Declaração da diretora executiva adjunta do UNICEF, Kitty van der Heijden, na conclusão da COP28
Nova Iorque, 13 de dezembro de 2023 – “As negociações climáticas da COP28 geraram avanços bem-vindos tanto na necessidade urgente de abordar as causas profundas das mudanças climáticas – os combustíveis fósseis – como em alguns vislumbres de esperança na justiça climática para as crianças e os adolescentes. Agora, para termos alguma esperança de transformar essas palavras em ação, temos de assistir a um aumento transformador do financiamento climático.
Pela primeira vez, a COP prestou atenção aos impactos únicos e desproporcionais das mudanças climáticas na saúde e no bem-estar das crianças e dos adolescentes, propondo um ‘diálogo de especialistas’ sobre esse assunto durante o processo oficial da COP no próximo ano. Isso abre caminho à mudança para as crianças e os adolescentes que suportam o peso do caos climático, e o UNICEF está pronto para apoiar.
Enquanto isso, o objetivo global de adaptação (GGA), que visa ajudar os países na construção de defesas para resistir aos perigos climáticos, foi reforçado para as crianças e os adolescentes. Ao concordar com novas metas temáticas sobre água, saúde e nutrição, e ao fazer referência à proteção social e à educação, a COP enviou um forte sinal aos ministérios relevantes de que devem construir a resiliência climática dos serviços de que as crianças e os adolescentes necessitam, como escolas, saúde, água e sistemas de saneamento. Agora, o financiamento internacional para a adaptação deve ser ampliado para tornar isso uma realidade.
E onde a adaptação climática está em falta ou falhou, as crianças e os adolescentes perdem enormemente. A perda de vidas e de meios de subsistência causada pelo caos climático não gerido no presente – impulsionado por emissões históricas – é uma grave injustiça intergeracional suportada por crianças e adolescentes. A decisão na COP28 de operacionalizar e capitalizar o Fundo de Perdas e Danos foi um passo importante para resolver essa questão. Se for bem implementado, deverá significar que as crianças e os adolescentes que sobreviverem às catástrofes climáticas podem pelo menos contar com a reconstrução das suas escolas, com a restauração dos serviços de saúde e com a segurança dos locais onde vivem e brincam.
Esses são novos compromissos bem-vindos e necessários – alcançados em grande parte graças aos esforços incríveis dos jovens ativistas de todo o mundo, apoiados pelo UNICEF.
Por meio do GGA e do Fundo de Perdas e Danos, os líderes mundiais estão começando a tratar os sintomas nocivos do aumento alarmante da temperatura. No entanto, até que tomemos medidas oportunas para manter o aumento de temperatura dentro do limite de 1,5 grau, não estaremos tratando as causas profundas.
O documento Global Stocktake (GST) abriu novos caminhos ao reconhecer que limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau requer reduções drásticas nas emissões globais de gases com efeito estufa e uma transição do uso de combustíveis fósseis. Precisamos agora urgentemente de prazos claros para alcançar isso, consistentes tanto com zerar a emissão líquida global como com uma transição rápida, justa e sensível para as crianças e os adolescentes.
Outro futuro ainda é possível. Uma transição rápida, justa e sensível para crianças e adolescentes oferece a eles a oportunidade de desenvolver novas competências, novos empregos e construir um mundo limpo, seguro e próspero. As crianças e os adolescentes não vão nem podem esperar que os adultos ajam, eles vão liderar a mudança e cabe aos adultos ajudar a equipá-los com as competências, recursos e oportunidades para isto.
Este ano, tivemos o prazer de assinalar o primeiro dia temático para crianças e adolescentes na COP e saudamos um papel mais forte para um Jovem Campeão do Clima para envolver as crianças e os adolescentes diretamente na ação climática e no processo da COP. Dar aos jovens uma plataforma para que deem a sua opinião é a coisa certa a fazer. Mas não é suficiente. Se os adultos pararem ao “passar o microfone”, correm o risco de também “passar a responsabilidade”. Chegou o momento de os líderes mundiais levarem a sério as suas responsabilidades, não só de ouvirem os jovens, mas também de agirem para proteger meninas e meninos vulneráveis que enfrentam o caos climático, especialmente os menores de 10 anos.
Durante os próximos dois anos, os governos devem preparar e apresentar novos planos nacionais de ação climática, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC). Pedimos aos líderes mundiais para que aproveitem essa janela de oportunidade e trabalhem para tornar a COP30 uma COP das crianças e dos adolescentes – em que garantimos o limite de temperatura de 1,5 grau de que a próxima geração necessita, e na qual todos os planos de mitigação, adaptação, perdas e danos climáticos e de financiamento tenham as crianças e os adolescentes em seu âmago”.
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