Declaração da diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell, sobre sua visita a Gaza

Gaza, 15 de novembro de 2023 – “Hoje visitei a Faixa de Gaza para me encontrar com crianças, adolescentes, suas famílias e funcionários do UNICEF. O que vi e ouvi foi devastador. Eles suportaram repetidos bombardeios, perdas e deslocamentos. Dentro da Faixa, não há lugar seguro aonde um milhão de meninas e meninos de Gaza possam ir.
O UNICEF condena veementemente todas as violações graves cometidas contra as crianças e os adolescentes pelas partes em conflito, sejam assassinatos, mutilações, raptos, ataques a escolas e hospitais ou mesmo a recusa de conceder acesso humanitário aos meninos, meninas e suas famílias.
Em Gaza, mais de 4.600 crianças e adolescentes teriam sido mortos e quase 9.000, feridos.
Muitos meninos e meninas estão desaparecidos e acredita-se que estejam soterrados sob os escombros de edifícios e casas desabados, resultado trágico do uso de armas explosivas em áreas povoadas. Enquanto isso, bebês recém-nascidos que necessitavam de cuidados especializados morreram num dos hospitais de Gaza devido à falta de energia e de suprimentos médicos, já que violência continua indiscriminadamente.
No hospital Al Naser, em Khan Yunis, eu me encontrei com pacientes e famílias deslocadas que procuravam abrigo e segurança. Uma menina de 16 anos me contou, em sua cama de hospital, que seu bairro havia sido bombardeado. Ela sobreviveu, mas os médicos dizem que ela nunca mais poderá andar.
Na ala neonatal do hospital, bebês pequenos agarravam-se à vida em incubadoras, enquanto os médicos se preocupavam em como conseguiriam manter as máquinas funcionando sem combustível.
Durante a minha estada em Gaza, também me encontrei com funcionários do UNICEF que continuam trabalhando pelas crianças e pelos adolescentes em meio ao perigo e à devastação. Eles partilharam comigo as suas próprias histórias comoventes sobre o impacto da guerra nos seus filhos e filhas, sobre os membros da família mortos e sobre como foram deslocados muitas vezes.
Muitas pessoas, incluindo o nosso pessoal e as suas famílias, vivem agora em abrigos superlotados, com muito pouca água, comida ou saneamento decente – condições que podem levar a surtos de doenças.
O risco para os trabalhadores humanitários dentro de Gaza não pode ser subestimado. Mais de 100 funcionários da UNRWA foram mortos desde outubro.
Com nossos parceiros, estamos fazendo tudo o que podemos, incluindo trazer suprimentos humanitários desesperadamente necessários. Mas o diesel praticamente acabou, fazendo com que alguns hospitais e centros de saúde parassem de funcionar. Sem combustível, as centrais de dessalinização não podem produzir água potável e os suprimentos humanitários não podem ser distribuídos.
A abertura intermitente das passagens fronteiriças de Gaza para o envio de suprimentos humanitários é insuficiente para satisfazer as necessidades crescentes. E com o inverno chegando, a necessidade de combustível pode se tornar ainda mais premente. Quando deixei Gaza hoje, a chuva caía forte, aumentando a miséria.
Estou aqui para fazer tudo o que puder para advogar pela proteção das crianças e dos adolescentes. Peço mais uma vez a todas as partes para que garantam que meninas e meninos sejam protegidos e assistidos, de acordo com o direito humanitário internacional. Somente as partes em conflito podem realmente parar este horror.
Peço também às partes para que implementem um cessar-fogo humanitário imediato para que todas as crianças e todos os adolescentes raptados e detidos sejam libertados com segurança e para que os trabalhadores humanitários tenham acesso seguro, contínuo e desimpedido para chegar aos necessitados com toda a gama de serviços e suprimentos vitais.”
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