Subsídio para a Criança ajuda mãe a cuidar da sua família em Cabo Delgado
""Fui registrar meu bebé, e não foi difícil. Com este dinheiro quero comprar comida e, quem sabe, começar um pequeno negócio."

Mueda, Cabo Delgado – “Com este dinheiro quero comprar comida e, quem sabe, começar um pequeno negócio", disse Isabel com esperança nos olhos.
Isabel Jorge, mãe do pequeno Arijume Estevão, de 1 ano e 4 meses, é beneficiária do subsídio para a criança (0 a 2 anos). Com 29 anos, é casada e mãe e tem mais três filhos além do Arijume, dois meninos de 12 e 9 anos, e uma menina de 5 anos. Isabel carrega uma história de dor e superação. Ela e sua família fugiram de Lidjungo, uma aldeia no distrito de Nangade devido ao conflito armado em 2020. “Tive de fugir. Eles entraram na aldeia de madrugada e começaram a atacar. Saímos a correr, com meus filhos, minha avó e meu marido. Quando chegamos a Lyanda, já era de manhã, e éramos um grande grupo. Encontramos depois abrigo no centro de reassentamento”, relembra Isabel, com o olhar triste e distante.
A vida no centro tem sido difícil, com falta de água e alimentos, “quando cheguei, o Arijume tinha 6 meses, e o líder de Lyanda me informou sobre o programa do subsídio. Fui registrar meu bebé, e não foi difícil”, conta Isabel, lembrando com alívio do momento que mudou a vida de sua família. Hoje, ela receberá o pagamento acumulado de 8 meses de subsídio pela primeira vez, após não ter conseguido o benefício no pagamento passado pois esteve ausente.
Ao ser perguntada sobre um possível retorno a Nangade, Isabel responde com firmeza: "Não gostaria de voltar. Tenho muito medo", enquanto suas palavras carregam o peso da dor de um passado marcado pelo terror e pela perda.
O programa do Subsídio para a Criança dos 0 aos 2 anos é implementado pelo Instituto Nacional de Acção Social, em parceria com o UNICEF, com apoio financeiro do Governo do Canadá, Finlândia, Suécia, Reino Unido, Irlanda, Noruega, Banco Mundial e KFW.