“Os responsáveis poderiam melhorar a situação”
Kauan Raju, jovem de 18 anos, reflete sobre a mobilidade urbana do território da Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital paulista

Kauan Raju, jovem de 18 anos, pensa que a mobilidade interna na Cidade Tiradentes, território onde vive – localizado no extremo leste do município de São Paulo –, é muito ruim para circular. Ele faz parte da iniciativa Geração que Move – uma parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Fundação Abertis e as organizações Corrida Amiga e Instituto Pombas Urbanas, que visa promover atividades para transformar a realidade de adolescentes e jovens ao engajá-los para impactar a agenda da mobilidade urbana de sua cidade.
Morando com o irmão mais novo e sua mãe, Kauan conta que enfrenta dificuldade para ir a shows, eventos culturais e para visitar familiares dentro do território onde mora desde os 3 anos. “Os principais ônibus saem do território sentido centro [da cidade], poucos circulam aqui dentro. Vou a pé na grande maioria das vezes”.
Nos encontros da iniciativa Geração que Move, o jovem passou a problematizar o transporte público e a dinâmica de mobilidade da região. Nesses encontros, são levantados pontos como segurança, acessibilidade, disponibilidade de frotas, entre outros. “Estamos discutindo sobre a 3064 [principal linha de ônibus do bairro]. Os responsáveis sabem que podem melhorar a situação, porém eles poucas vezes nos ouvem. Quando nos ouvem, é época de eleição”.
Com outros 24 adolescentes e jovens do projeto, Kauan está desenvolvendo uma pesquisa de campo para saber a opinião dos moradores sobre a qualidade e possíveis melhorias na linha 3064. Depois, vídeos para redes sociais e intervenções artísticas serão feitos para propor mudanças positivas no transporte público na Cidade Tiradentes.

“Aqui já ocorreram casos de violência dentro dos ônibus, mas pelo menos comigo, que ando bastante de ônibus, nunca aconteceu, mas eu não me sinto seguro em terminais, porque de manhã cedo fica bem perigoso, bem escuro e é difícil, né?”.
Kauan, que também faz parte do primeiro Núcleo de Cidadania de Adolescentes local (Nuca CT), fruto das ações da #AgendaCidadeUNICEF na capital paulista, é receoso quanto às melhorias. “Tenho os pés no chão em relação a isso. Podemos sugerir mudanças, mas não sei se o pessoal quer isso. Nenhum desses caras [políticos e responsáveis] precisam de ônibus.”
Atualmente mais de 68 mil crianças e adolescentes de até 17 anos vivem na Cidade Tiradentes e enfrentam desafios diários com relação à mobilidade, como: superlotação, alto preço da passagem, falta de segurança, ocorrência de violências no transporte público, barreiras invisíveis de discriminação, ausência de sinalização e dificuldades de acesso a oportunidades de desenvolvimento e inclusão socioprodutiva.
“O meu sonho é que as coisas melhorem porque a gente só tem esta forma de se locomover pra fora. O "busão" é umas das poucas formas que se tem de se locomover pelo menos pra fora da Tiradentes e a gente não querer usar por causa de problema, isso é ruim de pensar”, finaliza.