Sem documentos, Gabriel viveu uma saga para ter a primeira vacina
O menino, hoje com 4 anos, ficou órfão durante a pandemia da covid-19 e não tinha registro de nascimento nem cartão de vacinação

Quando era apenas um bebê, Gabriel de Oliveira e seus irmãos, Kauan, 10 anos, e Kennedy, 5 anos, ficaram órfãos. Era início da pandemia da covid-19, o menino passou a viver uma triste realidade, que ainda persiste no Brasil: ele não tinha nenhuma vacina.
Gabriel não tinha registro de nascimento, e, por isso, não tinha cartão de vacinação. A avó Elmira de Oliveira, de 66 anos, que passou a cuidar dos netos depois que eles ficaram órfãos, conta que vivia apreensiva com a situação em que Gabriel vivia. “O tempo foi passando e ele sem vacina. Ele era apenas um bebê, e se precisasse de hospital? Como eu iria fazer?”.
Gabriel só conseguiu os documentos no início do ano de 2023, aos 4 anos, depois de uma verdadeira saga junto com sua avó por órgãos públicos, tendo de enfrentar uma série de burocracias. Para Elmira, foi um verdadeiro alívio quando finalmente viu o neto tomar a primeira dose de vacina.
“Eu só quero ter saúde e força para cuidar deles e não os desamparar. Quero que, um dia, quando eles crescerem, possam falar ‘Minha avó não me deu uma boa roupa ou um sapato novo, mas ela me deu um teto, cuidou de mim e lutou pela minha saúde”, diz Elmira.

Atualmente, Gabriel está em processo de completar o esquema de vacinas recomendadas para sua idade. Os irmãos estão com a vacinas atualizadas e dão apoio para o menor, que ainda não está acostumado com as idas ao posto de vacinação.
Mensalmente, a família recebe visita da agente comunitária de saúde da Unidade de Saúde da Família do bairro Colônia Antônio Aleixo, na periferia de Manaus, no estado do Amazonas. Durante o atendimento, a agente confere o cartão de vacinação e o agendamento de consulta para o acompanhamento de altura e peso das crianças. A profissional também aproveita para aferir a pressão arterial e a glicose de Elmira de Oliveira e seu esposo, avô das crianças, Geraldo de Oliveira, de 77 anos, que já são idosos.
“Quando a agente de saúde veio visitar, eu estava com medo da minha glicose estar alta, mas está tudo bem. Eu agradeço por ter saúde também, porque meus netos precisam de mim. Eu faço tudo por eles”, diz a avó, um pouco mais esperançosa ao ver que Gabriel agora não é mais uma criança sem nenhuma dose de vacina.

#AgendaCidadeUNICEF
O bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona leste de Manaus (AM), faz parte da #AgendaCidadeUNICEF, uma iniciativa do UNICEF em parceria com prefeituras municipais de grandes centros urbanos brasileiros para promover direitos e oportunidades para as crianças e os adolescentes mais vulneráveis, contribuindo com a prevenção de violências em sua vida. O projeto visa ao estabelecimento de políticas públicas nos próximos três anos para crianças e adolescentes que residem no local.
A #AgendaCidadeUNICEF integra metodologias de diferentes áreas (Educação, Saúde, Proteção, Inclusão Socioprodutiva) e promove a mobilização social e o monitoramento de indicadores relacionados à área da infância e da adolescência.