Aissato Baldé (18 anos), a entusiástica voluntária comunitária que é um exemplo para as suas colegas

Aissato Baldé está a usar as suas habilidades de comunicação para transmitir as medidas preventivas da COVID-19 e envolver-se com a sua comunidade de Tassilima.

Wilson Gama
Aissato Baldé is using her communication skills to pass on COVID-19 preventive measures
UNICEF/GuineBissau/Mendes
19 Janeiro 2021

Enquanto o mundo luta para encontrar maneiras eficazes de conter a disseminação da COVID-19, a jovem repórter Aissato Baldé está a desempenhar um papel significativo na sua comunidade de Tassilima para prevenir a pandemia, partilhando informações importantes sobre a prevenção da COVID-19 junto da sua comunidade.

Há muito a dizer sobre a Aissato, uma jovem do liceu com olhos castanhos redondos, que vive na remota comunidade de Tassilima. Apesar de ter que caminhar todos os dias - em ambas as direções e com temperaturas em torno de 40 graus Celsius - os 12 km que separam a sua comunidade com a vila de Gabu, onde fica sua escola, Aissato ainda encontra tempo para fazer voluntariado e aprender novas habilidades. Embora Aissato esteja apenas na oitava classe, ela já está a trabalhar para realizar o seu sonho de se tornar médica.

Aissato Baldé, na sua sala de aula no Liceu de Gabu, preparando-se para mais uma aula.
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Aissato Baldé, na sua sala de aula no Liceu de Gabu, preparando-se para mais uma aula.

A Aissato sabe que realizar o seu sonho será um grande desafio na sua comunidade de Tassilima, na qual tantas famílias vivem na pobreza. Na comunidade de Aissato, as crianças muitas vezes precisam ajudar os seus pais e trabalhar no campo, forçando-as a abandonar a escola. Em Tassilima, ser menina também não é valorizado. Frequentemente, dizem às meninas que tudo que elas precisam aprender é como cuidar da casa e lavrar perfeitamente. No entanto, Aissato Baldé, com os seus olhos cheios de esperança, não se preocupa com o futuro. Ela está determinada a superar os obstáculos para realizar o seu sonho. Ela há muito tempo entendeu o poder da educação.

“Costumo andar mais de 24 km todos os dias para ir à escola. Sei que meu sucesso depende da minha educação”, diz Aissato Baldé, 18 anos, com um sorriso tímido.

Em 2018, Aissato participou ativamente na formação em Direitos da Criança e Técnicas Básicas de Jornalismo, uma intervenção apoiada pelo UNICEF no âmbito do Projeto de Capacitação e Participação na Educação de Adolescentes Meninas. Na formação, Aissato teve a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre os direitos humanos e desenvolver grandes habilidades de comunicação e animação.

Extremo direito, Aissato, extremo esquerdo, Assamaua, conversando com membros de sua comunidade sobre as medidas preventivas essenciais da COVID-19.
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Extremo direito, Aissato, extremo esquerdo, Assamaua, conversando com membros de sua comunidade sobre as medidas preventivas essenciais da COVID-19.

“Esta é a unica forma que posso ajudar a minha comunidade”, indica Aissato Baldé.

Tal como Aissato, muitas outras meninas foram inscritas no projeto apoiado pelo UNICEF. Além disso, para aprender novas habilidades, o projeto também inclui atividades de construção da paz, bem como sessões para promover a liderança, o engajamento cívico e o voluntariado na comunidade. Portanto, quando a COVID-19 atingiu o seu país, a Aissato colocou em prática as suas habilidades de liderança. Ela uniu-se às suas amigas para implementar uma campanha de conscientização sobre a COVID-19 na sua comunidade. As meninas coletaram informações sobre as medidas preventivas da COVID-19 e iniciaram uma série de visitas diárias à comunidade para conversar com os seus membros e aumentar o conhecimento dos mesmos a respeito das principais medidas de prevenção da COVID-19.

As ações das meninas foram elogiadas por membros da comunidade e autoridades locais que ficaram impressionados com sua capacidade de implementar um plano tão ambicioso sem qualquer apoio e assistência.

Vagner Cabo
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Vagner Cabo, supervisor da ONG Acão Nacional para o Desenvolvimento Comunitário (ANADEC)

A Aissato começou a participar das atividades de construção da paz quando tinha 15 anos. “Entre os 40 adolescentes que faziam parte do projeto na altura, a Aissato revelou-se a participante mais dinâmica e entusiasta”, afirma Vagner Cabo, supervisor da ONG Acão Nacional para o Desenvolvimento Comunitário (ANADEC), da Região de Gabu. “Ela destacou-se pelo engajamento, participação ativa e colaboração com a comunidade. Até o momento, ela tem contribuído para todas as atividades do projeto e é considerada uma referência para os seus pares dentro da comunidade”, completa Vagner.

Da direita para a esquerda, Candima Djalo, chefe da aldeia de Tassilima e Sadjo Djabula Vice-Diretora da escola básica de Tassilima
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Da direita para a esquerda, Candima Djalo, chefe da aldeia de Tassilima e Sadjo Djabula, Vice-Diretor da escola básica de Tassilima, partilham as suas opiniões sobre a importância das atividades desenvolvidas pelas adolescentes de Tassilima, na região de Gabu, Guiné-Bissau.

O trabalho árduo e a devoção da Aissato à comunidade estão a ser elogiadas por muitos em Tassilima. “Estou feliz por colaborar com adolescentes como a Aissato, pois elas são o futuro da nossa comunidade. Sabemos que hoje são apenas crianças, mas amanhã assumirão papéis de liderança”, realça Sadjo Djabula, Vice-Diretor da Escola Básica de Tassilima. “Quanto antes elas souberem quais são os seus direitos, quais são os seus deveres, mais cedo estarão preparadas para liderar a nossa comunidade”, indica o mesmo.

Por seu lado, Candima Djalo, o chefe da aldeia acha que as ações de Aissato estão a ajudar a tornar a comunidade melhor; um lugar onde meninas como ela podem encontrar um objetivo para a vida. “Isso traz mais confiança aos mais velhos da comunidade, que acreditam fortemente que as suas adolescentes começaram a navegar na adolescência com mais maturidade”, comenta o mesmo.

Candima Djalo e Sadjo Djabula reconhecem que, no passado, as meninas de sua comunidade costumavam engravidar ou se casar muito cedo. Mas, hoje em dia, graças ao que vêm a aprender, por intermédio dos projetos do UNICEF, os líderes comunitários têm testemunhado uma redução considerável no número de gravidezes precoces na sua comunidade. “Isso nos deixa felizes, porque agora as meninas podem prosseguir e concluir os estudos”, diz o chefe da aldeia de Tassimila.

Desde 2018, o UNICEF tem implementado atividades de construção da paz ao nível baseadas na comunidade. O Projeto de Educação, Empoderamento e Participação de Meninas Adolescentes é financiado pelo Comité Nacional do UNICEF para a França.