As meninas adolescentes estão a ajudar com sucesso a sua comunidade no contexto da pandemia COVID-19

A Ramatulai, Djenabu, Assanato e Cadidjato trabalham incansavelmente quando se trata de formar as pessoas que vivem em áreas remotas da sua comunidade sobre como se proteger da COVID-19.

Wilson Gama
As adolescentes a preparar para visitas porta a porta para consciencializar a sua comunidade de Sintchan-Fanca
UNICEF/GuineBissau/Mendes
19 Janeiro 2021

A pandemia da COVID-19 está a causar enormes impactos socioeconómicos em todo o mundo, aprofundando as disparidades e aumentando a vulnerabilidade das comunidades, especialmente aquelas que vivem em áreas remotas.

O sistema de saúde guineense é um dos mais frágil do mundo. Ao mesmo tempo, o contexto da COVID-19 exacerbou a situação económica das comunidades que já se esforçavam para sobreviver. A pandemia também expõe ainda mais as crianças, especialmente as meninas, a riscos como: trabalho infantil, gravidez precoce e casamento infantil.[1]

Em resposta aos desafios enfrentados pela sua comunidade de Sintchan-Fanca, a Ramatulaı Seidi, de 17 anos, e as suas amigas Djenabu, Assanato e Cadidjato, todas elas membros ativos do “Projeto de Educação, Empoderamento e Participação de Meninas Adolescentes” financiado pelo UNICEF, estão a agir como grandes agentes de mudança. As quatro meninas estão a fazer um trabalho incrível para os membros da sua comunidade no que diz respeito a formá-los sobre as medidas de prevenção da COVID-19.

Ramatulai Seidi
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Ramatulai Seidi, uma das adolescentes que realiza as ações de sensibilização sobre a COVID-19 na comunidade de Sintchan-Fanca, região de Bafatá, Guiné-Bissau.

"Estou muito orgulhosa de ter a oportunidade de contribuir para aumentar a consciencialização da minha comunidade sobre como se manter livre da COVID-19’’

Para a Ramatulai e suas amigas, ajudar a sua comunidade no contexto da COVID-19, que já causou mais de 40 mortes na Guiné-Bissau, sempre foi uma tarefa difícil. As meninas optaram por se concentrar nas comunidades rurais, especialmente em áreas remotas. Uma dessas comunidades é a Sintchan-Fanca, uma comunidade localizada na região de Bafatá, na Guiné-Bissau, onde os sistemas de saúde e educação são extremamente fracos e insuficientes, expondo assim os membros da comunidade a um maior risco de contaminação pela COVID-19.

Além disso, à medida que o vírus se espalha ao redor de Sintchan-Fanca, a frágil economia dessa remota comunidade está a ser afetada negativamente. A população enfrenta dificuldades financeiras e não tem acesso as informações que poderiam ter ajudado a melhorar as suas condições de vida. Além disso, como resultado da pandemia, os membros mais vulneráveis da comunidade (principalmente as meninas e meninos) foram expostos a alguns riscos de proteção, entre outros, trabalho infantil, gravidez precoce e o casamento infantil.

Como minimizar a propagação do vírus COVID-19 na comunidade Sintchan-Fanca tem sido uma das principais questões de preocupação para a Ramatulai, Djenabu, Assanato e Cadidjato. Numa época em que o medo da contaminação do vírus COVID-19 era alto, as quatro bravas meninas entenderam que, para sua própria segurança e a da sua comunidade, precisavam agir. Portanto, eles começaram a realizar atividades de porta a porta para aumentar a consciencialização sobre as medidas de prevenção da COVID-19 e partilhar informações importantes sobre o vírus.

As adolescentes durante uma visita de sensibilização da COVID-19 à sua comunidade de Sintchan-Fanca
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Da esquerda para a direita, Ramatulai, Djenabu, Penda (animadora comunitária), Cadidjato e Assanato durante uma visita de sensibilização da COVID-19 à sua comunidade de Sintchan-Fanca, na região de Bafatá, Guiné-Bissau.

‘’ Este projeto me permitiu aumentar a minha confiança e compreensão de que a educação é a solução mais poderosa para desbloquear o nosso futuro ’’, acrescenta Ramatulai Seidi.

Por mais de 4 meses, as meninas participaram em formação sobre os direitos da criança e técnicas básicas de jornalismo, realizado antes do surto da COVID-19, por meio Projeto de Educação, Empoderamento e Participação de Meninas Adolescentes, apoiado pelo UNICEF. A referida formação colocou à disposição das mesmas o conhecimento, as habilidades de comunicação e as competências necessárias para que pudessem desenvolver uma campanha de sensibilização relativa à COVID-19 bem-sucedida.

a Djenabu demonstra as técnicas corretas de lavagem das mãos
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Longe e no centro, a Djenabu demonstra as técnicas corretas de lavagem das mãos durante a visita a uma família da sua comunidade de Sintchan-Fanca, na região de Bafatá, Guiné-Bissau.

A campanha de porta a porta liderada pelas quatro adolescentes corajosas provou ser uma das formas mais bem-sucedidas de rapidamente aumentar a informação sobre o surto da COVID-19 em comunidades remotas. Compreendendo o poder da boa comunicação, a Ramatulai, Djenabu, Assanato e Cadidjato, usaram as suas habilidades e trabalharam duro para se envolver com os membros da sua comunidade e fazer passar as principais medidas de prevenção da COVID-19.

As mensagens das meninas eram simples:

  • Lave as mãos com frequência, usando água e sabão
  • Use uma máscara quando estiver em público
  • Pratique o distanciamento físico sempre que possível
  • Mantenha uma distância segura de qualquer pessoa que esteja a tossir ou espirrar.
  • Cubra o nariz e a boca com o cotovelo ou um lenço ao tossir.
Quidi Baldé e Djenabu Seidi, ouvem com atenção as informações partilhadas pelas adolescentes.
UNICEF/GuineBissau/Mendes
Extremo direito, Quidi Baldé e Djenabu Seidi, ouvem com atenção as informações partilhadas pelas adolescentes.

‘’Tenho participado neste projeto desde o início. Tenho visto que as nossas adolescentes não só aumentaram o seu sentido de identidade e engajamento cívico, mas também como elas são mais respeitadas ao nível da comunidade '', diz Quidi Balde. ‘’ Além disso, elas devem ser elogiadas por partilharem connosco as informações sobre como podemos ficar seguros durante este período da COVID-19 ’’, conclui a mesma.

O fato das meninas terem participados na formação sobre os Direitos da Criança e Técnicas Básicas de Jornalismo antes da campanha porta-a-porta contribuiu para o sucesso desta iniciativa. Na verdade, permitiu-lhes encontrar equipas qualificadas que lhes providenciaram habilidades de alta qualidade úteis para as suas atividades comunitárias. Além disso, o projeto não só ajudou as meninas a aumentar a conscientização sobre o forte valor da educação, mas também aumentou a valorização dos idosos e de outros jovens da sua comunidade. As meninas agora são consideradas modelos para a comunidade.

O Projeto de Educação, Empoderamento e Participação de Meninas Adolescentes é financiado pelo Comité Nacional do UNICEF para a França.