"Minha noção de cidadania foi aprimorada"
Pedro Urioste, de 16 anos, morador de São Paulo, desenvolveu uma campanha pelo direito de um transporte movido a energia limpa e acessível a toda a população paulista

Pedro Urioste, de 16 anos, morador da Vila Rosa, na Zona Norte de São Paulo, conta que pega dois ônibus para chegar à escola, onde cursa o 2º ano do ensino médio. Apesar de a distância entre a casa e o colégio ser curta, não existe uma linha de ônibus direta que ele possa utilizar. O congestionamento do trânsito, somado à rota dos ônibus que dão muitas voltas, faz com que ele leve 40 minutos para chegar ao destino.
O metrô não é uma possibilidade: a estação mais próxima fica a 3 km de onde ele mora, são 50 minutos de ônibus até chegar lá, um trajeto que fica para os finais de semana, quando ele vai ao estádio de futebol, por exemplo, um de seus programas favoritos. "É frustrante não ter um meio mais rápido para chegar aos lugares. E a qualidade do transporte não é condizente com o preço que a gente paga. Além disso, as ruas da minha região são muito esburacadas", desabafa.
Pedro é um dos participantes da iniciativa Geração que Move, que tem por objetivo transformar a realidade de adolescentes e jovens ao engajá-los para impactar a agenda da mobilidade urbana de suas cidades e é realizado por meio de uma parceria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a ONG NOSSAS.
Ao longo de 2022, a iniciativa formou cerca de 100 novos ativistas em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ) em temas como mobilidade urbana, direito à cidade, criação de mobilizações online, escrita de narrativa, táticas criativas e design ativista, além de ter promovido visitas às Câmaras Municipais do Rio e de São Paulo, apelidadas de “rolezinhos”. "Gostei muito das aulas porque nos ensinam realmente como pressionar o poder público, não é só chegar na rua e protestar, tem que saber articular tudo. Hoje eu tenho uma noção de cidadania aprimorada, sei os recursos que posso usar", explica o adolescente.
Após as visitas às Casas Legislativas das duas cidades, o Geração que Move convidou os participantes do projeto para a criação de campanhas de mobilização relacionadas à mobilidade urbana. Pedro e outros seis adolescentes e jovens criaram a campanha Sampa Elétrica, pelo direito de um transporte movido a energia limpa e acessível a toda a população paulista.
O grupo, que já mobilizou 254 pessoas, reivindica o cumprimento do Programa de Metas, lançado em 2021 pela Prefeitura de São Paulo, cuja Meta 50 prevê que, até 2024, 100% dos ônibus sejam equipados com acesso a WiFi e entradas USB e pelo menos 20% da frota seja composta por ônibus elétricos, que, além de contribuir para a diminuição da poluição da cidade, reduz problemas de saúde relacionados.