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UNICEF e NOSSAS formam cerca de 100 adolescentes e jovens engajados em São Paulo e Rio de Janeiro no projeto Geração que Move

Novos ativistas criam campanhas de mobilização para impactar as agendas de mobilidade urbana das duas cidades e mudar a própria realidade. Divulgação das campanhas começou no dia 26 de maio e alcançará 200 mil pessoas

30 maio 2022
Foto mostra um grupo de adolescentes e jovens em um salão. Eles estão usando a camiseta do projeto Geração que move. Alguns estão usando máscara.
Rafael Kibaiasse
Adolescentes e jovens participantes do projeto Geração que Move visitam a Câmara Municipal de São Paulo.

Rio de Janeiro/São Paulo, 30 de maio de 2022 – O projeto Geração que Move tem o poder de transformar a realidade de adolescentes e jovens ao engajá-los para impactar a agenda da mobilidade urbana de suas cidades. O projeto que está formando cerca de 100 novos ativistas em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) é realizado numa parceria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a ONG NOSSAS. As campanhas de mobilização resultantes do programa foram lançadas no dia 26 de maio e vão alcançar 200 mil pessoas.

De segunda a sexta-feira, Rebecca Barbosa, adolescente de 17 anos que integra o projeto, pega uma kombi por volta das 6h30 para sair do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Uma vez fora do bairro, ela pega mais um ônibus para chegar à escola, onde está cursando o 3º ano do ensino médio. Apesar do subsídio que o município dá a estudantes usuários do transporte público, reduzindo a tarifa durante a semana, o benefício não inclui a kombi, que não é regulamentada pelo governo. A kombi e o mototáxi são as únicas opções para os moradores da comunidade, já que não há transporte público operando no Alemão. E lá fora, os ônibus, sempre lotados, vêm registrando muitos atrasos.

Além de gastar pelo menos R$ 200,00 por mês só com passagens de kombi para ir à escola, no fim de semana, Rebecca não pode contar com o subsídio da Prefeitura. Qualquer passeio fica ainda mais caro e, por vezes, não acontece. “No Geração que Move, eu aprendi que, por causa das dificuldades de mobilidade, a favela fica privada de cultura”, diz a adolescente. Rebecca ficou encantada com a visita do Geração que Move à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica no Palácio Pedro Ernesto, repleto de obras de arte: “O tour foi surreal, adoro arquitetura antiga! E na hora do debate público sobre mobilidade com as vereadoras, fiquei muito interessada na análise interseccional da questão, quero continuar defendendo essa abordagem para todas as pautas em que me envolver”, conta.

O Geração que Move começou com uma formação sobre mobilidade urbana, direito à cidade, criação de mobilizações online, escrita de narrativa, táticas criativas e design ativista, seguido de visitas às Câmaras Municipais do Rio e de São Paulo, apelidadas de “rolezinhos”. Para Maira Baracho, gestora do programa e da frente de treinamento do NOSSAS, esse segundo momento é crucial ao projeto: “Aproximar a juventude dos espaços de tomada de decisão é fundamental para termos uma democracia tão forte quanto queremos no Brasil. Os rolezinhos foram realizados para simbolizar e demarcar esse desejo e essa intenção. Os adolescentes e jovens circularam pelos corredores da ‘casa do povo’, amplificaram suas vozes e se fortaleceram para incidir nas políticas públicas de mobilidade nas suas cidades”, comenta.

“O direito à mobilidade afeta diretamente a realização de muitos outros direitos, como acesso à escola, à cultura, às oportunidades de trabalho. Adolescentes e jovens de grandes cidades, especialmente moradores de territórios mais vulneráveis, têm o desafio diário de acessar de forma segura e igualitária espaços, serviços e oportunidades. Só vamos conseguir avançar no debate e nas soluções com a participação ativa dos próprios adolescentes e jovens”, comenta Joana Fontoura, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF no Rio de Janeiro.

Campanhas de mobilização
Após as visitas às Casas Legislativas das duas cidades, a atual etapa do Geração que Move é a criação de campanhas de mobilização relacionadas à mobilidade urbana. “Estou gostando muito das aulas porque nos ensinam realmente como pressionar o poder público, não é só chegar à rua e protestar, tem que saber articular tudo. Hoje eu tenho uma noção de cidadania aprimorada, sei os recursos que posso usar”, explica Pedro Urioste, de 16 anos, morador da Vila Rosa, na Zona Norte de São Paulo, e participante do programa.

Pedro conta que pega dois ônibus para chegar à escola, onde cursa o 2º ano do ensino médio. Apesar de a distância entre a casa e o colégio ser curta, não existe uma linha de ônibus direta que ele possa utilizar. O congestionamento do trânsito, somado à rota dos ônibus que dão muitas voltas, faz com que ele leve 40 minutos para chegar ao destino. O metrô não é uma possibilidade: a estação mais próxima fica a 3 km de onde ele mora, são 50 minutos de ônibus até chegar lá, um trajeto que fica para os finais de semana, quando ele vai ao estádio de futebol, por exemplo, um de seus programas favoritos. “É frustrante não ter um meio mais rápido para chegar aos lugares. E a qualidade do transporte não é condizente com o preço que a gente paga. Além disso, as ruas da minha região são muito esburacadas”, desabafa.

Entre as campanhas de mobilização do Geração que Move que estão sendo criadas por adolescentes e jovens como Pedro e Rebecca estão: 1) Super Choque (SP): reivindicação do cumprimento da Meta 50 do Programa de Metas 2021-2014 da Prefeitura, que prevê, entre outras medidas, que 20% da frota seja composta por veículos elétricos; 2) Vagão Delas (SP): destinação de 50% da frota dos vagões de trem e metrô para mulheres para fins de segurança contra assédio: 3) De demora já basta a do 745M-21, vem logo, busão! (SP): cumprimento dos horários acordados para a linha 745M-21 e reivindicação de funcionamento nos finais de semana; 4) MobiliTEA (RJ): acessibilidade para autistas no transporte público; e 5) Como que chega? (RJ): reativação da linha semiexpressa BRT Alvorada x Galeão. Todas as campanhas têm base em projetos de lei que ainda não foram aprovados ou leis/regras do transporte público que não estão sendo cumpridas ou precisam ser melhoradas.

Depois de divulgar as campanhas pelas redes sociais, os participantes do Geração que Move vão realizar oficinas educativas em escolas públicas de suas comunidades para mobilizar mais adolescentes e jovens na causa, multiplicando o ativismo em prol da mobilidade urbana.

Sobre o NOSSAS
Uma organização sem fins lucrativos comprometida com o fortalecimento da democracia, da justiça social e da igualdade. Há mais de dez anos desenvolvendo projetos, táticas e estratégias de mobilização e solidariedade pelo Brasil inteiro. A ONG é vencedora do Skoll Awards for Social Entrepreneurship 2022 da Skoll Foundation, o maior prêmio de ativismo do mundo. Saiba mais em www.nossas.org.

Contatos para a imprensa

Immaculada Prieto
Especialista em Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (21) 98237 0856
Mayara Barbosa
Oficial de Comunicação
UNICEF Brasil
Telefone: (11) 98375 5610

Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em mais de 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.

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