"O Trilhas Digitais nos ajudou a pensar em soluções para o território"

Com acesso à tecnologia, Vitória Lohana, 16 anos, agora consegue pensar em soluções para a transformação da sua comunidade

UNICEF Brasil
Foto mostra uma adolescente sentada sorrindo para a câmera
UNICEF/BRZ/Felipe Cardoso – Escola de Notícias
29 julho 2021

O Real Parque, bairro da Zona Sul da capital paulista, é uma vitrine dos contrastes de São Paulo. Fazendo fronteira com os condomínios do Morumbi; com Paraisópolis, a maior favela de São Paulo; e sendo limitado pela Marginal Pinheiros, o Real Parque acolhe pessoas diversas e com diferentes acessos a oportunidades. E é da varanda do prédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) – aqueles de moradia popular, entregues pelo governo –, com vista para a Ponte Estaiada e para o centro comercial da Berrini, que Vitória conta empolgada os seus sonhos para o futuro.

Vitória Lohanna Mendes Tavares tem só 16 anos, mas já sabe que é por meio do estudo e da dedicação que ela vai transformar a sua realidade. E os cursos e diplomas já são vários: vão desde administração, jornalismo e fotografia até percussão, caratê e artesanato. “Quando você está na quebrada, você tem que se esforçar duas vezes mais. Se eu não correr atrás, ninguém vai correr por mim”, conta.

Graças a esse engajamento, Vitória conheceu, por meio do Projeto Casulo, o Trilhas Digitais. O projeto é uma iniciativa do UNICEF, em parceria com o Instituto Tellus e a British Telecom e tem como objetivo inserir e incentivar o acesso à tecnologia para promover o aprendizado e a formação de jovens e adolescentes de diversas periferias de São Paulo.

A estudante, que teve o aprendizado prejudicado pelo regime de ensino a distância das escolas estaduais, conta que, por causa de sua participação no Trilhas Digitais, conseguiu voltar a estudar e participar tanto das aulas do ensino médio quanto das atividades propostas pelo Trilhas, com o celular cedido pela iniciativa. “Como o Trilhas envolve os jovens da comunidade e tem como propósito nos ajudar a resolver problemas da comunidade por meio da tecnologia, ele nos ajudou a pensar em soluções para o território”. O projeto de Vitória, chamado Horta Real, pretende transformar os espaços públicos abandonados do bairro em hortas comunitárias e difundir a construção de hortas nas casas dos moradores do Real Parque – realizando inclusive um curso para a vizinhança. “Por causa da pandemia, muita gente perdeu o emprego. A horta surgiu como uma oportunidade para gerar renda para a comunidade e também para incentivar o acesso à alimentação saudável”, explica.

Foto mostra uma adolescente mexendo em uma horta. Ela usa máscara.
UNICEF/BRZ/Felipe Cardoso – Escola de Notícias

Ela conta ainda que o bairro espera há anos a construção de um parque para a comunidade, em um terreno que atualmente é utilizado como ponto de descarte de móveis e entulho, e que enxerga no Horta Real uma alternativa para também transformar a paisagem do bairro e mudar a cultura de tratamento de lixo dos moradores: “O problema do terreno é que ele tem muito lixo acumulado. Eu acho que, se a gente renovasse esse lugar e desse um objetivo para ele, as pessoas valorizariam mais”.

Ter acesso à tecnologia não só garantiu a Vitória continuar estudando durante a pandemia, mas também ofereceu para a adolescente a chance de aprender sobre coisas com que ela nunca teve afinidade: internet e redes sociais. “Quando o projeto começou, tivemos que aprender coisas que eu nunca tinha pensado que existiam e que não sabia fazer. Aprendemos a criar um site, gerenciar as redes sociais do nosso projeto, mexer em câmera para fazer fotos, usar drone para captar imagens. O Trilhas nos apresentou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e nos ensinou a impulsionar projetos pessoais por meio da tecnologia”, conclui a adolescente.