"Há um público de pessoas que sofrem caladas"
Divulgar informação sobre as violências e os serviços de ajuda e denúncia é motivo de orgulho para a jovem Nathalia da Silva Araújo, do Chama na Solução Rio

Nascida e criada na comunidade do Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Nathalia da Silva Araújo mora com seu filho, mãe, irmã e padrasto. Conhecida como Pompom, a jovem de 19 anos é uma das participantes do Chama na Solução Rio 2022, iniciativa com realização do UNICEF e parceria técnica do Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), que reuniu jovens moradores de favelas e periferias na construção de propostas para prevenir e enfrentar as violências cotidianas que afetam sua vida.
"Vi no projeto uma oportunidade para realizar minha vontade de ajudar a comunidade", afirma a jovem. Durante o processo formativo do projeto, Pompom integrou o grupo “Entrando com a Solução”, que decidiu desenvolver o PodSolução – um podcast para refletir e ampliar o debate e o combate à violência doméstica na Pavuna, que já possui um episódio-piloto.
Durante o processo criativo das soluções, o grupo identificou alguns desafios no enfrentamento das violências cotidianas, com destaque para a falta de espaços de acolhimento na sua comunidade para pessoas que sofrem violências. "O maior desafio foi conseguir mapear locais de amparo para pessoas violentadas, já que existem poucos lugares para passarmos ao público da nossa comunidade como referência de apoio".

Pompom sabe muito bem que é necessário apoio para superar um desafio relacionado à violência. Ela mesma sofreu violências na infância de um familiar. "Ainda tenho vestígios de traumas e desenvolvi síndrome do pânico. Sei como é difícil, mas superamos lentamente", conta a jovem.
O PodSolução vai informar locais de apoio, e lutar contra a desinformação. Pompom está animada com a possibilidade de o projeto dar voz ao bairro da Pavuna e encorajar as pessoas que sofrem violência a denunciar.
"Além de ajudar essas pessoas, vamos inspirar outras áreas do Rio a mapear suas redes de apoio e transmitir informação. Há um público de pessoas que sofrem caladas e às vezes nem sabem realmente o que estão passando e como podem se livrar. Nossa esperança é sermos só o início de algo muito grande, para algo muito maior", conclui Pompom.