Como o pequeno Daniel venceu a desnutrição com ajuda das brigadas móveis em Moçambique
As brigadas móveis representam uma oportunidade eficaz para identificação e tratamento de casos de desnutrição aguda em situação de emergência.
Sussundenga, Manica – “A minha família foi severamente afetada pelas inundações causadas pelo ciclone Idai, ficamos sem abrigo, roupas e alimentos, as machambas ficaram alagadas de água e todas as culturas foram destruídas, “conta Arminda Filipe, que trazia no seu colo uma criança visivelmente doente, era o pequeno Daniel Francisco Armando, de apenas 16 meses.
O pequeno Daniel sofria de anorexia, diarreia, vómitos, e foi diagnosticado com desnutrição aguda grave pelos técnicos de saúde de uma brigada móvel que se tinha deslocado a comunidade de Zomba Mapira, no posto administrativo de Dombe, distrito de Sussundenga, na província de Manica. “O Daniel não estava a tomar o leite do peito porque as minhas mamas não tiravam leite por falta de alimentação, sentia-me muito fraca com muitas dores em todo corpo, pensava que fosse malária,” contou Arminda.
Como parte da resposta imediata ao ciclone Idai, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) enviou equipas especializadas para as províncias afectadas para fornecer assistência técnica ao Ministério da Saúde e parceiros em resposta imediata. Estas equipas apoiaram na organização e implementação das brigadas móveis, um método eficiente e eficaz para fornecer cuidados essenciais de saúde e nutrição às populações afectadas, particularmente aquelas populações distantes das unidades sanitárias.
As brigadas móveis representam uma oportunidade eficaz para identificação e tratamento de casos de desnutrição aguda em situação de emergência. Após a brigada móvel ter diagnosticado o pequeno Daniel com desnutrição aguda grave, ele foi evacuado para o centro de saúde de Dombe e admitido para o programa de tratamento e reabilitação nutricional no internamento. Daniel respondeu positivamente ao tratamento da desnutrição aguda grave no internamento, a administração de leites terapêuticos e toda terapia médica administrada pelos técnicos de saúde com apoio do UNICEF.
Durante 90 dias o pequeno Daniel foi submetido ao tratamento e, devido a distância que separa a sua casa do centro de saúde de Dombe, sua mãe recebia o Alimento Terapêutico Pronto para Uso (ATPU) nas brigadas móveis regulares na sua comunidade ou no bairro de reassentamento mais próximo durante 12 semanas, durante este período de tratamento a mãe do pequeno Daniel não faltou em nenhuma visita, seguiu todas as orientações dos técnicos de saúde até a cura do pequeno Daniel.
Hoje, Daniel tem 23 meses, pesa 11,124 quilos (kg), e goza de boa saúde. “Estou muito feliz por ver meu filho vivo e de boa saúde, eu já não contava com ele porque estava quase morto. Tudo foi por causa do ciclone e inundações mas graças aos técnicos de saúde, a brigada móvel e o UNICEF, eu, meu marido e meus 3 filhos, incluíndo o Daniel, hoje estamos muito bem de saúde e felizes apesar de algumas dificuldades para ter alimentos,” disse Arminda Filipe,
A situação do pequeno Daniel é um dos muitos casos de crianças menores de 5 anos que devido aos ciclones Idai e Kenneth tiveram sua condição nutricional severamente afectada, todavia a estratégia de brigadas móveis mais uma vez comprovou com a sua robustez que continua a ser a melhor estratégia para alcançar todas as pessoas e todas comunidades em situações de emergência.
As brigadas móveis são organizadas pelo Ministério da Saúde com apoio do UNICEF e outros parceiros, e oferecem um pacote definido de intervenções para as populações com acesso limitado às unidade sanitárias. As brigadas móveis na resposta de emergência dos ciclones Idai e Kenneth tiveram um impacto significativo para a sobrevivência materno-infantil e das famílias na medida em que conseguiram fornecer cuidados de saúde para todas as pessoas afectadas desde as comunidades, centros de transição ou de acomodação.
“Obrigado a todos por terem salvado muitas vidas aqui na minha comunidade de Zomba Mapira, não foi só meu filho que vocês salvaram a vida, toda a comunidade não tinha meio de chegar no hospital porque todas as vias estavam inundadas com água e vocês conseguiram atravessar para fornecer a vida. Obrigado Ministério da Saúde e UNICEF,” disse Francisco Armando, pai do Daniel.