Parceria antirracista para concretizar sonhos de jovens no Maranhão
Ingressar no ensino superior parecia ser um sonho distante, mas agora é a realidade na vida de 11 jovens da macrorregião da Cidade Operária, em São Luís

Nem passava pela cabeça de Maria Luiza Tavares Machado, de 17 anos, sair do ensino médio e ir direto para o curso de administração, ainda mais em uma faculdade particular. O que parecia ser um sonho distante é a nova realidade de vida não só de Maria Luiza, mas também de Luan, Júlia, Fernanda, Wend e mais seis jovens moradores da macrorregião da Cidade Operária e que fazem parte do projeto Janelas de Oportunidades da Fundação Justiça e Paz se Abraçarão (FJPA), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), na macrorregião da Cidade Operária, território prioritário da #AgendaCidadeUNICEF em São Luís.
Ingressar no ensino superior agora é a realidade de 11 jovens moradores da macrorregião da Cidade Operária. Uma parceria com a Faculdade Laboro, que está possibilitando que adolescentes e jovens tenham o direito de concretizar seus sonhos. Dez jovens atuantes na comunidade vão poder acessar esse direito a cada ano por meio da parceria que a FJPA descreve como “uma parceria antirracista” com a Faculdade Laboro, porque é inclusiva dos jovens pretos periféricos. Os jovens, egressos da escola pública estadual Centro de Ensino Médio Maria José Aragão, iniciaram suas aulas na faculdade já neste ano.
Maria Luiza conta que foi um verdadeiro presente para a sua vida. “Para nós, que fomos contemplados com essas bolsas, é uma oportunidade incrível. Nós somos da periferia e também temos o direito de sonhar e de concretizar nossos sonhos”, ponderou a adolescente que entrou para o curso de administração.
Rosinea Tavares Machado, 48 anos, mãe de Maria Luiza, explica que não saberia nem medir a emoção que sentia no momento da assinatura do contrato que garantiu à sua filha ingressar no ensino superior. “Para mim, como a mãe de Malu, é uma felicidade e uma grande honra, porque acredito que é uma porta que vai abrir muitas oportunidades para ela. É um sonho que muitas mães, infelizmente, não puderam compartilhar ainda com seus filhos”, afirmou.
Para irmã Dudu, representante da FJPA, a parceria se configura como um marco nas causas pelas quais a comunidade vem lutando ao longo de 15 anos. “É um momento muito importante e emocionante! Saber que os meninos e meninas da periferia estão tendo a oportunidade e a possibilidade de crescer em sua vida, como grandes profissionais, participantes da construção de uma sociedade melhor. Essa sociedade melhor depende de nós e de tantos parceiros que também estão aqui hoje conosco”, destacou.
A chefe do escritório UNICEF em São Luís, Ofélia Silva, evidencia que “a situação de vulnerabilidade, em territórios de periferia, onde vivem meninos e meninas pretos, precisa ser enfrentada com a união e a fortaleza de quem dá as mãos para essas meninas e esses meninos vulnerabilizados pela violência estrutural. Este é um momento muito emocionante. Eles decidiram tomar as rédeas de sua vida nas próprias mãos e lutar por sua comunidade. Exemplos concretos se somam à essa inovação no território prioritário da #AgendaCidadeUNICEF em São Luís: hoje são cerca de 100 adolescentes e jovens que estão fazendo curso avançado de inglês; mais de 3 mil estudantes nas escolas públicas já participaram de debates de conscientização com jovens líderes sobre dignidade menstrual, enfrentamento da violência racial e de gênero; o Coletivo Menina Cidadã se tornou um grupo independente de debate, reivindicação e monitoramento de políticas públicas em favor de crianças, adolescentes e jovens e já conta com mais de 60 meninas integrantes. Com novos parceiros e com políticas públicas que devem se tornar cada vez mais inclusivas e universalizantes, queremos escalar essas experiências-piloto para mais meninas e meninos pretos das periferias de São Luís”, finalizou.
A professora Sueli Tonial Pistelli, gestora da Faculdade Laboro, lembra como foi a aproximação da instituição com representantes locais. A Faculdade abriu um campus na própria Cidade Operária e ela fez questão de conhecer as escolas públicas com a ideia de oferecer possibilidades e somar com a comunidade. “Esse papel social que a comunidade traz, a aproximação com as instituições públicas, associações e lideranças locais é muito importante. O sucesso desses jovens na faculdade é fundamental, posto que precisamos mostrar que é possível uma faculdade vir para o território periférico, ter um compromisso social, dando oportunidade para inclusão financeira e econômica, de mãos dadas com a comunidade. O resultado deste projeto faz bem para todo mundo”, frisou Sueli.
#AgendaCidadeUNICEF em São Luís
A #AgendaCidadeUNICEF é uma estratégia desenvolvida pelo UNICEF em oito capitais brasileiras, em parcerias com líderes regionais, coletivos de jovens e lideranças do setor privado, com objetivo de articular políticas públicas em determinados territórios das cidades. Em São Luís, em específico, a região que recebe as ações é a macrorregião da Cidade Operária e a parceria com a Secretaria Municipal de Educação é uma das principais estratégias desse trabalho, visto que, para o UNICEF e todos os parceiros, a inclusão educacional e a permanência na escola com um desempenho escolar bom são prioridades fundamentais. Além disso, é um processo de participação de enfrentamento da violência, visto que é uma das primeiras e efetivas ferramentas para o desenvolvimento de um território para proteção de direitos e inclusão social, econômica, cultural e identitária de todas as crianças e suas famílias.
Os avanços da #AgendaCidadeUNICEF São Luís podem ser vistos em diversas dimensões do território prioritário, a partir de formações para jovens mobilizadores sobre direitos e empoderamento juvenil, empregabilidade, inclusão produtiva e inovação, e lutas antirracistas. Para implementar a iniciativa na capital maranhense, o UNICEF conta com a parceria da Yara.