“A juventude tem voz e precisa ser ouvida”
Stephany Souza Sales tem 17 anos e mora na cidade de São Paulo. Ela faz parte do primeiro Nuca criado no território da Cidade Tiradentes

Nascida na periferia da cidade de São Paulo, Stephany Souza Sales tem 17 anos e cursa o 3º ano do ensino médio. Comprometida com os estudos e engajada em projetos socioculturais, a adolescente integra o primeiro Núcleo de Cidadania de Adolescentes no território da Cidade Tiradentes (Nuca CT), fruto das ações do “Artivistas em Construção”, uma iniciativa do UNICEF com parceria de implementação do Instituto Pombas Urbanas.
Interessada nas oportunidades que são oferecidas no território para a juventude, Stephany conta que sempre que possível participa de oficinas, formações e da programação cultural local e que foi durante uma oficina de circo no Instituto Pombas Urbanas que conheceu o projeto Artivistas em Construção. Realizada na Cidade Tiradentes, território prioritário da #AgendaCidadeUNICEF na capital paulista, a iniciativa visa promover a participação cidadã de adolescentes e jovens e, em 2022, fomentou a criação do primeiro Nuca local, formado por jovens lideranças engajadas na discussão e proposição de políticas públicas para o território.
“Eu gostei muito de participar desse projeto. Conheci pessoas novas, opiniões diferentes, e consegui ampliar a minha visão sobre muitas coisas. Me fez acreditar que eu tenho muitas possibilidades e que posso transformar a minha realidade e a do meu território. Foi muito importante para mim”, explica a adolescente.
Durante o projeto, Stephany integrou a turma de cultura digital. Participou de oficinas artísticas de vídeo-guerrilha, fotojornalismo, escrita criativa e projeção audiovisual e de discussões sobre o território e temas sociais que impactam diretamente a juventude local, como as diversas formas de violências contra adolescentes e jovens, questões de gênero, LGBTQIAPN+fobia e saúde mental.
Junto com outros participantes, a adolescente também teve a oportunidade de elaborar e implementar um projeto de intervenção artística no território, que propõe conscientizar e sensibilizar a comunidade em relação aos problemas ambientais locais. A ação contemplou a produção de carimbos com mensagens de conscientização em sacos de pães que foram distribuídos em padarias, além de uma produção audiovisual que reforça o tema por meio de dados e entrevistas com moradores e profissionais de limpeza das vias públicas.
“Antes do Artivistas, eu tinha muitas ideias, mas não sabia ou não podia desenvolvê-las. Com o projeto, eu pude dar vida a elas! Então, eu quero continuar com os pensamentos e ideias que o curso me proporcionou. A juventude tem muita voz e muitas ideias para mudar as coisas ruins no mundo. Nós precisamos ser ouvidos”, enfatiza.
Ensaiando para o futuro, a adolescente faz planos importantes. “Este ano eu termino a escola e pretendo fazer faculdade de cinema, porque eu acredito que é um jeito de mudar a visão do mundo. Eu pretendo continuar com os projetos que a gente fez no Artivistas. Eu também quero conseguir um emprego e tentar passar no Enem”.
Questionada sobre o recado que daria à juventude, Stephany reforçou a capacidade transformadora dos adolescentes e jovens e a importância de valorizar a participação jovem.
“Se eu tivesse que falar algo para a juventude periférica, eu falaria que eu sei que o nosso caminho é difícil, pra gente existem mais obstáculos para chegar aonde queremos, mas espero que a gente aproveite os momentos bons dessa caminhada e valorize as pessoas certas. ‘Tudo que nóis tem é nóis’, então é preciso que a gente pense no coletivo e em tudo e todos que vieram antes”, afirma.