Diálogo sobre Dignidade Menstrual reúne adolescentes
A Jornada da Dignidade Menstrual é parte da iniciativa #AgendaCidadeUNICEF, desenvolvida em oito capitais do Brasil

A primeira vez em que Danielly Goiabeira, de 17 anos, ouviu falar sobre dignidade menstrual foi durante um encontro do Coletivo Menina Cidadã, do qual participa em São Luís (MA) há quase 2 anos. “Eu nem sabia o que era, nem da importância”, conta. Hoje, como uma das líderes da iniciativa, ela pode compartilhar o que aprendeu com outros adolescentes e jovens. “Eu fui acolhida por esse assunto, consegui compreender e quis me aprofundar, para aprender e depois passar”, diz a adolescente durante sua participação na Jornada da Dignidade Menstrual, que foi realizada em novembro, em Manaus.
A iniciativa promoveu um intercâmbio de experiências entre adolescentes, que tiveram a oportunidade de produzir materiais de comunicação em respostas ao enfrentamento da pobreza menstrual e às violências com ênfase em gênero. O evento é parte da iniciativa #AgendaCidadeUNICEF, desenvolvida em oito capitais do Brasil.
Falar sobre menstruação ainda é cercado de silêncio e vergonha, principalmente para meninas que tiveram pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto. Nesse sentido é fundamental criar espaços de diálogo, para quebrar tabus e proporcionar acesso a informações confiáveis sobre o tema. A Jornada da Dignidade Menstrual promoveu uma roda de conversa marcada pelo diálogo aberto e participação ativa de todos com adolescentes e jovens de diversas origens.
“As pessoas ainda têm o tema da dignidade menstrual como um tema que não deve ser falado, então, quando a gente traz jovens de diversos lugares e começa a dialogar, a gente tem esperança de que essa realidade um dia vai ser mudada no Brasil”, fala Bianka Melo, de 23 anos, líder do Coletivo Menina Cidadã. Ela também foi de São Luís (MA) para Manaus (AM) para atuar como uma das facilitadoras do evento.
Ela destaca o poder do diálogo para gerar mudanças e jovens engajados no tema. “Nós estamos falando de pessoas que menstruam, que passam vários dias sem ir à escola, ou que não têm material de higiene. A gente não está falando só sobre absorvente, a gente está falando sobre acesso a água, acesso a saneamento básico, e a materiais de higiene de um modo geral. Então, quando a gente dialoga com adolescentes e jovens, estamos fazendo transformação, a partir da conversa e do diálogo”, diz.
Para Cauã Vitor, de 14 anos, falar de menstruação deve ser de interesse de todos. “É um assunto que não deve ser só voltado para meninas, mas para toda a comunidade. Até porque tem que ser mais debatido principalmente por conta da pobreza menstrual”, explica.
Natan Lavareda, 24 anos, de Belém (PA), concorda. Como um jovem trans, ele aponta a importância da inclusão de todo nos espaços de diálogos. “Falar de dignidade menstrual para pessoa trans é importante, porque a gente tem o difícil acesso à informação, principalmente porque não somos convidados para esses espaços, nós não somos inclusos nas pautas, muitos menos nas cartilhas que são voltadas para dignidade menstrual”, pontua.
Água e Higiene nas Escolas e Dignidade Menstrual – Todos os recursos destinados ao programa viabilizam a capacitação em protocolos de saúde e atividades de promoção de saúde menstrual e também a doação de kits de higiene e insumos, como absorventes íntimos para meninas, mulheres e meninos trans. Com o apoio de SEMPRE LIVRE® & CAREFREE®, o UNICEF tem fortalecido o debate sobre a dignidade menstrual de adolescentes. Além de as doações de absorventes, a parceria tem possibilitado realizar eventos, debates e outras ações visando promover a saúde menstrual nas comunidades mais vulneráveis.