UNICEF fornece curso para jovens refugiados e migrantes da Venezuela que sonham em entrar na universidade
Cursinho preparatório para o Enem conta com professores voluntários de todo o Brasil, em parceria com o Instituto Pirilampos

Boa Vista, 28 de outubro de 2022 – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com o Instituto Pirilampos, promove até meados de novembro um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) voltado a refugiados e migrantes da Venezuela. O curso “Aulas Preparatórias Enem” é gratuito e ministrado de forma virtual, em espanhol e português, e tem o apoio de professores voluntários de todo o Brasil, no contexto da estratégia Súper Panas (veja mais ao final).
“O curso é resultado de um levantamento feito pelo UNICEF que constatou que quase todos os adolescentes e jovens venezuelanos querem cursar o ensino superior no Brasil, mas a grande maioria desconhece o Enem, a principal porta de acesso para universidades públicas e muitas do setor privado”, explica a oficial de Educação do UNICEF Julia Caligiorne. “Com foco nesse público, o curso busca então combater as barreiras que eles enfrentam para continuar os estudos num país diferente do seu, com outro currículo e idioma”, diz.
Os estudos para a prova mais aguardada por estudantes do Brasil inteiro começaram na segunda semana de outubro, e as aulas ficarão disponíveis até a véspera do exame, que será aplicado no dia 14 de novembro. O conteúdo, em formato de videoaulas, é ministrado por 12 professores voluntários nas quatro áreas do Enem: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos e Matemática, além de Redação.
O Enem é a principal avaliação no Brasil para ingressar no ensino superior e é aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação.
A presidente do Instituto Pirilampos, Mariann Gonçalves, explica que as ações que preparam os jovens para o futuro são prioridade para a organização. “Ficamos felizes em fazer essa ponte de incentivo para as oportunidades. Quando a gente mostra para os adolescentes e jovens que não estão sozinhos nessa desafiadora etapa, eles se sentem mais confiantes para seguir lutando”, afirma.
Vontade de estudar e progredir
Levantamento realizado pelo UNICEF e que gerou a iniciativa mostrou que, dos 187 refugiados e migrantes com mais de 14 anos entrevistados em Roraima, 74,9% desconheciam a prova do Enem, enquanto 89,3% não sabiam o que era o ENCCEJA, o exame que serve para obtenção dos certificados do ensino fundamental e médio. Ao mesmo tempo, contudo, 96% dos respondentes pretendiam cursar o ensino superior no Brasil.
“Como venezuelana, sei como é chegar a um lugar diferente, com um idioma diferente, sentir-se perdido e não entender como funciona a lógica de onde estamos, mas isso não deve desanimar ninguém a perseguir seus sonhos e esperanças. Por isso, fico realizada de poder ofertar esse curso”, conta a idealizadora do projeto, Yulibeth Carpintero, do Instituto Pirilampos.
O levantamento, feito pelos mobilizadores comunitários voluntários do UNICEF da rede Cmaps (veja mais abaixo), identificou que as matérias de matemática, química e biologia são as consideradas mais difíceis por esses adolescentes e jovens.
Sobre a Estratégia de Mobilização Comunitária com Participação de Adolescentes (Cmaps, na sigla em inglês)
A Cmaps é uma iniciativa do UNICEF, em parceria com o Instituto Pirilampos e Adra, para envolver jovens refugiados e migrantes em Roraima na criação de soluções para os problemas que identificam nos locais onde vivem, no contexto do fluxo migratório da Venezuela. Esses mobilizadores voluntários (entre 18 e 24 anos) recebem um tablet e uma bolsa (para compra de dados móveis) para atuar dentro das suas comunidades em Boa Vista e Pacaraima, entre abrigos oficiais, ocupações espontâneas e comunidades indígenas. São atualmente 25 jovens que realizam levantamentos das necessidades das famílias, disseminam informações confiáveis, mobilizam a comunidade e coletam sugestões para as intervenções locais. Uma estratégia nascida para contornar a falta de acesso às comunidades durante o início da pandemia da covid-19, a Cmaps logo desenvolveu-se como uma rede para o desenvolvimento das habilidades dos jovens participantes, que recebem capacitações periódicas enquanto integram a estratégia, incluindo capacitações em mobilização comunitária, liderança, direitos, monitoramento e avaliação, entre outros temas.
Sobre o Súper Panas
O UNICEF apoia o poder público e trabalha com a sociedade civil para garantir os direitos de crianças e adolescentes refugiados e migrantes à educação e à proteção. Com isso, foram criados os espaços chamados Súper Panas – que significa “super amigos” em espanhol. Com 26 espaços abertos hoje, os Súper Panas em Roraima, no Amazonas e no Pará já atenderam mais de 45 mil crianças e adolescentes com atividades educacionais não formais, ações de proteção da criança contra a violência e de apoio psicossocial. Nesses espaços, meninos e meninas podem retomar a infância e são apoiadas para acessar a rede pública de ensino, encontrando um espaço seguro para continuar crescendo.
Tanto a Cmaps quanto a estratégia Súper Panas são possíveis graças ao apoio financeiro dos Estados Unidos, por meio do Escritório para População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado (PRM, na sigla em inglês) e da União Europeia, pelo Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (Echo, na sigla em inglês).
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Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em mais de 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.
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