"Freddy"

Poema de jovem poeta de Quelimane

Zainadine Nauaga
Zainadine Nauaga fazendo um poema sobre o ciclone Freddy em Moçambique
UNICEF/2023
12 Setembro 2023

Freddy!

Primeiramente achamos que não vinhas por maldade,

que eras apenas uma simples tempestade,

quando tu bateste as portas da nossa cidade.

 

Freddy!

Invadiste a nossa costa e sem licença nas nossas casas abriste a porta,

E deixaste um pouco da nossa fé morta.

O meu medo gritava e o ruído do teu vento me assustava,

e cada vez mais a falta de luz me apavorava,

sem puder comunicar apenas com o silêncio podia lamentar.

 

Eu vi coisas que os meus olhos negaram viver,

aprendi contigo que é preciso ser forte o bastante nesta vida para sobreviver,

e sobre viver, contigo vivi momentos que a minha mente recusa viver.

Eu também vi árvores cansadas com a vida que preferiram dormir nas estradas,

eu vi estradas separando-se e cada vez mais tornando-se mais arriscadas,

vi famílias destruídas e fracassadas.

 

Freddy!

Com a tua presença eu também vi mães tornando-se pais mesmo não tendo sítio para morar,

vi homens tristes sem sítio para chorar,

vi crianças a chorar porque não havia sítio para brincar.

Eu vi postes elétricos acomodados no chão,

vi a rede de comunicação sem acção,

Freddy tu me fizeste-me viver apenas de oração.

Vi murros de casa nadando pela água que havia no chão,

vi tectos fugindo da sua acomodação,

eu vi papás perdendo sua fonte de rendimento,

Freddy, fizeste-me entender que tu não tens sentimento.

 

Freddy!

Tornas-te amarga a cidade que anima!