As mudanças climáticas afetam o futuro e o presente
Victor Medeiros, 18 anos, vive no Litoral Sul de São Paulo e tem alertado a comunidade onde mora sobre os efeitos do avanço do mar na vida local

Victor Guilherme Medeiros de Campos Gato tem 18 anos, cursa licenciatura em Matemática e vive no Litoral Sul de São Paulo, na região periférica de Iguape, chamada bairro do Rocio. Engajado na proteção do meio ambiente e dos oceanos, ele é um dos jovens convidados pelo UNICEF e pela organização da sociedade civil Viração Educomunicação para representar meninas e meninos brasileiros na COP27, no Egito, de 6 a 18 de novembro de 2022.
“Iguape está quase no topo entre as regiões mais ricas em ouro verde, no contexto nacional e também mundial”, explica o jovem. O “ouro verde” que Victor destaca é o nome dado às áreas preservadas de Mata Atlântica. Segundo ele, cerca de 90% do município é de mata e 10% correspondem à região central e aos bairros. “Iguape é o maior município em extensão territorial do estado de São Paulo e um dos maiores do Brasil, tendo quase 2 mil quilômetros quadrados de área”, explica o jovem.
Boa parte das famílias da região vive das plantações que têm em suas propriedades e vendem o que produzem, na beira da estrada, para turistas e moradores. “Toda a cultura que existe aqui, com as vidas caiçaras, ribeirinhas e quilombolas e indígenas, enriquece muito mais essa preservação da mata”, ressalta.
A relação de Victor com o meio ambiente começou na infância. Foi no sítio do tio, que ele frequentava quando criança, que o estudante aprendeu a importância de cuidar da terra e preservar a natureza que o cerca. Em 2021, quando o primeiro Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) foi implementado na cidade de Iguape pelo UNICEF e parceiros atuantes na iniciativa Crescer com Proteção, Victor viu a oportunidade de combinar sua paixão pelos temas de sustentabilidade com a mobilização de mais aliados.
“Por meio do Nuca e dos trabalhos que a gente fez, como a intervenção dentro do bairro do Rocio, comecei a construir muito mais esse sentimento de necessidade de projetos novos na região para poder falar sobre os problemas que enfrentamos por aqui sobre a questão do desmatamento, das queimadas e do avanço do mar”.
Em 2022, Victor passou a participar de mais uma iniciativa do UNICEF: o projeto Chama na Solução – Mudanças Climáticas, em parceira com Viração Educomunicação, cujo objetivo é chamar a juventude para pensar em ações criativas para os desafios de seus territórios e que também dialoguem com questões globais. Com outros colegas, ele construiu o projeto Puro Ouro Verde para alertar as populações de Iguape e de Ilha Comprida sobre os efeitos mais evidentes das mudanças climáticas em sua região, como o avanço do mar.
“As pessoas que vivem aqui, e também as que um dia já viveram, simplesmente foram embora e não têm mais a intenção de retornar pelo medo e pelo trauma de que talvez possam perder a sua residência ou talvez possam perder novamente a sua residência. Já foram mais de 150 casas perdidas”.
Victor defende a importância do mar para a preservação da mata local e para o bem-estar dos que ali vivem. “Se o mar não for preservado, ele vai subir, vai engolir a mata. A gravidade das mudanças climáticas afeta não só o nosso futuro, como também o nosso presente. Então, por isso, é extremamente importante que jovens se mobilizem para poder mudar esse cenário dentro da região em que vivem”.