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A(s) história(s) de Yohann

Yohann Prugger nasceu com surdez profunda e possui um implante coclear desde os 10 meses de vida. Hoje, aos 10 anos, ele participou como contador de histórias da iniciativa Deixa Que Eu Conto

UNICEF Brasil
Foto mostra um menino lendo um livro. Ele usa óculos e está sentado ao lado de uma pilha de livros.
Arquivo pessoal
09 dezembro 2021

Quando Yohann Prugger nasceu, pouco chorou e apenas observou a sala de parto. Sua mãe, Elaine, ainda não sabia, mas esse pequeno ato seria representativo do menino conforme ia crescendo: observador, entusiasmado e expressivo. Naquele dia, porém, ela viu enfermeiros trazerem e levarem o filho do seu quarto na maternidade. Sem entender por que, a preocupação de que algo estivesse errado com a saúde do bebê aumentava, já que a gravidez havia sido complicada. “Foi quando veio a fonoaudióloga, e me falou que fizeram o teste da orelhinha, e deu negativo”, lembra Elaine. “Quando ela falou que ele poderia ser surdo, parece que veio um alívio. A saúde dele estava ótima, então estava tudo bem”, diz.

Logo que o filho nasceu, Elaine começou a busca por informação para entender os diferentes tipos de implantes e cirurgias que ele poderia fazer, até que encontrou o implante coclear. “A minha mãe foi correndo de um médico para o outro, mas todos falavam que não dava pra implantar, porque a minha surdez é profunda”, conta Yohann na sua versão. “Com 2 meses, ele já usava o aparelho; com 3, ele já estava na fonoaudióloga; e, com 10 meses, fez a cirurgia [para o implante coclear]. Quando estava com mais ou menos 1 ano e 9 meses, ele começou a falar”, lembra a mãe. E não parou mais.

Hoje, com 10 anos de idade, Yohann transformou aquele olhar curioso e entusiasmado em algo que ama: virou contador de histórias na nova edição do Deixa Que Eu Conto, iniciativa do UNICEF com 20 episódios de podcasts em áudio, audiodescrição e legendas, para contribuir com a inclusão de crianças com deficiência em casa e nas escolas.

“Faz 9 anos que eu uso o aparelho, é muito legal. Se a sua mãe estiver dando uma bronca, é só desligar”, ri o menino. Ser surdo implantado não impede Yohann de fazer nada, pelo contrário. O implante também proporcionou a ele ler, escutar e contar histórias, mas vai muito além.

Deixa que o Yohann conta
Desde bebê, Elaine buscava levá-lo para contações de histórias em uma biblioteca em São Paulo, onde moram. “Ele sempre teve acesso a muitos livros e eu sempre contava histórias antes de dormir. Aí houve uma hora que mudou, ele começou a ler muito cedo, e então quem contava era ele. Eu contava toda noite antes de dormir, e ele contava quando acordava”, explica a mãe. “Ele também mandava um áudio com uma poesia ou histórias para a professora dele, para minha irmã, então ele sempre foi muito apaixonada por histórias”, afirma.

Um pouco mais velho, a programação continuou: toda quarta-feira, às 11 da manhã, antes da escola, o menino e a mãe passavam algum tempo na biblioteca pública procurando por novas aventuras. De lá, ele saía com a mochila cheia.

Agora, em sua participação no Deixa Que Eu Conto para cada criança, Yohann contou quatro histórias selecionadas por ele mesmo. “A primeira que eu gravei foi "A menina e a borboleta", indicada pela minha avó”, explica o menino sobre a história, passada de geração em geração na família. Ele espera que muitas pessoas possam compartilhar o amor pelas histórias por meio do Deixa Que Eu Conto. “Eu amei fazer o podcast. Eu espero que várias crianças conheçam meu podcast, eu acho que vão gostar”, diz Yohann.

Foto mostra Yohann durante a gravação da narração de suas histórias para o Deixa Que Eu Conto. Ele está de óculos lendo um papel que está em sua mão.
Arquivo pessoal
Yohann durante a gravação da narração de suas histórias para o Deixa Que Eu Conto.

Mas, para além do seu amor pelas histórias, Yohann faz de tudo um pouco. Por meio de um projeto criado por ele e sua mãe, "Eu abraço o mundo", ele apoia instituições, arrecada doações e livros para crianças surdas, sinalizantes ou oralizadas, confecciona cachecóis para pessoas em situação de rua, escreve cartas para pessoas ao redor do mundo, começou um canal no YouTube, quer ser cientista e desde o início da pandemia ainda está deixando o cabelo crescer para doar para outras crianças que precisam. Além disso, o menino ama aprender idiomas, está estudando chinês, e, por conta dos seus projetos, recebeu uma bolsa para aulas de natação.

Foto mostra um menino carregando uma caixa de papelão. Ele usa óculos e está de máscara.
Arquivo pessoal

É a todas essas iniciativas que se une o Deixa Que Eu Conto, e a mãe também está feliz pela oportunidade de visibilizar as diferentes formas de vida de uma pessoa surda por meio dos programas. “Existem vários tipos de surdo: implantados, oralizados... Então não basta colocar um intérprete de Libras. Um menino surdo fazer o podcast é bem legal para desmistificar isso, e mostrar que o surdo pode ser, sim, oralizado”, diz a mãe.

Confira aqui os episódios com a participação do Yohann!