Celular novo e mais vontade de estudar

Kauan Henrique Brito, de 15 anos, está no nono ano do ensino fundamental da rede estadual de ensino de São Paulo e é mais um exemplo de estudante que, desde o início da pandemia de covid-19, precisou se adaptar para continuar aprendendo. Morador do Real Parque, Zona Sul da cidade de São Paulo, o adolescente vive com a mãe e mais dois irmãos. Ele conta que não há computadores na casa, então, assistir às aulas remotas pelo celular antigo que ele tinha não foi uma tarefa fácil. “Às vezes não conseguia enxergar os números ou o professor deixava a câmera muito longe. O celular travava e desligava a toda hora. Não conseguia entender tudo o que o professor falava, mas, com o novo celular que ganhei, vou poder estudar com mais tranquilidade”, relata.

O novo celular faz parte do kit conectividade recebido por Kauan, fruto de uma ação do UNICEF e da Americanas que entregou 12 kits de conectividade para adolescentes em situação de vulnerabilidade em São Paulo. O kit contém um aparelho de celular com chip, com recarga para seis meses, além de uma publicação com dicas de prevenção contra a covid-19, máscaras e álcool em gel. Para a realização da entrega, o UNICEF contou com o apoio do Instituto Tellus e da organização da sociedade civil Projeto Casulo. Além disso, os contemplados foram inscritos em um sistema de apoio pedagógico do Projeto Casulo.

O acesso à internet é fundamental para que crianças e adolescentes, em especial os que estão em situação de vulnerabilidade, consigam exercer seu direito à educação, cuidar da saúde mental, se proteger e ser protegidos contra a violência e ter acesso a informações confiáveis.

Kauan conta que, além do celular antigo, outro obstáculo para seu rendimento escolar nos últimos meses de pandemia foi a dificuldade de conexão. Segundo ele, no bairro onde mora, o acesso à internet é escasso e em dias de chuva é praticamente impossível acessar a rede. No entanto, os problemas têm se amenizado não só com o aparelho novo e a recarga de seis meses que ganhou, mas também com o início do ensino híbrido. “Com a modalidade híbrida, posso, pelo menos, tirar dúvidas com os professores nas aulas presenciais. Antes, sem isso, senti que meu rendimento escolar havia piorado. Espero recuperar agora”, afirma, esperançoso.

Dentro do Projeto Casulo, Kauan também participa da iniciativa Trilhas Digitais do UNICEF em parceria com a British Telecom e o Instituto Tellus, por meio da qual ele vem ampliando seu repertório e apropriação de recursos digitais e tecnológicos, além de ser impulsionado a pensar em soluções para a comunidade em que vive. Junto com outros colegas, o projeto de Kauan é focado na produção de cobertores para moradores de rua, produzidos a partir de caixas de leite. “O novo celular me ajudará a estar ainda mais conectado com o tema e a importância de se pensar em alternativas mais sustentáveis para o planeta”, completa.

Para o futuro, Kauan sonha em ser atleta, jogador de futebol, mas a mãe acha que ele deveria ser advogado, já que reúne habilidades comuns para a profissão. Mas, para isso, ele acredita que o acesso dos adolescentes e jovens à conectividade é muito importante. “Os jovens são o futuro do Brasil. Se não tivermos acesso à conexão, como vamos estudar e nos manter informados?”, reflete o adolescente.