Semana do Bebê Quilombola cresce no Maranhão e no Pará

A metodologia com foco na primeira infância é uma referência em mobilização social nas comunidades quilombolas brasileiras

04 abril 2023
Foto mostra uma mulher levantando um bebê nos braços
UNICEF/BRZ/Raoni Libório
Ícaro Levi (na foto com sua mãe, Ivoneide) nasceu durante uma Semana do Bebê Quilombola em Bequimão (MA). Na ocasião, foi eleito Bebê Prefeito, simbolizando todas as crianças do município.

São Luís, 4 de abril de 2023 – Pelo menos 13 municípios do Maranhão e do Pará estão comprometidos na realização da Semana do Bebê Quilombola (SBQ). A iniciativa, que começou há 10 anos em Bequimão (MA), teve sua ampliação em 2022, quando Alcântara (MA) e outros 11 municípios do Pará resolveram aderir à atividade que visa mobilizar atores municipais para melhoria dos indicadores de crianças de até 6 anos de idade, a chamada primeira infância. Para 2023, são esperados que pelo menos outros 20 municípios do Pará também realizem a Semana do Bebê Quilombola.

Nesses dez anos de experiência em Bequimão, a Semana do Bebê Quilombola tem se mostrado eficaz nos resultados positivos na vida de crianças das comunidades, especialmente nos indicadores de amamentação e nutrição, com impactos expressivos na melhoria do cuidado de bebês e proteção dos saberes ancestrais. Para a adaptação para as comunidades quilombolas, a Semana do Bebê – inicialmente idealizada por profissionais de Canela (RS), onde já ocorre há mais de 20 anos – contou com a expertise da professora e pesquisadora maranhense Claudett Ribeiro, especialista em Primeira Infância pela Universidade de Harvard e colaboradora do UNICEF.

A iniciativa foi promovida pela primeira vez no município de Bequimão, seguindo para territórios quilombolas do município maranhense de Alcântara e outros 11 municípios do Pará com o propósito de alcançar mais comunidades e assegurar uma atenção à primeira infância quilombola, tornando o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento infantil uma prioridade nessas comunidades tradicionais.

Claudett Ribeiro demostra que a metodologia da Semana do Bebê Quilombola para as comunidades de Alcântara é uma prática educativa que une diversas áreas para troca de experiências. “A Semana do Bebê Quilombola não é uma ação social como comumente é feita. Ela é uma prática educativa em que a disseminação de conhecimentos, ciências, tecnologias e, principalmente, de troca de saberes é o espaço onde se ensina, mas também se aprende muito de um povo que nem sempre nós incluímos nas nossas práticas. Acompanho o processo há mais de 10 anos e identifico que há alteração real dos indicadores sociais da primeira infância”, relata.

De acordo com Antônio Carlos Cabral, especialista em Saúde, HIV e Primeira Infância do UNICEF na Amazônia, a Semana do Bebê Quilombola é uma estratégia de mobilização social que visa garantir o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento infantil das crianças em comunidades quilombolas. “A Semana motiva as comunidades quilombolas, gestores públicos, profissionais, cuidadores, academias, setor privado e sociedade na construção de políticas públicas integral e integrada para a primeira infância quilombola, entendendo essa fase da vida, da concepção até os seis anos de idade, como uma grande janela de oportunidades para saúde, aprendizado, desenvolvimento e bem-estar social e emocional”, explica.

“A iniciativa garante a vida e os direitos de crianças quilombolas e amplia o sentimento de pertencimento das comunidades tradicionais, contribuindo para uma maior proteção e resgate de práticas culturais desse povo. Dessa forma, ao longo desses anos, a temática se tornou uma preocupação da gestão municipal, que tem trabalhado para cumprir os compromissos estabelecidos, a partir de parâmetros que possibilitam um melhor atendimento às crianças e a parceria com o UNICEF”, declara Fábio Silva, secretário da Igualdade Racial de Bequimão. Para ele, a metodologia da Semana do Bebê Quilombola é uma importante ferramenta para o fortalecimento das políticas públicas. Atualmente são mais de 100 ações simultâneas em 20 comunidades quilombolas da cidade.

Um dos grandes resultados na realização da Semana do Bebê nas comunidades quilombolas, de acordo com Daniela Costa, secretária municipal de Desenvolvimento Social, da Mulher e Igualdade Racial de Alcântara, é o fortalecimento das relações entre as comunidades e o poder público. “Os resultados obtidos, na primeira edição da Semana do Bebê Quilombola, em Alcântara, despertam o sentimento de pertencimento das comunidades quilombolas, a partir da realização de ações pensadas de acordo com as necessidades locais, trazidas pelo próprio povo. As atividades realizadas na Semana prestaram apoio a cada família, impactando na promoção de políticas públicas para essas comunidades. Dessa forma, buscamos continuar com ações integradas da gestão pública que garantam a proteção familiar dessas comunidades”, afirma.

Semana do Bebê Quilombola no Pará
Por meio do Selo UNICEF, a Semana do Bebê Quilombola começou a se expandir também para municípios do Pará. Já são 39 municípios mobilizados pelo Instituto Peabiru, parceiro implementador do Selo UNICEF nesse estado. “Realizamos a sensibilização das gestões municipais, processos formativos, produção de insumos e materiais de apoio, apoio técnico e monitoramento da gestão municipal”, garante Claudio Melo, gerente do Selo UNICEF pelo Instituto Peabiru. Até o momento, os municípios de Ananindeua, Belém, Cachoeira do Arari, Concórdia do Pará, Gurupá, Mocajuba, Moju, Óbidos, Oriximiná, Santarém e Tracuateua já realizaram o evento, que contabilizou mais de quatro mil pessoas diretamente alcançadas. Os demais municípios, prontamente, receberam os materiais da Semana do Bebê Quilombola e realizarão as atividades ainda no primeiro semestre de 2023.

Raimundo Magno, coordenador das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará (Malungu), conta que a promoção da metodologia da Semana do Bebê é essencial para o cuidado com a saúde de crianças quilombolas. “A promoção das atividades da Semana do Bebê Quilombola nas comunidades tradicionais do Pará é um processo de cuidado múltiplo com a infância quilombola. Ao mesmo tempo, gera oportunidades para que essas comunidades mostrem a sua forma tradicional no tratamento com os bebês, além da troca de experiências com especialistas da área do poder público. Assim, a metodologia possui um momento de troca de saberes e interação real das comunidades com a gestão dos municípios e seus parceiros a fim de construir políticas públicas efetivas para a primeira infância nesses territórios”, conclui.

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