No último dia da campanha de vacinação contra a pólio na Zambézia
No último dia da campanha de vacinação contra a pólio na Zambézia, equipas partem rumo ao povoado de Nipiode, onde a vacina não tinha chegado.
Ile, Zambézia - No sexto e último dia da campanha de vacinação contra a pólio, cinco equipas de vacinação partem da sede do distrito de Ile, na província da Zambézia, com a missão de fazer chegar a vacina contra a pólio às crianças do povoado de Nipiode. As equipas andam quase duas horas numa estrada de terra batida. No caminho, vão surgindo algumas casas, rodeadas por verdes plantações de milho e mandioca, devido ao calor, as crianças se escondem atrás das árvores, enquanto os adultos se protegem do sol nas varandas.
Declarado país livre da pólio em 2016, Moçambique enfrenta agora novos casos da doença. Em finais de 2018, três casos foram identificados em crianças não-vacinadas, no distrito de Molumbo. Para bloquear a contaminação e o surgimento de novos casos, uma campanha de vacinação foi lançada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em Molumbo e outros nove distritos vizinhos, incluindo Ile.
Ainda na estrada, um casal passa com um bebé no colo, a primeira equipa decide oferecer a vacina e fica por ali para percorrer aquela zona. “Fico feliz em estar aqui hoje, onde a vacina ainda não tinha chegado, vacinamos muitas crianças e conversamos com as famílias sobre a importância da vacinação,” diz Ramissa Agostino, de 19 anos, que pela primeira vez atua como vacinadora em uma campanha.
As outras equipas continuam o seu percurso até chegarem a uma escola. As aulas ainda não começaram, mas o professor já está lá e entra em contato com a liderança local, o régulo, que logo chega de bicicleta. Ele avisa que as famílias já estavam a espera da vacina. As equipas se dividem para não perder mais tempo, pois o calor se intensifica.
Junto com um mobilizador social da comunidade, o vacinador e o registrador (que cuida do registro de toda informação) vão de casa em casa, se apresentando e propondo a vacina para todas as crianças com menos de 5 anos. “Nenhuma família quer ver sua criança paralisada, sem poder mexer os braços ou pernas,” diz a vacinadora Ilda Tiago, 39 anos. “Respondemos as suas dúvidas, explicamos, e nos sentimos muito felizes quando as mães e os pais entendem a mensagem e decidem vacinar suas crianças,” concluíu.
A campanha, de casa em casa, busca proteger todas as crianças menores de 5 anos, em 10 distritos do centro de Moçambique. Na primeira etapa da campanha, de 30 de janeiro a 04 de fevereiro, cerca de 700 mil crianças dessa faixa etária foram vacinadas.