Apesar do desejo de cursar a universidade, 3 em cada 4 refugiados e migrantes da Venezuela ouvidos em enquete não conhecem o Enem
Embora queiram acessar o ensino superior no Brasil, 75% nunca ouviram falar do Enem, a principal porta de acesso ao ensino superior. Levantamento é da plataforma digital U-Report Uniendo Voces
Brasília, 10 de novembro de 2022 – Diante da proximidade do dia de aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Brasil, muitos refugiados e migrantes da Venezuela desejam entrar na universidade, mas não conhecem os caminhos e formas de acesso. É o que mostra uma pesquisa da Plataforma de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V, na sigla em inglês). Entre as pessoas que responderam à enquete, 92% afirmam querer entrar em uma universidade ou faculdade, mas três em cada quatro nunca ouviram falar do Enem, a principal forma de acesso para o ensino superior no Brasil hoje. A primeira etapa será aplicada neste domingo, 13, e a etapa seguinte no dia 20 de novembro.
A pesquisa foi realizada no começo do mês por meio do U-Report Uniendo Voces, uma plataforma digital de informação e participação social para jovens e adolescentes que deixaram seu país em busca de proteção e assistência no Brasil. Acesse os resultados completos.
“De forma geral, um dos motivos que impedem o acesso à educação de pessoas refugiadas e migrantes é o desconhecimento de que isso é um direito. O que a enquete mostra agora é que isso não ocorre apenas na educação básica, quando as famílias em grande parte desconhecem o processo de matrícula, por exemplo, mas se perpetua durante a adolescência e juventude”, afirma a colíder do setor de Educação da Plataforma R4V Cynthia Ramos, também consultora de Educação em Emergências do UNICEF.
Instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem – aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação – para selecionar estudantes, seja como critério único ou complementar dos processos seletivos. Apesar do desconhecimento, quase nove em cada dez entrevistados afirmam que tentarão entrar na universidade no próximo ano.
“A educação é fundamental para a integração, inclusive socioeconômica, de refugiados e migrantes. Eles pensam no futuro e na continuidade da educação em seu novo país, mas será preciso investir na informação sobre meios de acesso e na facilitação para promover esse acesso também no ensino superior”, defende Mariana Alcalay, colíder do setor de Educação da Plataforma R4V e também oficial de projetos de Educação da Unesco.
Hoje, 388 mil refugiados e migrantes da Venezuela vivem no Brasil. A maioria chega ao País pela fronteira na cidade de Pacaraima, em Roraima, na Região Norte.
A pesquisa do U-Report Uniendo Voces contou com a participação de 74 pessoas e não tem caráter representativo da população de pessoas refugiadas e migrantes no Brasil. Dos que responderam à enquete, 55% têm o ensino médio completo, 52% têm até 30 anos e quase metade vive nos estados do Amazonas e de Roraima.
O que é o U-Report Uniendo Voces
O U-Report Uniendo Voces é uma ferramenta de informação e participação social para jovens e adolescentes refugiados e migrantes da Venezuela que vivem no Brasil. As enquetes são realizadas virtualmente pelo WhatsApp, Facebook Messenger ou aplicativo, sempre de forma voluntária, gratuita e anônima. Por meio da interação com um chatbot chamado “Gigante”, os participantes também acessam informações atualizadas e confiáveis sobre serviços e direitos. A iniciativa é ainda implementada pela plataforma R4V no Equador e Bolívia. Originalmente, o U-Report é uma ferramenta criada pelo Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF) em 2011, com foco nos jovens, estando presente hoje em 90 países. Os canais para interação no Brasil, onde o projeto é implementado pela Viração Educomunicação, são:
· Facebook: https://bit.ly/36RZ8Xc
· WhatsApp: https://bit.ly/36WEipC
Sobre a Plataforma R4V
A Plataforma Regional de Coordenação Interagências R4V – Resposta a Venezuelanos e Venezuelanas, é um mecanismo de articulação entre agências do sistema das Nações Unidas e a sociedade civil. A Plataforma R4V é composta por um conjunto de parceiros e tem como objetivo responder ao fluxo de venezuelanos na América Latina e Caribe. No Brasil, é composta por 55 integrantes, sendo liderada pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e Agência da ONU para Migrações (OIM).
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Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em mais de 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.
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