional.

“O registo de nascimento na África Ocidental e Central manteve-se estagnado por muito tempo, deixando milhões de crianças sem o seu direito básico à identidade legal. Esta situação tem vindo a alterar e mais milhares de crianças são agora registadas ao nascer”, disse Marie-Pierre Poirier, a Diretora Regional do UNICEF para a África Ocidental e Central. “Com o apoio do UNICEF, e sob a liderança da União Africana e dos governos nacionais, os países investiram na integração do registo de nascimento em plataformas de saúde e imunização para estender a cobertura à acessibilidade de serviços e alcançar até as populações mais vulneráveis.

Esta simples alteração no método de serviço é não só de custo reduzido, mas eficaz no aumento nacional das taxas de registo de nascimento, contribuindo para o progresso da região no seu todo.

No que diz respeito aos esforços da Guiné-Bissau para aumentar o número de crianças registadas, realça-se a integração gradual dos serviços de registo de nascimento nas estruturas de saúde, com o apoio do UNICEF e Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz. Atualmente, 20 unidades de registo de nascimento encontram-se operacionais em todos os hospitais nacionais e regionais e também em alguns centros de saúde, e a extensão de novos continuará. Simultaneamente, as iniciativas de registo nas comunidades têm sido amplamente promovidas, por forma a levar os serviços de registo de nascimento junto das mesmas. Desde 2017, mais de 50,000 crianças Guineenses beneficiaram destas duas importantes iniciativas.

No entanto, é necessário que estes esforços continuem a fortalecer a colaboração com outros setores do governo, sobretudo o da educação, e que abordem os desafios que continuam a dificultar o registo de crianças após o seu nascimento, especialmente o facto de muitas famílias residirem em área rurais e remotas, onde os serviços não funcionam.

Apesar dos progressos verificados ao nível global, a maioria dos países na África subsariana está atrasada em comparação com o resto do mundo e algumas das taxas mais baixas de registo são encontradas no Chade (12 por cento) ou na Guiné-Bissau (24 por cento), onde o governo aprovou o Plano Nacional de Ação de Registo Civil e Estatísticas Vitais em 2019, e está a mobilizar parcerias e fundos para a sua implementação.

“Se quiserem realmente alcançar a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para fazer toda e cada criança contar, os governos devem aumentar soluções viáveis para melhorar o registo de nascimento”, salientou Marie-Pierre Poirier.

Os obstáculos globais ao registo incluem a falta de conhecimento em como registar o nascimento da criança, custos inacessíveis do registo de nascimento ou para a aquisição da certidão de nascimento e a distância em relação ao centro de registo mais perto. Costumes e práticas tradicionais em algumas comunidades – tais como mães recentes manterem-se no interior, ou a impossibilidade de mães solteiras registarem as suas crianças – podem também afetar ou impedir que o registo de nascimento formal seja feito no prazo permitido.

Mesmo quando o nascimento das crianças é registado, a posse da certidão de nascimento é menos comum, com globalmente 237 milhões de crianças com menos de cinco - ou um pouco mais do que 1 em cada 3 – não a não dispor desta prova oficial de registo.

Em Registo de Nascimento para Cada Criança até 2030, o UNICEF apela a cinco ações para a proteção de todas as crianças:

  • Providenciar a cada criança uma certidão após nascimento.
  • Empoderar todos os pais, incluindo pais solteiros, independentemente do seu género, a registar as suas crianças após nascimento e de graça no primeiro ano de vida.
  • Interligar o registo de nascimento a serviços básicos, particularmente à saúde, proteção social e educação, como um ponto de entrada para o registo.
  • Investir em soluções tecnológicas seguras e inovadoras para permitir a cada criança de ser registada, incluindo em zonas de acesso difícil.
  • Engajar comunidades para exigir o registo de nascimento para cada criança.

“Toda a criança tem direito a um nome, nacionalidade e identidade legal, por isso qualquer progresso em relação ao aumento dos níveis de registo são boas notícias,” disse Fore. “Mas, como acabámos de celebrar o 30º aniversário destes direitos – tais como como consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança – não devemos parar até que cada criança seja contabilizada.

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