África Subsariana enfrenta desafios únicos para salvaguardar o futuro das crianças no meio de mudanças climáticas e demográficas

É necessária uma acção urgente para proteger o futuro das crianças, alerta o relatório do UNICEF

20 Novembro 2024
Children and caregivers participating in integrated mobile brigade activities in Nankumi community, Ancuabe district, Cabo Delgado, January 2024.
UNICEF/MOZA2024/Franco

NOVA YORK, JOANESBURGO, 20 de Novembro de 2024 - As crianças da África Subsariana correm um risco acrescido num mundo em transformação acelerada, afectado por crises climáticas extremas, mudanças na dinâmica populacional e lacunas tecnológicas cada vez maiores, de acordo com o relatório do UNICEF divulgado no Dia Mundial da Criança. 

O Estado das Crianças do Mundo 2024: O Futuro da Infância num Mundo em Mudança prevê que, até à década de 2050, as pressões climáticas e demográficas irão representar desafios profundos para as crianças em todo o continente. O crescimento da população manter-se-á elevado, mas a percentagem de crianças em relação aos adultos deverá diminuir de 50 por cento na década de 2000 para menos de 35 por cento na década de 2050. À medida que avançamos no século XXI, o futuro da infância será cada vez mais crescente em África: Em 2100, haverá mais crianças no continente africano do que em qualquer outra parte do mundo.

O relatório descreve três grandes tendências globais - alterações demográficas, crises climáticas e ambientais e barreiras tecnológicas - e destaca o seu impacto desproporcional em regiões vulneráveis como a África Subsariana. 

“As crianças estão a enfrentar numerosas crises, desde choques climáticos a perigos online, e estas deverão intensificar-se nos próximos anos”, afirmou a Directora Executiva do UNICEF, Catherine Russell.

Nas últimas décadas, o continente Africano registou progressos importantes para as crianças, mas persistem problemas importantes, principalmente a crise de aprendizagem. Se África não fizer mais para desenvolver as competências e o enorme potencial das suas crianças e jovens, arrisca-se a desperdiçar a possibilidade do dividendo demográfico oferecido pela sua população jovem.

A crise climática coloca ameaças imediatas, prevendo-se que, na década de 2050, as crianças da África Subsariana estejam cada vez mais expostas a condições meteorológicas extremas, incluindo ondas de calor extremas e inundações. Os riscos climáticos irão afectar de forma desproporcionada as crianças com acesso limitado a abrigos resistentes ao clima, infra-estruturas de refrigeração, cuidados de saúde, água potável e educação. 

A África Subsariana é também uma das regiões com o fosso digital mais acentuado. Em 2024, o acesso à Internet será quase universal nos países de elevado rendimento, enquanto apenas 26 por cento das pessoas estarão conectadas nos países de baixo rendimento. Este fosso restringe o acesso das crianças a competências digitais essenciais e prejudica as oportunidades futuras, uma vez que as crianças e os jovens têm dificuldade em utilizar de forma eficaz as ferramentas digitais na educação e no emprego. Até 2030, mais de 230 milhões de empregos na África Subsariana irão exigir competências digitais.

Apesar destes desafios, há esperança. Com um maior investimento na educação, prevê-se que a esperança de vida e o acesso à educação na África Subsariana melhorem. O relatório prevê que cerca de 96 por cento das crianças em todo o mundo terão pelo menos o ensino primário até à década de 2050 - uma tendência que o UNICEF está a apoiar em todo o continente africano.

O relatório do UNICEF apela à adopção de medidas urgentes para fazer face às três grandes tendências, incluindo:

  • Investir em cidades sustentáveis e resilientes e em serviços essenciais para as crianças.
  • Expandir a resiliência climática em infra-estruturas, tecnologia e sistemas sociais em toda a África Subsariana.
  • Proporcionar conectividade e tecnologia segura e acessível a todas as crianças.

O Dia Mundial da Criança deste ano, sob o tema “Ouvir o Futuro”, destaca as vozes das crianças de todo o mundo, incluindo da África Subsariana, onde as crianças expressam as suas esperanças de segurança, educação e protecção contra os riscos climáticos.

“O Dia Mundial da Criança é um momento para os líderes demonstrarem o seu empenho nos direitos e no bem-estar de todas as crianças”, afirmou Russell. “Podemos moldar um futuro melhor para as crianças de amanhã, e temos de começar hoje.”


Notas para os editores:

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Com base nas tendências e em muitos outros indicadores socio-económicos, o UNICEF solicitou ao Centro Wittgenstein para a Demografia e o Capital Humano Global a análise de cenários que modelam a forma como o mundo poderá ser para as crianças em 2050. Os cenários são resultados possíveis, não previsões.

Extremos climáticos: A análise estabelece um limiar para além do qual um acontecimento climático - como uma vaga de calor ou uma inundação - é classificado como “extremo”. Por exemplo, uma cheia de um rio é considerada extrema se os seus níveis de água excederem os níveis que eram atingidos uma vez em cada 100 anos durante a era pré-industrial. Os limiares são definidos com base na literatura científica.
 

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Guy Taylor
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