“Amamentar é algo que apenas você pode fazer pelo seu filho”

Apesar da dificuldade inicial, Geórgia persistiu para garantir a amamentação da pequena Julia. O pai da menina, Wandson, acompanhou todo o processo e está ao lado da filha em cada nova etapa.

UNICEF Brasil
Georgia segura Julia acima de sua cabeça. As duas estão rindo. Elas estão no alpendre de uma casa.
UNICEF/BRZ/Raoni Libório
17 dezembro 2019

Já fazia cinco semanas que Julia crescia na barriga da mãe, Geórgia Cristina, de 23 anos, quando ela descobriu a gestação. Apesar do choque inicial da jovem e do pai da bebê, Wandson Rodrigues, de 21 anos, os dois resolveram agir: ir atrás dos seus direitos e receber o acompanhamento completo da gestação no posto de saúde. “A partir daí, a gente teve que encarar a realidade e tomar como responsabilidade uma criança que estava vindo ao mundo”, conta o pai.

Os dois seguiram à risca as orientações da equipe de saúde de Horizonte, no Ceará. Inscrito na edição 2017-2020 do Selo UNICEF, o município investe nos cuidados na primeira infância. Geórgia teve mais sete consultas de pré-natal, sempre acompanhada por Wandson. “Escutar os batimentos cardíacos da minha filha foi maravilhoso. A gente ia ao posto, tirava as dúvidas. Tudo ocorreu de forma tranquila”, relembra ele.

Depois de tantos cuidados, finalmente chegou o dia do parto. Era o primeiro que Wandson presenciaria e, para ele, a emoção foi única. “Agora, era a minha vez. Chegava a pessoa a quem eu vou dedicar minha vida inteira: a Julia”, emociona-se.

Wandson segura Julia no colo, os dois estão rindo. Eles estão em um jardim.
UNICEF/BRZ/Raoni Libório

Os desafios da amamentação
Em casa, já estava tudo pronto para a chegada da pequena. A avó já havia lavado todas as roupinhas, arrumado o berço e preparado tudo. Mas, passada a comemoração inicial, começaram os desafios. Geórgia conta que, na maternidade, Julia dormia bem, mamava bem. Tudo parecia certo. “Eu até pensei que não teria dificuldade”, ri. Lá, tinham a ajuda dos profissionais de saúde, mas, em casa, não.

Para a mãe, a primeira semana foi a mais difícil por conta da amamentação. “Não conseguia fazer com que Julia encaixasse bem, não sabia como posicioná-la. Praticamente a primeira semana ela passou sem mamar direito”, lembra. “Ela só pegava a parte de cima [do seio], machucou, sangrou”.

Geórgia já estava pensando na possibilidade de comprar fórmulas lácteas complementares, apesar de não gostar da ideia. Foi aí que resolveu procurar orientação. No posto de saúde, ela e Wandson foram à sala de aleitamento materno, local onde as mães recebem auxílio no processo de amamentação. Com a ajuda da enfermeira e os pais mais bem informados, Julia começou a mamar normalmente. “O meu peito ainda não tinha cicatrizado. Mas eu sabia que, se naquele momento eu desse fórmula pra ela, enquanto meu peito sarava, ela não mamaria mais”, a mãe conta.

Georgia e Julia estão com a cabeça encostada uma na outra. Georgia está sentada e segura Julia nos braços.
UNICEF/BRZ/Raoni Libório

Mesmo com dor, Geórgia persistiu. Ela conta que sabia que o leite materno possui todas os nutrientes e proteínas necessárias para a sua filha. Mais do que isso, para ela a amamentação era algo exclusivo entre ela e Julia. “Botar para dormir, qualquer pessoa pode. Dar mamadeira, qualquer pessoa pode. Mas amamentação é só você que faz, e o momento é magico. Fica aquele olho no olho, aquela brincadeira, é um momento intenso. E é muito bom”. Para Geórgia, amamentar a fortalecia durante outros momentos difíceis que tiveram na jornada de cuidados com a pequena. Por isso, hoje ela segue amamentando mesmo depois de Julia já ter completado 10 meses.  

Passada a gestação e a primeira semana de vida, Julia segue crescendo saudável. E os pais seguem acompanhando cada etapa da vida da menina. Para Geórgia, o segredo é fazer tudo com amor: “Quero ensinar para ela todos os pilares base de uma boa convivência, de confiança”. Já o pai almeja: “Eu quero poder dar um futuro melhor pra minha filha. O sonho que eu não pude realizar na minha vida, eu quero realizar nela.”